Hoje vamos falar sobre ela, Paola Siviero. Estendendo um pouco o especial das autoras, a Julietta teve a honra de conversar com a dona da história “O Auto da Maga Josefa”, uma obra que mistura o cordel e a fantasia com um toque de regionalismo brasileiro. Paola nos contou sobre sua trajetória como escritora, suas inspirações e os desafios enfrentados ao longo do caminho. Confira os principais trechos desta entrevista fascinante!
De origem mineira, Paola nasceu em Belo Horizonte e cresceu no interior de São Paulo. Seu talento para a escrita ficou evidente com a publicação de contos nas principais revistas do gênero no Brasil, como Dragão Brasil, Trasgo e Mafagafo. A profissional carrega uma bagagem de prêmios e participações em concursos literários que reforçam seu reconhecimento no cenário da literatura fantástica brasileira.

“O Auto da Maga Josefa” foi ganhador, em 2019, do Prêmio Le Blanc (melhor romance nacional de fantasia, ficção científica ou terror) e do Prêmio Odisseia de Literatura Fantástica (melhor romance), além de ter sido finalista do Prêmio Argos. A obra, que foi seu primeiro livro publicado, mas não o primeiro oficialmente escrito, Paola relembra que tudo começou com um pequeno conto com os personagens Toninho e Josefa. Posteriormente, ela leva o conto para um evento literário e recebe feedback positivo tanto de autores quanto de leitores presentes no local. Talento natural que fala né?
Em seu segundo livro, “A Lenda da Caixa das Almas”, Paola tirou inspiração de um dos seus livros favoritos na adolescência: “A Bússola de Ouro” de Philip Pullman. “Na minha adolescência, eu li muita fantasia estrangeira. E muita fantasia escrita por homens. Então, essa trilogia tem um lugarzinho especial no meu coração”. A autora conta que de todos os personagens que criou, não conseguiria escolher apenas um que se assemelha a sua pessoa.
“Eu acho que o Toninho tem ali no alto da maga Josefa, que o Toninho, ele tem uma coisa de inocência e de querer ver as coisas pelo lado positivo, o lado bom das pessoas, que eu acho que também é uma coisa minha. E tem uma outra personagem do livro novo que é ‘A Lenda da Caixa das Almas’, que é a Úrsula. Ela também é uma personagem super bem-humorada. E eu acho que ela tem bastante a ver comigo assim, tanto pelo humor quanto pelo jeito leve dela de levar a vida, sabe?“, desabafa a escritora.


Quando questionada com qual personagem trabalharia por uma semana, a resposta foi a protagonista Josefa. “Eu acho que é exatamente porque eu projetei nela muito do que eu gostaria de ser assim, sabe? Ela fala o que ela pensa, ela não leva desaforo para casa. E ao mesmo tempo que ela parece ser essa mulher super segura, dá para ver que ela também se importa e se incomoda um pouquinho com o que as pessoas pensam dela, quer que as pessoas vejam ela pelo que ela é.” E falando em referências, Paola indicou o livro “Mariposa Vermelha” da autora Fernanda Castro [ que inclusive também entrevistamos hahaha] como uma obra ideal que todos deveriam ler um dia.
“Existia uma outra editora, que era a Dame Blanche, que era uma editora indie, né? Que publicava só e-books. E aí eu mandei o manuscrito para as duas editoras, para a Clara e para a Ana. E elas adoraram o livro, falaram, ‘vamos’. E elas publicaram e fizeram uma estratégia de marketing também superlegal, que conseguiu atingir muitas pessoas, considerando o tamanho da editora e o fato de só ter e-book. Eu acho que isso deu muita visibilidade para essa primeira publicação”, conta Paola sobre o processo de ser publicada.
Além disso, a profissional compartilha que também que enfrentou muitos ‘nãos’ de editoras tradicionais durante um período de dois anos tentando publicar o livro e até considerou que não seria um bom momento para fantasia, do ponto de vista do mercado na época.

Quando questionada sobre o título da obra da maga Josefa, ela explicou, “então, o título do livro não foi ideia minha, foi mérito da Anne e da Clara, que eram da Dame Blanche, essa primeira editora. O título inicial era algo como ‘O Caçador, a Mula e a Maga’. Era para ser algo engraçado, mas não tinha uma referência clara. Acho que foi uma ótima estratégia de divulgação, porque o nome atual já traz tudo o que o livro representa no título. Você entende que é uma fantasia, algo meio teatral. Os ‘altos’ muitas vezes remetem a essa questão de peça de teatro. Vejo muito isso no ‘Alto da Maga Josefa’; apesar de ser um romance, ele tem muito dessa característica mais exagerada e tal. Também remete à comédia, com a associação natural ao ‘Auto da Compadecida’. Já teve até escolas que fizeram leitura comparada, adotando o ‘Auto da Compadecida’ e o ‘Alto da Maga Josefa’ para os alunos lerem e compararem as diferenças e similaridades das obras. Então, acho que foi uma escolha bem feliz, sabe?”
Que toda essa criatividade e inovação continue acompanhando a história de Paola por muito tempo, e que a Julietta consiga acompanhar cada vez mais seu reconhecimento e sucesso, porque são coisas que ela merece 100%!
Escrito por: Anna Julia Ponciano