Hoje, o Julietta Indica está muito internacional! Se tem um lugar no mundo que me surpreendeu de uma forma tão intensa e inesquecível foi o Sri Lanka. O critério de escolha para o destino de viagem foi principalmente fugir do frio britânico, que começou por aqui em dezembro. Então, a ideia era buscar um lugar com clima quente, algo que tivesse aquele gostinho de Brasil. Posso dizer que a decisão não poderia ter sido melhor!
Essa ilha pequenina no sul da Ásia revelou-se um verdadeiro paraíso tropical, com uma natureza de tirar o fôlego, regada por uma cultura riquíssima e o melhor de tudo — um país super seguro. Após um voo de 11 horas, partindo da Inglaterra, chegamos ao aeroporto e fomos recepcionados de maneira super calorosa, com colares de flores, dados por nosso guia, que se tornaria nosso companheiro por 14 dias incríveis.
Mas antes, vamos falar um pouco de história? Eu não poderia deixar escapar a oportunidade de relembrar os velhos tempos como professora dessa disciplina. Sendo assim, Julies, peguem os seus cafés, chás, ou a pipoca e venham comigo nessa jornada.

Tudo começou na pré-história, com o registro das primeiras presenças humanas. A Idade Média e Moderna foram marcadas pela chegada de povos vindos da Malásia e da Índia, e pela supremacia dos grandes reis e seus reinados. Ainda é possível encontrar vestígios dessas construções, como os templos, observatórios e as piscinas, hoje utilizadas como aquário para os peixes e tartarugas marinhas, embelezando as praças das cidades.
A partir do século XVI, chegam os europeus, época das grandes navegações. Então, já sabemos como tudo termina. Portugueses, ingleses e holandeses passaram a disputar o local, na época conhecido como Ceilão, e somente em 1948 o país alcançou sua independência. Mesmo assim, permanecera sob o domínio britânico até 1972. É como diz a expressão do velho ditado: independência para inglês ver.
Conhecendo a história local, e entendendo o processo de migração, é compreensível porque fala-se dois idiomas dentro do país. O Cingalês, considerado o idioma oficial, e o tâmil, proveniente da Índia e Singapura. Agora, imagina viajar de uma cidade para outra e encontrar um idioma totalmente diferente em cada lugar? Pois é, no Sri Lanka é assim. A maioria das pessoas não falam inglês, exceto na capital. Por isso, ter um guia turístico é essencial para aproveito máximo.
Depois de um breve resumo sobre o local, para situar vocês, deixe-me ir direto ao assunto: a viagem!. Afinal de contas é por isso que estou aqui, para contar mais uma das minhas aventuras. (E olha, eu tenho muitas!) Voltando para o primeiro dia na ilha, não tivemos grandes novidades, e também pudera, depois de um voo longo, precisávamos descansar. Então, como aquecimento, apenas passeamos pela praia e fechamos o dia com um jantar delicioso em um restaurante local.

No segundo dia, fomos a um mercado de peixe que, posso confessar, me deixou completamente boquiaberta. Nunca vi tanto peixe em um só lugar, uma cena vibrante (e com um cheiro… nem tão agradável assim). Os peixes mais bonitos são vendidos nas barracas e, o que sobra, é salgado. A gastronomia local tem o peixe como estrela, mas confesso que o sabor é um pouco forte para o meu paladar.
Retirando o peixe, amei a experiência, uma explosão de sabores, com temperos únicos da culinária asiática, e não podia faltar, é claro, a pimenta — muita pimenta! Me permitam sugerir aqui um quitute tradicional da região: o sambol. O prato é uma mistura de coco ralado, pimenta, cebola e sal, que vem com um biscoitinho crocante. Pode parecer estranho, mas é uma delícia! E para minha felicidade, eles adoram usar leite de coco em quase tudo, tanto nos pratos doces, quanto nos salgados.
E por falar em felicidade, fiquei profundamente encantada com a relação entre as pessoas, a natureza e os animais. Eles simplesmente fazem parte do cenário do dia a dia, circulando pelas ruas, estradas e mercados. É comum, entre o trânsito, encontrar búfalos, vacas, macacos, elefantes, pavões e até veados.
Em muitas estradas, há placas alertando sobre a presença desses animais, e a penalidade por atropelá-los é severa, o que reflete a conexão profunda que o povo tem com a natureza. Quem não gosta de ir ao zoológico, justamente por ver os bichinhos enclausurados, vai amar ir aos safáris e encontrar os animais vivendo de maneira livre.


Além disso, falando em mais conexão com a natureza, aqui vai uma sugestão especial para aqueles que amam plantas! A visitação guiada aos hortos, com explicação sobre as plantas e seu uso medicinal podem ser um prato cheio para os naturebas de plantão. No final do passeio, seu guia te leva até uma lojinha, com vários produtos de beleza, chás e comprimidos, produzidos no local. Você irá surtar, assim como eu, mas não se enganem, os precinhos são bem salgados.
Por fim, não posso deixar de mencionar a incrível tolerância religiosa que existe por lá. Embora a maioria da população seja budista, é possível ver encontra igrejas católicas, templos hindus e mesquitas. Tudo isso reflete as heranças culturais dos povos que migraram, colonizaram e estabeleceram rotas comerciais. É comum, por exemplo, ver um templo budista ao lado de um templo hindu; ou até mesmo encontrar uma igreja ou mesquita muitas vezes no mesmo bairro.

