Com o sorriso mais lindo de orelha a orelha, Roberta Gurriti te recebe dessa forma contagiante, que dá vontade de ficar ali pra sempre em sua companhia. Com a comunicação presente em sua vida desde a infância, ela relembra: “Acho que é porque eu não sei outra coisa pra fazer na minha vida se não for isso [a comunicação]. Eu tenho vídeos e fotos de 6, 7 anos guardados onde eu já me apresentava como repórter. Eu costumava dizer que era irmã de Beyoncé. Era sempre ‘oi, eu sou Roberta Beyoncé, repórter e tal’. Sabe? Então eu sempre tive essa coisa da comunicação na minha vida. Sempre soube que eu ia fazer isso Tenho muito daquilo de citar, ‘eu quero fazer isso, então vou conseguir fazer isso’. E tô conseguindo, sabe?” conta a autora. A pessoa certa para te inspirar a correr atrás dos seus sonhos, não é vão!

Por mais que estejamos falando sobre uma beyhive nata, a definição com toda certeza seria “I want it, I got it”, de Ariana Grande. Por mais que estejamos falando sobre uma beyhive nata, a definição com toda certeza seria “i want, i got it” de Ariana Grande. Como toda garota jornalista, Roberta queria trabalhar nas revistas adolescentes. Com apenas 14 anos, foi redatora no site chamado Teen Stars, mas com o tempo veio aí a garota Toda Teen, onde escreveu algumas matérias que saíram na revista. Em 2020, se fez a realização de ser colunista da Capricho. “E acho que é isso, eu sempre, eu tô conseguindo trilhar um caminho, desde muito nova, muito bonito, né, nessa profissão e ainda tem muita coisa pra conquistar”.
Com uma bagagem pesada de profissões, sendo elas: jornalista, podcaster, criadora de conteúdo, agente comercial de +30 influenciadores, estudante [sim, a gata é universitária, tá?] e escritora, já podemos imaginar que a vida é extremamente corrida. “Não acho que é saudável, mas eu acredito muito no rumo que vou tomar, com meu esforço. Eu consigo chegar onde eu quero. Ainda vejo as escadas, assim, muito altas, que eu preciso ainda percorrer e tal, mas eu sinto também que eu já percorri muito”, declarou Roberta.
Seu último feito foi ser mediadora de 2 mesas na Bienal da Bahia, e como nosso bate papo foi antes, ela compartilhou um pouquinho da ansiedade pra esse evento. “A minha primeira Bienal da Bahia foi em 2022. Aqui na Bahia está com treze anos sem ter o evento. E aí, eu fui pra 2022 e falei ‘caraca!’ No entanto foi a segunda Bienal da vida porque primeiro foi a de São Paulo. Lembro que falei ‘Caraca, é isso que é uma Bienal. Que fod*!’ Posteriormente na Bahia eu tive acessos e conheci muita gente. Eu fiquei ‘na próxima Bienal eu quero estar na programação, essa é minha meta.’ Chegou esse ano eu vou estar mediando duas mesas, sabe? Eu estou muito feliz e orgulhosa. Era realmente uma meta que tinha ali traçado” Eu avisei que ela é “eu quero, eu consigo”, a Julietta torce daqui para que ela conquiste muito mais!


