Mãe, jornalista e escritora. Três faces de Fernanda que, ao conhecer mais sobre psicologia positiva, passou a ser descrever pelo amor, generosidade e espiritualidade
Acerca da escrita, Fernanda conta que sempre gostou de escrever e resolveu fazer jornalismo. Durante a faculdade, queria trabalhar com uma revista feminina. Após isso, trabalhou na assessoria de imprensa. Após o nascimento de seus filhos, Fernanda desejou criar alguma história para o público infantil. Ela cogitou criar um blog de maternidade, mas nada fluiu. Até que, em 2020, a jornalista começou a estudar sobre psicologia positiva e se encantou. Desse modo, a autora uniu os seus conhecimentos sobre comunicação com tudo o que estava aprendendo na pós-graduação. O projeto final de seu curso foi um jogo sobre as emoções das crianças tendo amor, alegria, tristeza, medo e raiva como os principais personagens. Baseado em “Divertidamente”, o jogo tinha o intuito de fazer com que a criança identificasse as suas emoções e entendesse a importância de cada uma. Com um sucesso estrondoso entre os profissionais da área, Fernanda decidiu transformá-lo em um livro.
Lançado em 2021, o primeiro lançamento foca na tristeza e tem o título “Estou triste, e agora?”. A autora apostou em uma linguagem simples para que a criança consiga compreender. Com o intuito de participar desse processo criativo, Fernanda sugeriu as ilustrações que gostaria que ocorressem. Ao longo desse projeto, a jornalista revisitou uma história de infância que sua avó contava para ela. A figura principal era o macaquinho Chico Beleza e a trama variava com situações do cotidiano. Por um tempo, a ideia apenas esteve no papel até que decidiu juntar a sua memória afetiva com o seu livro de emoções. “Resgatei essa história da minha avó e consegui falar sobre resiliência, empatia, emoções, amor e amizade”, pontua. As ilustrações de suas obras são assinadas por Patrícia Camara, que realiza as artes à mão utilizando lápis de cor.
E não para por aí! Ainda na pós-graduação, Fernanda foi co-autora do livro “Wholebeing Living, ensaios sobre a ciência e a prática da felicidade”. Escrito por 21 alunos da pós-graduação, a autora escreveu o capítulo “Vamos entender as emoções”, que conta a sua trajetória e como a psicologia positiva a ajudou.
Acerca dos autores que a inspiraram, a jornalista demonstra tamanha admiração pelo Ziraldo.“Li muitas de suas obras quando criança e passei esse hábito para os meus filhos. Ele era um autor que tinha uma linguagem muito direta e única com as crianças”, disserta. A autora também tinha coleções de livros da Ana Maria Machado, Sylvia Orthof e Ruth Rocha. Fernanda conta que leu poucos clássicos brasileiros em sua adolescência, entretanto as obras de Érico Veríssimo ganharam o seu coração. “Amei “Ana Terra” e por meio dela comecei a ler outras obras do autor e até hoje sou apaixonada por “O Tempo e o Vento”. Quando lançou a série e o filme fui correndo assistir e sei tudo de cor”, compartilha.

Sobre o seu processo de escrita, a autora compartilha que a ideia surge e ela vai escrevendo.“Escrevo pensando no sentimento da criança que adquiriu o livro e da possível dificuldade que ela tenha em expressar isso”, pontua. Para ela, muitas coisas teriam sido diferentes na criação de seus filhos se tivesse desenvolvido a ideia quando eles eram menores. “Por vir de outra geração, muitas vezes reproduzi o discurso de que não se pode sentir medo e raiva. Penso nas vezes que falei ‘está chorando por que?’”. Entretanto, hoje em dia já entendo que não é assim”, pontua a autora sobre a forma na qual as pessoas demonizam as emoções.
Ao ser questionada sobre as mudanças no cenário editorial brasileiro, Fernanda fala: “Ih Madu, muita coisa.” Para ela, existe todo esse glamour sobre ser escritora, mas ainda há a desvalorização. A autora também pontua a necessidade de oportunidades na distribuição de livros físicos de autores nacionais nas grandes livrarias. Para resumir essa conjuntura, ela afirma: é colocar o livro debaixo do braço e ir atrás.
Acerca de seus próximos lançamentos, Fernanda nos conta um pouquinho do que podemos esperar. Na época da entrevista, a autora recebeu a notícia de que o seu futuro lançamento seria aprovado pela nova editora. Desse modo, ela irá iniciar o processo de desenvolvimento. A obra irá contar com o modo positivo de enxergar as coisas. “Minha ideia é representar situações da vida e do cotidiano da criança e apresentar qual seria o primeiro olhar que você teria sobre essa situação”, disserta. A autora também compartilha que está no processo de ilustração do livro da Raiva e vai trazer a Calma para somar o time de Amor e Alegria. Para quem gostou da história de Chico Beleza, temos boas notícias! A autora pretende lançar uma continuação.

Sobre o projeto da Julietta, a autora conta que acha a iniciativa muito legal, porque, quando estava na faculdade, pensou em fazer uma revista de viagens com as amigas, mas deixaram apenas no papel. “Acho que vocês estão indo no caminho certo, principalmente por não terem vergonha de falar que são estudantes. Para quem concede entrevistas para vocês, é muito legal saber que estamos colaborando com um projeto de mulheres que querem fazer jornalismo de forma legal”, finaliza.
Escrito por: Maria Eduarda Rocha.