Durante o especial de autoras da Julietta, tivemos o privilégio de entrevistas autoras das quais já conhecíamos ou admirávamos, ou passamos a reconhecer e se encantar por seus trabalhos. No encerramento de hoje, o privilégio de compartilhar sua trajetória não poderia ser diferente. A nossa entrevistada final é Solaine Chioro, dona de histórias como “Reticências” e “Flores ao mar”.
Carregada de personalidade, atrelada a enredos que exalam representatividade e que te cativam desde a primeira página, o contato de Solaine com o universo da literatura veio desde cedo. Ainda na escola, a autora conta que tinha ótimos professores que a incentivavam a ler e escrever, e isso fez com que o interesse pelo hábito se despertando com o tempo. Quando perguntada sobre qual personagem de suas próprias histórias ela se identificava mais, a escritora respondeu que seria o Davi de “Reticências.

“Eu acho que eu coloquei assim muito de mim ali de todos os personagens que eu já escrevi até o momento. Acho que ele talvez tenha sido mais parecido comigo e das inseguranças e tudo foi interessante escrever ele. Eu acho que ele assim, a gente é muito parecido, mas também não é igual, então tem um certo distanciamento né? mas olhando para esses detalhes que a gente tem parecido foi até meio catártico sabe? Você escreveu um negócio assim que tira um pouquinho de você e coloca ele no personagem. Foi gostoso”, conta a profissional.
“Reticências” nos apresenta aquele romance que a gente torce para o casal principal por fim ficar junto de uma vez por todas. Entre desencontros, diálogos sinceros e verdadeiros e personagens bem construídos, o livro faz parte do time de obras que aquecem o coração de qualquer leitor. E para quebrar a curiosidade, Solaine também compartilhou que escolheria o livro para uma adaptação audiovisual. Por aqui, já queremos esse filme!
Momento Spotify! Músicas recomendadas por Solaine:
- Elephant Gun – Beirut
- Lilac Wine – Jack Buckley
- Closer – Kelvin Jones
- Telepatia – Kali Uchis
- Is this love – Corinne Bailey Rae
- Amarela Paixão – Liniker
- Outro Lugar – Milton Nascimento
“Eu quero entregar histórias que quando eu leio um livro e eu me sinto muito bem sabe? Aquela companhia que fica com você e fica ‘ai que legal que eu li esse livro num dia ruim’. Quando você pega um livro e dá aquela coisa boa. Essa é minha motivação assim, sabe? Eu quero passar para as pessoas e no futuro eu quero alcançar mais leitores com esse objetivo de levar esse carinho. Vai ser uma leitura gostosa [sobre suas obras]. Uma leitura que vai trazer um conforto e procuro trazer representatividade, então espero que as pessoas se sintam representadas com algum personagem. Então acho que por isso é legal, dizem por aí, não sei [risos]”, desabafa Solaine.

Durante o bate-papo, a escritora também foi clara ao dizer os autores e autoras que ela leva como inspirações na sua jornada. Para começar, Pedro Bandeiras é um deles. Solaine conta que as obras do escritor são clássicas, principalmente para a leitura ainda colegial e diz que se recorda de ler vários livros dele. Chegando na parte dos favoritos da vida, a profissional confessa ser uma super mega fã de “Os Miseráveis” e que, por isso, o autor Victor Hugo com certeza está nessa lista. No fim, ainda completou o pódio com nomes poderosos como Jane Austen e Conceição Evaristo.
Sobre um livro que todos deveriam ler, a profissional foi certeira ao dizer “Os Miseráveis” e “Olhos d’água”. Ah! Solaine conta que também é super adepta ao gênero do terror e destaca o trabalho de Alyssa Cole e Tananarive Due ao compartilhar mais sobre suas preferências literárias. “Ela escreve romance e também mais um thriller assim, sabe. É muito bom! E ela trata de questão racial junto com terror, tipo é muito legal. Acho que são as maiorais para mim”, pontua.
Acerca de seu processo criativo, Solaine explica que seus histórias sempre partem da criação da personagem antes de qualquer contexto prévio do enredo. “O personagem vem na minha cabeça, eu começo a pensar. Eu quero escrever uma história sobre essa pessoa aí ele começa a se desenvolver “nossa essa pessoa ela é assim, ela é teimosa”. Aí começa pelo personagem sabe, aí vai criando uma história e se ela conhece um cara que é mais teimoso que ela e aí eles brigam, aí tipo a história vai se formando em volta disso, geralmente começa nessa semente da personagem“.

Ao ser indagada sobre o mercado literário nacional hodierno, a profissional relata a clara carência de reconhecimento de autores não-brancos, indígenas, membros da comunidade LGBTQIAP+ e ressalta a importância da representatividade nesses ambientes. Tais sinais de representatividade que a mesma busca retratar em seus livros e que se mostra tão importante para a sociedade em geral.
Bom, e se você, cara leitora, ficou curiosa para ler as obras incríveis de Solaine Chioro, o que está esperando? Corre para a Amazon que lá é possível encontrar TUDO da autora. A Julietta deseja todo o sucesso para esta profissional incrível!
Escrito por: Anna Julia Ponciano e Letícia Guedes