Apesar do percurso a caminho do sucesso, suas primeiras histórias no Wattpad, em sua opinião, são verdadeiros “meu passado me condena”! “Um dia desse eu peguei pra ler e falei: ‘Não. O que é isso? Quem é que escreve isso?’ Era uma mistura. Na verdade, eu acho que talvez foi um experimento, porque eu percebi que era uma mistura de histórias que eu lia na época. Eu consumia muito livro de máfia, muita fanfic de ‘ai, Justin Bieber dono do Morro’, coisas desse jeito. Dali eu percebi que era uma mistura de coisas que eu estava experimentando pela primeira vez na literatura“. A profissional relembra e, de qualquer forma, se sente grata pelas coisas boas que esse passado lhe deu. “’Aquele Nosso Plano’ [sua segunda fanfic no Wattpad] me fez conhecer muitas das pessoas que eu conheço hoje na literatura. São meninas também que, hoje em dia, são publicadas em grandes editoras. Porém, naquela época, não era o mesmo sonho que eu. E talvez ‘Aquele Nosso Plano’ seja o meu “quentinho no coração”. A fanfic já era muito loucura”, relembrou Roberta.
Quando chegamos na pergunta sobre o motivo de iniciar na escrita, Rô chegou na ferida de muitas meninas negras em suas leituras ou vivências no dia a dia, no qual muitas delas não se viam representadas. “Comecei a escrever histórias porque eu queria me enxergar nelas. Quando eu comecei no Wattpad, lá em 2014, 2015, eu só lia, ou seja, fanfic, histórias originais, só pessoas brancas e eu falava “Ah, mas esse coque frouxo aí, não estou conseguindo fazer o meu cabelo. Essa personagem claramente não é parecida comigo, não tem o mesmo tom de pele, não tem o mesmo tipo de cabelo’. Então eu comecei a escrever personagens que se pareciam comigo”.
Hoje, ela consegue se enxergar em várias personagens, mas reforça a importância dessa representatividade na ficção e no mundo real também. “E até então [depois de uma pesquisa em livraria de escritores não-brancos] eu não imaginava a quantidade de livros cis, hétero, branco e masculino tinha no mercado. Eu gostaria que pessoas pretas, pessoas indígenas, principalmente pessoas amarelas, pessoas não-brancas, como um todo, tivessem mais voz, escutaria o que elas tinham a falar. Dava lugar a elas nas prateleiras mais importantes dessas livrarias, desses lugares e na internet, a mesma coisa. […] O espaço [literário] ele… é de pessoas brancas, então a gente tem que estar [na literatura], a gente já mudou isso. Tá mudando muito. As coisas têm mudado cada vez mais”, disse Rô sobre o que mudaria no mercado editorial brasileiro e reforça que pessoas não-brancas têm que se inserir nesse universo.

Como uma boa leitora, ela te indica a ler “Pimenta e Mel” (seus seguidores já devem saber essa resposta de cor haha) e ainda completa dizendo que trabalharia por 1 semana com a Kiki, a personagem principal da trama. “Porque, além de ser a minha literatura favorita da vida, ela é podcaster, ela é comunicadora, então, tipo assim, eu acho ela a f*dona mesmo, sabe?” Mais a cara de Roberta Gurriti é impossível, né? No seu próximo livro, previsto para este ano ainda (está mais próximo do que imaginam!), vem carregado de um romance em Salvador com protagonismo preto entre uma jornalista e um ator. Ela não contou muitos spoilers, mas te passo a certeza que com suas poucas palavras esse “vem aí” entrará para sua lista de desejos. Rô, nos deixou 7 músicas para um gostinho de quero mais haha
- Where Do Broken Hearts Go – Whitney Houston
- Samba in Paris – Baco Exu do Blues
- Você, o Amor e Eu – Carlinhos Brown
- Could’ve Been – H.E.R
- Distraction – Kehlani
- Saudade – Rachel Reis
- Te Amo Desgraça – Baco Exu do Blues

Mas caso, tenha se sentido “pelo amor, me passe um livro agora dessa mulher”, tem a sua disposição a antologia “6 desejos de Natal”, onde ela idealizou e organizou tudinho! Se ela pudesse se descrever como autora em 3 palavras, elas seriam: criativa, persistente e uma pessoa em eterno aprendizado, mesmo que não seja uma única palavra, Gurriti se descreveu bem demais. Com muita personalidade e felicidade esbanjada, Roberta te deixa histórias felizes como uma comunicação sem igual.
Escrito por: Jullia Vieira