#JuliettaEntrevista: O mundo de Elisa Annenberg-Paglia: estudante de cinema da NYU, criadora de conteúdo e grande entusiasta da cinematografia brasileira

Quem melhor do que uma das convidadas do Omelete na cobertura do Oscar 2025 para ser nossa primeira entrevistada de março? Se ontem “Ainda Estou Aqui” fez história vencendo em “Melhor Filme Estrangeiro”, hoje, Elisa Annenberg-Paglia entra para a nossa história do #JuliettaEntrevista! Em um bate-papo valioso e divertido, mergulharemos na mente criativa da estudante de cinema e criadora de conteúdo tão querida!

A jovem é bem reconhecida pelos seus dois sobrenomes de prestígio. Ainda não clicou na mente? Elisa é filha de Sandra Annenberg e Ernesto Paglia, duas figuras importantíssimas para o jornalismo brasileiro. No entanto, a paulistana de 21 anos decidiu trilhar os caminhos das artes cênicas e cinematográficas. 

A estudante de cinema relata que foi por meio de aulas de ballet, aos 4 anos, que seu primeiro contato com o ramo artístico foi firmado. Entretanto, o entendimento de querer ser atriz só se aflorou aos 11 anos. Nessa época, Elisa se encantou com o universo dos filmes de “Harry Potter” e teve a oportunidade de visitar os estúdios em Londres. “Esse foi aquele momento em que uma chavinha virou na minha mente e eu só pensava em ‘Caraca! Aquilo que eu vi, que é tão mágico e surreal, foi feito aqui e por seres humanos‘”, declara a paulistana.

Em 2021, Elisa foi estudar Artes Cênicas na NYU (New York University) e relembra que seu processo de adaptação inicial não foi nada fácil, principalmente por ter ocorrido durante a pandemia. Para ela, foi um desafio o fato de ter vivido a quarentena entre os 16 e 17 anos — anos cruciais para o desenvolvimento humano — e, em seguida, embarcar em uma nova realidade que conta com um país e uma língua diferentes.  

“A pandemia foi um fator que trouxe um nível de estresse elevado. Eu sentia muito medo de ficar doente e não ter a minha mãe perto de mim e acabar passando duas semanas sozinha em um quarto. Então, isso fez essa nova experiência ter um ar assustador que talvez não existisse se fosse em um outro momento”, desabafa a jovem.  

Curta Metragem “Platônico”, dirigido por Elisa Annenberg-Paglia e Annie Bugbee (Foto: Reprodução/Câmera: Josh Bernt e Michaela Richards)

Com muita admiração e carinho pelos pais, a criadora de conteúdo detalha que a família possui a mesma conexão no que diz respeito a contar uma história, conhecer as pessoas com as quais estão se comunicando, e o modo em que um fato será compartilhado. Caminhando já para o último semestre da faculdade, Elisa diz que seus pais são um time de apoio exemplar e estão sempre presentes para lembrá-la de que é necessário ter paciência e coragem. 

“Eu tenho muita sorte de ter pais que entendem a minha vontade de ser uma comunicadora independente do formato em que eu esteja trabalhando, seja com fatos reais ou fictícios […] essa é a chama inicial para o que cada um de nós faz em seus diversos formatos. E o que me deixa muito feliz é saber que eu tenho a maior sorte de ter pais que não só entendem, mas me fornecem apoio quando bate uma insegurança“, reflete a estudante.

Ao ser questionada sobre a importância do reconhecimento do cinema nacional no cenário mundial, Elisa precisou até se ajeitar na cadeira, uma vez que a entrevista ocorreu no dia em que a atriz Fernanda Torres foi indicada na categoria de Melhor Atriz e “Ainda Estou Aqui” nas categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional no Oscar. “Eu me preparei nas últimas 4 horas para responder essa pergunta”, brinca ela.

Em sua perspectiva, a estudante de cinema conta que toda essa movimentação acontece há muito tempo e que o sucesso das produções brasileiras não ocorreu da noite para o dia. Elisa pontua que, dos anos da pandemia para cá, o mercado estadunidense obtinha uma discrepância em não compreender o que era a nossa cultura, arte e povo. “Quando a gente fala de Brasil, os meus colegas da faculdade automaticamente pensam em ‘Cidade de Deus’, mas isso é uma versão do Brasil. Então, com a chegada de ‘Ainda Estou Aqui’, é possível observar o exato oposto do Rio de Janeiro, mesmo que sejam histórias completamente diferentes e de contextos diferentes”, explica a influencer. 

Além da obra ser especial para as Fernandas — mãe e filha presentes no filme — e o Brasil como um todo, essa conquista é fundamental para a classe artística enxergar a evolução da cinematografia nacional. De acordo com Elisa, o reconhecimento externo ajuda a argumentar o porquê de nossos filmes terem valor e necessidade de continuar sendo realizados. 

Curta Metragem “Closing Act”, dirigido por Mariane Rech (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Elisa Annenberg-Paglia/Mariane Rech)

Por criar conteúdos sobre entretenimento, a aluna da NYU é convidada para a première de filmes e séries. Acerca desses convites, Elisa reflete sobre a sensação de estar nesses lugares e ter a oportunidade de representar o Brasil. “Eu sinto que estou fazendo uma ponte entre os eventos nos quais sou convidada e o grupo de pessoas para os quais eu comunico. O meu foco é em saber que a opinião desse grupo de pessoas vale a pena no quesito de reconhecimento de valor”, confessa. Com humor, a estudante aborda a forma intensa do povo brasileiro em gostar e exaltar algo e o quanto isso pode ser importante em termos de engajamento para o público mundo afora.

