Seda é uma obra do escritor italiano Alessandro Baricco, ganhador de alguns prêmios literários, como o Prix Médicis Étranger, na França, e o Selezione Campiello, na Itália. A sensibilidade de Alessandro ao construir uma história tão bonita, envolvente, repleta de mistérios e metáforas, é com certeza prova do seu potencial criativo.

O romance se passa em meados do século XIX, narra a história de Hervé Joncour, um homem comum que mora no sul da França com sua esposa, Hèlene. A verdade é que esse personagem não tinha as rédeas do seu destino tão firme — o pai queria que ele seguisse carreira no exército, mas acabou se enveredando nos negócios do bicho-da-seda por meio de seu amigo Baldabiou. Sendo assim, “todo ano, no início de janeiro, partia. Atravessava mil e seiscentas milhas marítimas e oitocentos quilômetros de terra. Escolhia os ovos, acertava o preço, comprava-os. Depois voltava”.

O personagem continuaria fazendo exatamente o mesmo percurso se a praga que dizimou os ovos das criações européias não tivesse se difundido até a África (continente que comprava os ovos). No entanto, havia um lugar, muito distante, em que os ovos permaneceram sadios. O Japão.

É para lá que o protagonista viaja para fazer seus negócios, é lá que encontra uma jovem que exala um certo mistério, diferente das outras da região. Ela não tem a fenda oriental nos olhos, e olha fixamente para Hervé, “A menina continuava a fitá-lo, com uma violência que arrancava de cada palavra dele a obrigação de soar inesquecível“.

(Foto: Reprodução/Pinterest)

Suas obrigações foram feitas, mas a moça, que nem sequer ganha um nome (aumentando ainda mais a atmosfera enigmática na narrativa), não sai de seus pensamentos. O que o fez voltar para o Japão novamente quando a guerra já havia tomado conta, e mesmo sua mulher querendo que ele ficasse, ele foi. E foi a primeira vez que tomou as rédeas do seu destino.

Bem, a Julietta vai ficar por aqui, os questionamentos sobre essa paixão proibida e como termina o romance fica por conta de vocês. A guerra acaba? Ele volta para casa? Será que essa jovem sem fenda oriental nos olhos o amava? Quem era ela? E Hèlene, a mulher de Hervé Joncour, onde fica nessa história? A leitura pode trazer algumas respostas, mas o mistério sempre continuará suspenso no ar, como uma nuvem.

(Foto: Reprodução/Pinterest)

A narrativa é tão delicada quanto o título da obra, a relação de tempo é muito importante, ele vem e vai, tal como as ondas do mar das viagens que Hervé faz para seus negócios, assim, as explicações do passado são rememoradas através do tempo presente. Dessa forma, o leitor precisa estar atento, o que não é nada difícil quando se trata desse livro. Não existem excessos de diálogos nem de adjetivos, cada palavra parece se encaixar perfeitamente. Assim, a história é construída, como o fio da seda que se transforma em novelo até chegar no tecido.

O livro é curtinho, e a experiência de leitura é um verdadeiro encanto, principalmente para aqueles leitores que amam poesia e livros reflexivos, a narrativa é quase lírica e tem uma ótima fluidez. Aposto que esse livro será bem diferente de tudo que você já leu! eEmbarque nessa história e viaje junto com Hervé, analise os personagens, sinta o mistério e a paixão que envolve Seda.

Escrito por: Beatriz Vitória

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