Mas bom, chegou o momento de falarmos sobre cultura. Sério, se alguém está planejando fazer as malas e partir para esse paraíso tropical, a apresentação das danças tradicionais deve ser uma parada obrigatória! No passado, essa modalidade artística tinha o objetivo de divertir os reis e, com certeza a diversão era garantida.
As roupas e apetrechos são lindos, as expressões faciais, as máscaras um pouco assustadoras (tenho que confessar, hahaha). E há momentos de tensão! Quando eles descem do palco, se aproximam da plateia, fazem um caminho de brasa andando por cima dele, cuspindo labaredas de fogo. Simplesmente imperdível!
Ah! Para quem gosta de roupas excêntricas, a ilha é uma explosão de cores! As mulheres usam saris belíssimos e os homens vestem lungui; uma espécie de canga, popularmente conhecido como sarongue em terras brasileiras. A roupa consiste em ser amarrada na altura da cintura, às vezes até os joelhos, às vezes até os tornozelos. Tive a oportunidade de visitar uma fábrica artesanal de roupas tradicionais com tingimento natural. Tudo tão impecável!


Se você é fã de cultura antiga, natureza exuberante e diversidade, Sri Lanka é o lugar certo! É possível perceber a influência da cultura indiana por lá, principalmente na cidade de Jafna! Falo isso não só por questões históricas, mas até mesmo pela proximidade. Vale ressaltar que atravessando o Estreito de Palk chega-se em território indiano, seu único vizinho.
O turismo é uma das principais economias do país, mas eles também são mundialmente conhecidos pela exportação de chá, coco e outros produtos agrícolas. Não podendo esquecer de mencionar que a variedade de safira mais rara e valiosa do mundo é encontrada no Sri Lanka! Das 200 pedras preciosas encontradas pelo mundo afora, 70 são provenientes de lá. Não é à toa que antigamente o lugar era conhecido com o nome de Ilha das Joias.
Passei por 11 cidades e a cada lugar que chegava, ficava mais apaixonada. Viajamos por regiões montanhosas e litorâneas, e até hoje não sei qual foi a minha favorita. Cada dia era uma nova descoberta, seja pelas paisagens de tirar o fôlego ou pelas conversas incríveis com os nativos. Aliás, conheci pessoas maravilhosas, a começar pelo nosso guia e sua família, que nos acolheram de maneira tão carinhosa que parecíamos fazer parte do mesmo círculo familiar.

Os dois últimos dias foram melancólicos. Eu realmente queria ficar ali, naquele clima maravilhoso, sem inverno! A temperatura é praticamente a mesma durante todo o ano. Entre os meses de maio a agosto, existe a temporada das chuvas, o que acaba se tornando um destino não tão propício a se explorar. Mas calma, para quem não suporta o calor, e é amante do frio, a ilhota também tem uma boa opção: Ella, localizada na região montanhosa.
A cidade é bem turística e tem as opções de um passeio de trem com vistas magníficas. Ademais, é composta por várias cachoeiras para explorar, trilhas, bares e restaurantes com comidas bem ocidentais, para quem não é muito adepto a comida condimentada. Apesar do grande número de visitantes, Ella tem uma vibe de paz. Me senti numa cena do filme “Sete anos no Tibet”. Para quem quer descansar, relaxar ou até mesmo encontrar um lugar tranquilo e inspirador para trabalhar online, eu super indico.
Caminhando para o destino final, fomos para a capital Colombo. A vida por lá é agitada — típica das grandes metrópoles — e bem diferente do restante do país. Um misto de modernidade e glamour, e com preços um pouco mais salgados. Mas meninas, vocês sabem como é, sempre é possível arranjar tempo e dinheiro para fazer umas comprinhas! Seja de roupas, produtos de casa ou de beleza. E apesar do preço, não resisti.
Para nossa última noite naquele paraíso, resolvemos então aproveitar o fim de tarde, admirando o pôr do sol, olhando o horizonte e o mar agitado. E não éramos os únicos! A população local também estava lá, fazendo o mesmo, com os amigos e familiares, o que confirma que o cenário era de arrepiar. Apesar de estar tão longe de casa, havia algo incrivelmente familiar em tudo aquilo, difícil de explicar.
Eu, que nunca imaginei que Sri Lanka se tornaria um destino tão especial, posso agora dizer com certeza: é um lugar mágico, que deixa uma marca profunda, que acolhe e que nos ensina a ver o mundo com outros olhos. Me sinto muito grata por ter vivido essa experiência e, claro, super recomendo!
Escrito por: Andrea Cunha.
Revisado por: Letícia Guedes.
Adorei o depoimento, a riqueza de detalhes, as fotos, deu vontade de conhecer o Sri Lanka. Já coloquei no meu roteiro de viagens!!
Ficamos tão felizes em ler comentários assim, Marcia!
Esperamos um bom relato depois que realizar essa viagem, em? Abraços!