Estamos no último dia de entrevistas aqui na Julietta, e a protagonista do momento é Maria Alice Stock, também conhecida em seu perfil do Instagram como Alice Stock. Alice escreve desde que aprendeu a escrever, e foi a possibilidade de poder sair do cotidiano por meio da literatura e o poder comunicar a beleza das coisas simples da vida por seus olhos que a levou até onde se encontra no momento. Ela é autora de “Maneiras de temer o fim do mundo”, um livro de crônicas, que aborda, justamente, esses sentimentos relacionados ao estar vivo. O bate-papo ficou por conta de Maria Eduarda Rocha, publicitária, assessora de comunicação e colunista da Julietta.
“Ele é baseado em histórias da minha vida. Coisas que eu sabia que queria contar, porque eu queria deixar registrado algumas coisas da minha infância [por exemplo], que eram, assim, muito mágicas. Nem que fosse só para mim, mas eu queria. E teve um momento em que eu percebi que não podia mais adiar esse projeto de escrever e entrar na vida de outra pessoa. […] Foi [também] uma forma de me reafirmar, de entrar nessa nova etapa da [minha] vida por meio da escrita”, compartilhou a autora. Alice acrescentou que existe uma despedida, um luto presente em seu livro, do qual ela não conseguiu se despedir e, sentindo que aquilo ficou varrido para baixo do tapete, ela reconheceu a necessidade de encarar essa dor. Atualmente, ela admitiu estar escrevendo sobre o meio-ambiente, e que seus próximos projetos trarão tal linha de inspiração.
Alice acredita que escreveu o livro tanto para ela quanto para o público. “Tem uma preocupação em ter uma voz ali, […] escrever algo que seja gostoso de [se] ler [para as outras pessoas”, afirmou Alice que, contudo, não negou uma parcela egoísta de sua escrita voltada para si mesma. A autora também revelou que, para escrever, esvazia a cabeça das coisas do dia. Durante seu processo de escrita, ela visitou algumas oficinas de escrita online, o que colaborou diretamente para o nascimento de alguns de seus trechos. A opção de fazer online era plausível porque, no momento da entrevista, ela estava morando em Genebra, na Suíça.
Como você, leitora da Julietta que está acompanhando o especial, bem sabe, gostamos da proposta de apresentar os mais diversos gêneros; as mais diversas autoras e uma representatividade, muitas vezes, discreta, mas perceptível. Se você procura uma leitura mais madura, que foge um pouco do padrão das bookredes, Alice Stock é uma aposta certeira, que certamente te fará olhar e admirar a vida por outros olhos. Aproveitamos a menção para comentar sobre o porquê de escolhermos fugir do jornalismo tradicional nesta e em muitas outras entrevistas: nosso maior objetivo é fazer com que você, leitora, entenda e receba bem aquilo que desejamos comunicar. E Alice Stock é, sem sombra de dúvidas, uma pessoa que queremos comunicar.
“Tiveram vários livros durante a minha vida que eu li e percebi uma mudança profunda”, comentou a autora sobre a influência de alguns de seus livros favoritos. Para finalizar, ela admitiu que, se pudesse mudar algo no mercado editorial, gostaria de que os livros das editoras menores fossem mais acessíveis: “no sentido de encontrar, sabe? Do leitor encontrar esses livros. Pode até ser mais fácil publicar por editoras menores, mas como esses livros chegam até o leitor?”, argumentou.
A Julietta deseja todo amor e sucesso para Alice, e que ela continue batalhando para revolucionar a literatura brasileira da melhor forma que conseguir.
Escrito por: Ana Clara Reis e Maria Eduarda Rocha.