“Em uma Terra Muito Distante… Havia um Crime!”, ops! Haviam críticas

“Once Upon a Crime”, traduzido para “Em uma Terra Muito Distante… Havia um Crime” ou ainda “Em uma Terra Muito Distante? Havia um Crime” pela Netflix, é uma produção japonesa lançada em setembro de 2023 que conta com Kanna Hashimoto (“The Third Finger Offered to a King”) e Takanori Iwata (“Anti-Hero”) no elenco.

A história traz Chapeuzinho Vermelho como uma detetive peculiar que me fez, sinceramente, duvidar até o último minuto se não tinha sido ela mesma a matar o “desquerido”. Mas, felizmente, não foi ela! Por mais engraçada que seja sua cara de quem consegue perfeitamente encobrir um crime. E, sim, tem uma cena assim no filme! Que chega a ser um pouco estranha, mas que você entende que casa perfeitamente com a proposta do longa. Afinal, para pré adolescentes, o filme cumpre o que promete. E é ai que a gente entra.

Por se tratar de uma história com classificação etária de 12 anos, imagina-se que seja um filme relativamente leve. E é, de fato. Se você não considerar que uma das personagens quase joga os seios em cima do príncipe — que em alguns pontos, até pode ser descrito como “babaca”. Ainda assim, é uma releitura interessante dos contos de fadas que faz o telespectador pensar em assuntos que, a primeira vista, podem passar despercebidos — por serem abordados sutilmente, apesar de maneira eficiente.

(Foto: Reprodução/Netflix)

Chapeuzinho Vermelho está em busca de suas próprias aventuras, até se encontrar com Cinderela — uma jovem atormentada por sua madrasta e as duas meia-irmãs. Cinderela tem um sonho: ir ao baile e conhecer o gentil príncipe de seu reino, o qual parece se diferir de todos os outros súditos do país, que só pensam no exterior e na beleza das coisas. Em outras palavras, uma pessoa considerada “feia” não poderia entrar no palácio. E é aí que a história começa a se desenrolar.

Primeiro de tudo, o crime é perfeito. Chapeuzinho Vermelho vai ao baile com Cinderela e, no caminho, descobrem que o renomado cabeleireiro real foi morto. Inicialmente, as jovens imaginam que foi culpa da carruagem delas, mas, ao analisar melhor, percebem que ele já estava morto antes disso. Então, Chapeuzinho tem até a meia-noite — tempo que dura o feitiço — para desvendar quem é o verdadeiro culpado.

Os pontos mais interessantes a serem abordados neste texto, são as críticas sociais em cima do padrão de beleza inalcançável, o qual nos fere e nos obriga a fazer coisas que não gostaríamos; a quebra parcial do machismo, enfatizando livremente a confiança no trabalho de uma mulher desconhecida; e outras lições de moral que contos de fadas sempre possuem — sempre.

No país da história, como mencionado anteriormente, as pessoas vivem numa busca incansável pela beleza. Busca que obriga as pessoas a se sacrificarem além do normal. A prova disso é quando uma das meia-irmãs de Cinderela, Anne, se vê obrigada a cortar o cabelo que tanto amava apenas para tentar conquistar o príncipe — e ela amava muito, muito mesmo o cabelo. É nítido nos trejeitos da personagem o desconforto com o novo visual. Um desconforto que, ainda que tenha sido hipoteticamente benéfico, fez com que ela não se sentisse ela mesma, o que deveria ser um ponto ainda mais crucial para conquistar o coração real. Sem contar uma fala do próprio príncipe, em que uma das personagens pede para ele dizer novamente que ela é bonita, e ele simplesmente diz “você é desprezível” [tudo bem, essa parte pode estar sujeita a interpretação pessoal, mas eu, ainda assim, achei crueldade!]

O segundo ponto que quero destacar é sobre a confiança no trabalho da Chapeuzinho Vermelho. Sabemos que no mundo real, uma mulher talvez não fosse ouvida como ela foi. Então, assistir os guardas reais confiando no trabalho dela é, simplesmente, delicioso, ainda mais por eles não a conhecerem anteriormente.

(Vídeo: Reprodução/Youtube)

Algumas cenas chegam a ser cômicas; outras, te farão ter raiva dos diretores por terem mudado alguns pontos cruciais das histórias dos contos de fadas. Mas vale a pena ter em mente que, o mais importante aqui, é o fato da obra de uma releitura e isso ter sua importância. As críticas são discretas, mas percebíveis, e eu não imagino que seja uma obra para adultos. É interessante para adolescentes que estão em formação, talvez, mas uma boa opção para quem quer assistir uma história leve que irá te tirar algumas risadas, como a presença de uma bruxa ilustre que nada tem de bruxa e sua sobrinha que adora praticar fazer sapatos novos e transformá-los em sapatinhos de cristal.

Para o que o filme promete, a nota é 5/5

Escrito por: Ana Clara Reis

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