#JuliettaEntrevista: Gabriela Dias e a arte de dar vida a Miranda em “Volta por Cima”

Ah, Julies, como é bom trazer uma entrevista fresquinha para vocês! Principalmente quando se trata de pessoas que respiram arte, cultura e prezam pelas coisas boas da vida. Hoje, vamos conhecer mais sobre a atriz Gabriela Dias, que atualmente dá vida à Miranda na novela “Volta Por Cima”.

Já começo dizendo que Gabi é uma atriz disposta a desafios! Se ela pudesse interpretar uma personagem feminina por uma semana, escolheria a Rue, de “Euphoria”. “Se eu pudesse estar, participar, fazer parte desse processo que foi tão intenso para ela [Zendaya] como atriz… Essa personagem envolve tantas questões sociais, problemas com drogas, que são uma realidade da sociedade. Se, em breve, eu puder pegar trabalhos que façam parte desse meio, vai ser algo muito importante para a minha carreira profissional e para mim, Gabriela, como pessoa”, compartilha a profissional. 

A atriz, hoje da Globo, nasceu na Venezuela e veio para o Brasil com 10 anos. Sua carreria iniciou-se em Tá Bom Pra Você?”, web série criada por ela, disponível no YouTube. A produção conquistou o Troféu Raça em 2015 e alavancou suas oportunidades no audiovisual.

“Me impactou de uma forma muito positiva. Gosto de dizer que ‘Tá Bom Pra Você?’ foi uma escola para mim, sabe? Foi meu primeiro contato com o audiovisual. Eu vim do teatro e depois criei essa web série. […] Foi meu primeiro contato com câmeras, de um jeito muito amador mesmo. Mas é assim que a gente aprende, né? Me impactou também na forma de estudo. Não só dentro da minha profissão, mas no autoconhecimento enquanto mulher. Foi um processo de conhecimento e reconhecimento da mulher negra, de existir em uma sociedade racista e machista. Então, ‘Tá Bom Pra Você?’ ficou nesse lugar de aprendizado — tanto pessoal e socialmente quanto profissionalmente”, declara a artista. 

Quando perguntada sobre o que o audiovisual representa para sua trajetória hoje, ela responde: “Ele representa avanço, representa cultura, o país, a história do país em que vivemos. Falo especificamente como mulher preta que faz parte desse universo. Sei como foi, como está sendo e, olhando para o futuro, imagino como será — e estou trabalhando para isso. Hoje, só estamos aqui porque outras pessoas vieram antes de nós. Se não fosse o Teatro Experimental do Negro, provavelmente não estaríamos tendo essa conversa, e eu talvez nem me sentisse à vontade para falar de teatro, cinema, para falar de arte no geral. […] O teatro, o cinema, a indústria cultural são uma bagagem de estudo e isso precisa ser falado em escolas e palestras. A arte, no geral, tem essa importância”

Gabriela se diverte ao dizer que a melhor parte de sua profissão é fingir ser outra pessoa — e que todos deveriam experimentar isso. “Poder ser alguém que eu não sou é muito bom. Acho que essa é a parte mais divertida, porque você volta para a infância, para um lugar inocente, digamos assim. Um lugar que não é seu, é outra vida. […] Para mim, essa é a parte mais interessante da minha profissão, o que mais me faz estar aqui”, pontua a atriz. 

Já que estamos falando sobre interpretar alguém que não somos, aproveitamos para perguntá-la sobre os principais desafios. Assim, Gabi nos conta que o maior deles é justamente transmitir credibilidade ao fazer isso. “Às vezes, você acha que está indo super bem, mas, na verdade, está fazendo algo muito superficial, mas claro, toda a equipe e a direção ajudam a alcançar esse lugar de melhoria”, completa . 

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Gabriela Dias)

Em “Volta Por Cima“, Gabriela interpreta Miranda uma personal trainer e professora de academia que, apesar de ser uma estrela no fisiculturismo, sente vergonha de sua origem humilde. “Eu sempre estive no mundo da musculação. Meu pai era jogador de futebol, então a saúde e o exercício físico sempre fizeram parte da minha vida. Essa foi a primeira coisa que já tinha em comum com a Miranda. […] Gosto muito de personagens que trazem essa dualidade — posso até dizer de caráter, traumas… A Miranda, ao mesmo tempo, em que é uma pessoa muito gente boa, faz algo que, teoricamente, não é muito aceito. Isso é divertido, mas também um baita desafio. A identificação [com a Miranda] vem principalmente das questões raciais que nós, pessoas pretas, vivemos. É a realidade”, afirma a intérprete .

Como uma boa artista expressiva, Gabi deixa claro o quanto ama o teatro. “O que você vive no palco é inexplicável. Aquela vida, aquele momento, o êxtase, todo mundo perto na plateia… é uma energia muito forte. E eu não sei se existe outra arte que faça isso como o teatro faz. É viciante fazer teatro e estar nos palcos”, diz. O maior sonho em sua carreira é claro — e quase se pode ouvir a convicção em sua voz quando declara: “O que me motiva a ser atriz é estar viva, é existir. Eu poderia até fazer outra coisa, mas não seria feliz. Não seria eu.”

Segundo a Gabriela, atuar não é somente uma profissão, é a sua forma de estar no mundo. “Quanto mais pessoas conhecerem meu trabalho como atriz, mais satisfeita e completa vou me sentir. Acho que tudo gira em torno disso. É sobre o que posso oferecer como atriz, qual movimentação política e artística posso promover para deixar um legado. Isso é importante”, retrata a estrela. 

Com muitas emoções dentro de si, como mãe, ela valoriza cada momento, mesmo que seja por apenas meia hora. “O tempo eu não tenho tido, mas a qualidade, essa, eu prezo” — brinca. E, falando em tempo, ela aguarda sua hora de interpretar um grande papel dramático. Sinceramente, Julies, isso cairia super bem nela!

Faltando poucos dias para o fim da novela, Gabi já pensa em novos passos. A profissional tem planos para projetos autorais e, apesar de ainda não estar trabalhando em nada específico, gostaria muito de explorar as relações humanas no teatro.

Com uma trajetória que transborda talento, força e paixão pela arte, Gabriela Dias segue conquistando espaço no audiovisual e no teatro. Ela demonstra que atuar não é apenas um ofício, mas uma necessidade, uma forma de existir. Enquanto aguardamos seus próximos passos, uma coisa é certa: veremos muito mais dessa mulher talentosa brilhando e emocionando o público. E nós, Julies, estaremos aqui para aplaudir de pé!

Escrito por: Júllia Vieira.

Revisado por: Letícia Guedes.

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