#JuliettaEntrevista: Lelê Alves, responsável por histórias repletas de representatividade e romances clichês

“Escritora independente e poeta marginal, conhecida por desafiar as normas literárias com sua voz singular”, diz sua biografia na Amazon. A trilha de sucesso profissional de Lelê Alves está apenas começando. Com seu início datado pelo Wattpad, a autora vem fazendo com que suas escritas ganhassem vida própria e ainda mais originalidade com o passar do tempo.

Publiquei oficialmente na Amazon durante a pandemia. Naquela época eu tinha muito tempo livre para investir em divulgação, criar laços e escrever minhas histórias. Comecei pelo Wattpad e tudo se tornou um ‘e se… e se eu tentasse? E se eu investisse nesse sonho engavetado há anos?’. Graças a Deus foi um ‘vai com medo mesmo’, que deu certo dentro da minha realidade. Eu queria não ser mais uma escritora escondida, queria que todos me conhecessem pela única coisa que eu realmente amo: a literatura. Não fiquei famosa nem nada, mas consegui sair da bolha que me cercava e isso para mim já é significativo. Conheci autores e leitores incríveis ao longo dessa jornada e sei que ainda conquistarei muito mais no momento certo”, comentou Lelê Alves, que alega ter escolhido seu apelido como pseudônimo — em parte, por não curtir tanto seu nome de batismo.

Tenho aqueles sonhos clichês como a maioria: poder ficar de pijama o dia todo, com a cara amassada, uma caneca de café, isolada do mundo, com um manuscrito de 500 páginas para entregar até o fim da semana. [haha]. Brincadeiras à parte, acredito que todo artista se imagina no estrelato, né? Com sua obra fazendo um sucesso repentino, que não somente me torne rica, com contratos milionários, mas também uma produção audiovisual dirigida pela própria mente brilhante por trás do roteiro: eu. Mas, no presente momento, sonho com a minha verdade, conseguir escrever tudo que eu ache importante de ser compartilhado com o mundo, por mais que apenas uma pessoa vá ler até o final. Emocionar um leitor, ser a autora favorita de uma única garota pretinha. Carregar a trajetória dos meus e eternizar em um livro. Isso para mim já é o suficiente”, revelou a escritora, que possui cinco obras publicadas na Amazon até agora.

(Foto: Reprodução/Amazon.com)

Era Sol Que Me Faltava”, uma de suas principais histórias, tem uma avaliação com quase cinco estrelas gabaritadas — 4,7 — e, segundo comentários, é forte e emocionante; repleto de representatividade negra. Ambientada no Carnaval de Belo Horizonte pós-pandemia, a história acompanha a trama de Renan e Sol. Tratando temas como injustiça social, a escrita de Lelê é dita como um equilíbrio perfeito, que passeia das partes revoltantes ao romance clichê com maestria e perfeição.

Inclusive, se pudesse trabalhar com uma personagem feminina por um dia, sua escolha seria a própria Sol “Além de ela ser uma mulher linda, forte e radiante, ela é uma personagem muito consciente de seus direitos e deveres na sociedade. É aquela amiga — ou namorada — que luta por você com unhas e dentes; principalmente, quando for relacionado a violação dos seus direitos”, explicou Lelê.

A autora começou a escrever porque não se encontrava nas histórias que lia. Era tudo “branco demais” — desde aparência, até gostos e culturas das personagens. E ela queria sentir que era possível viver um romance como aqueles, ter um final feliz repleto de esperança. “Poder dizer ‘eu sou ela’ para as colegas da escola. Além disso, eu sempre quis ter voz, ser ouvida, a escrita me traz todas essas possibilidades e não preciso necessariamente ser famosa para isso. Essas motivações continuam me inspirando a continuar até hoje”, acrescentou. Ela aponta que um livro que todos deveriam ler é “O Ódio Que Você Semeia”, da Angie Thomas.

E sobre o polêmico assunto “brindes literários”? “Eu amo, são uma fofura, de verdade, coleciono vários brindes, mas acredito que a obrigatoriedade com a qual isso vem sendo instaurado em nossa cultura literária possa prejudicar autores independentes que por vezes, mal tem grana para investir em outros processos editoriais necessários como a preparação do livro”, argumentou Lelê, que não esconde seus fortes posicionamentos sociais em geral.

(Foto: Reprodução/Lelê Alves/@lelealvesx)

E por quais razões você deveria consumir Lelê Alves? Bom, além de suas altas habilidades para prender o leitor em meio ao romance e as críticas sociais? “Se você não se viu presente nas prateleiras de livros em sua infância, assim como eu, esse talvez seja o primeiro motivo. Todos os meus livros tem uma protagonista preta. Como sou uma pessoa pansexual, também viso alternar em livros sáficos e duáricos, ou seja, às vezes escrevo uma garota com um garoto, às vezes uma garota com outra garota, e posso escrever também uma garota com um garote. Para além desta identificação de raça, gênero e sexualidade, tenho em vista retratar e denunciar injustiças raciais em todas as minhas obras. Sutilmente (como em SINGLE, a melodia entre nós) ou escancaradamente (como em Era Sol Que Me Faltava) é algo que está sempre presente, por ser a realidade que me cerca, é com o que trabalho e pelo que eu luto. Então mesmo você, pessoa branca que está lendo esta entrevista, saiba que é de suma importância dar voz às autoras negras que por inúmeras vezes foram silenciadas ou apagadas da história”, finalizou a autora.

Como lancei meu primeiro romance “Single” este mês, vou colocar essa obra, porque ela teve um investimento mental pesado neste quesito e seria ótimo ver meu planejamento tomando forma. Imagino Single como uma série ou minissérie, onde Kat Graham seria a personagem principal e Luke Hemmings versão bad boy seria seu par romântico”, comentou ao ser questionada sobre qual de suas obras mais gostaria de ver nas telinhas um dia. A equipe da Julietta deseja todo o sucesso do mundo!

Escrito por: Ana Clara Reis

4 thoughts on “#JuliettaEntrevista: Lelê Alves, responsável por histórias repletas de representatividade e romances clichês

  1. Com toda certeza digo que Lelê Alves será uma escritora bem sucedida. Daquelas que quando pensarmos em alguma autora ela será uma referência. Sem dúvida alguma, creio que o sucesso é seu lugar!

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