E sabem qual evento mais lhe marcou? A première da terceira temporada de Bridgerton! “Eu li todos os livros na pandemia em uma semana. Foi um momento muito importante na minha vida porque eu li com as minhas amigas. Então, quando eu recebi o convite, todo mundo vibrou junto”, revela. Na época, ela estava fazendo uma matéria na faculdade em que chegou a apresentar 3 projetos sobre Shonda Rhimes, produtora da obra. “Tive a oportunidade de assistir ao primeiro episódio da série e depois conversar com a Julia Quinn — autora dos livros —, apertar a mão da Shonda Rhimes e falar: Meu Deus! Você existe”, partilha Elisa. 

Já com a série Penguin, da plataforma de streaming MAX, a criadora de conteúdo viveu uma aventura diferente, mas igualmente fantástica. “Eu não tinha o menor contato com o universo da DC e fui porque adoro todas as séries produzidas pela MAX. Saí de lá obcecada pela série e trouxe no mínimo umas 3 cenas da obra para as minhas aulas de tanto que eu achei legal”, comenta a jovem.

“Você pode ter todo o treinamento do mundo, mas se não for o timing certo, não vai dar. E pode ser o timing certo e você pode não ter o treinamento que você precisa para isso se encaixar […] algumas pessoas vão começar mais para frente, outras mais para trás. Algumas pessoas estão nesse caminho há anos, mas cada uma está na sua jornada. Você não está indo contra a outra pessoa. Você só está indo contra você mesmo“, retrata Elisa sobre a inserção no mercado cinematográfico. Segundo ela, é necessário contar com a seguinte combinação: treinamento e tempo. Por outro lado, quando o assunto são as dificuldades enfrentadas na carreira, a estudante dispara a falta de investimento que muitos artistas sofrem para fazer sua arte acontecer.

(Foto: Reprodução/Aidan Samwick)

Se tratando de talentos por trás e na frente das câmeras, a Julietta fez questão de saber com quais profissionais Elisa gostaria de trabalhar. No ramo da produção/direção, a paulistana responde de cara: Matheus Souza. “Ele escreve muito para uma geração mais jovem e eu gosto muito do trabalho que ele está fazendo. Eu já conversei com ele algumas vezes por mensagem e eu acho que seria muito legal somar e acompanhar essa nova geração que está entrando no mercado agora e fazer alguma coisa que tenha a ver com temas jovens”, aponta ela. 

Entre risos, a estudante também revela que gostaria de ser filha do Wagner Moura em algum filme. Já sobre os artistas que têm trabalhado no exterior, Elisa também cita que gostaria de trabalhar com Bianca Comparato, Alice Braga e Rodrigo Santoro. E claro que não poderia faltar a sua mãe, Sandra Annenberg. “Se alguém achar um texto ou quiser contar uma história de nós duas, talvez em um futuro a gente topasse”, diz a influencer com humor. 

Ah! E sabe qual obra ela está antenadíssima também? Isso mesmo, a novela do momento! Ou melhor, “Garota do Momento”. “Adoro eles e adoraria tomar um café com todos”. Alessandra Poggi, vamos fazer isso acontecer? A criadora de conteúdo conta que nunca teve o costume de acompanhar novelas, mas que com essa está sempre esperando o próximo capítulo.

(Foto: Reprodução/Aidan Samwick)

Disposta a aprender e explorar cada vez mais a arte, Elisa também é uma grande fã de musical! Com isso, a criadora de conteúdo classificou especialmente um top 3 de produções musicais assistidas por ela em 2024. Em primeiro lugar, temos “The Outsiders”, que ganhou o Tony de Melhor Musical em 2024. Para a estudante, a obra é completa por contar com canções incríveis e uma montagem de tirar o fôlego, principalmente nos recursos audiovisuais de luz e som projetados para criar um slow motion que conta a história.

Em seguida, a aluna da NYU destaca “Merrily We Roll Along”, que possui um elenco de peso como Daniel Radcliffe, Jonathan Groff e Lindsay Mendez. Segundo Elisa, foi a primeira vez que montaram a peça depois do falecimento de Stephen Sondheim, um dos maiores compositores da história da Broadway.

Por último, mas não menos importante, “Life and Trust”. A obra não é um musical, mas conta com uma experiência artística imersiva de 3 horas que mostra a Broadway no lado de Wall Street. Para o desenvolvimento, a equipe passou os últimos 10 anos criando a peça e todos os elementos possuem tamanha teatralidade que jamais poderia ser captada e transmitida para o audiovisual. Incrível, não é mesmo?!

Como forma de encerrar essa troca tão aconchegante, fizemos nossa pergunta clássica Julietta, é claro! Se Elisa pudesse trabalhar com uma personagem feminina fictícia por uma semana, quem seria? E, bom, de forma majestosa, ela exalta que qualquer personagem que a atriz Meryl Streep tenha feito resolveria a sua vida! Para Elisa, uma junção da Donna de “Mamma Mia” e Miranda Priestly em “Diabo Veste Prada” seria inesquecível. 

Exalando muito carisma, a entrevista com Elisa Annenberg-Paglia se tornou um verdadeiro presente para nós. A equipe da Julietta tem certeza de que sua trajetória pela arte será linda e marcante! Estaremos na primeira fileira para prestigiá-la.

Escrito por: Maria Eduarda Rocha.

Revisado por: Letícia Guedes e Ana Clara Reis.

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