Feita de escrita, leituras e jogos, Nathalia Scacciotto Harri — ou apenas Nathalia S. Harri — é autora de livros como “A Guerreira de Monterúm”, “A Caçadora do Rei” e “Ao Norte do Amor”. E em homenagem ao próprio trabalho, ela revelou em primeira mão para a Julietta que, se pudesse trabalhar com uma personagem feminina por uma semana, sua escolha seria a Garissa, de “A Guerreira de Monterúm”. “A Garissa é uma personagem que ao mesmo tempo que se doa, sabe colocar limites. Ela é aquele tipo de pessoa que você pode contar se estiver precisando, mas que não deixa ninguém montar e mandar nela sem sentido, e exatamente por isso eu acho que tenho muito a aprender com ela. Ela é corajosa e enfrenta os desafios que encontra no caminho de cabeça erguida, ela não desiste, e a persistência dela, mesmo quando tudo parece estar dando errado, é inspiradora, afinal, quantos empecilhos não encontramos no caminho que nos fazem querer desistir? Por isso, eu adoraria ter a Garissa ao lado!”, declarou a autora.
Nathalia afirmou que começou a escrever quando ainda era criança, brincando. Ela se deitava na cama e passava horas se divertindo enquanto recriava os filmes favoritos na própria cabeça. Mas foi em meio a solidão da adolescência que as histórias que ficavam rodando em seu coração foram parar no papel. “Quanto mais eu escrevia, mais empolgada eu ficava”, admitiu a autora. Ela continuou escrevendo porque isso se tornou parte de quem ela era e é. “Eu não consigo pensar na Nathalia que não escreve, porque ela me parece uma pessoa sem sentido, uma pessoa incompleta. O júbilo que eu sinto de sentar e simplesmente colocar para fora tudo o que está na minha cabeça só é maior quando eu sento para ler o resultado. É engraçado, mas eu realmente fico muito empolgada com meus livros, eu paro, leio e me conecto com os personagens de um jeito que sempre me trazem a sensação de que era exatamente aquilo que eu deveria estar fazendo”, justificou Nathalia.
Mas por quê as pessoas deveriam ler suas histórias? “Eu entrego tudo de mim nos meus livros, e justamente por isso, por buscar entregar o melhor que eu puder, eu nunca me obrigo a escrever, eu permito que a história se construa vagarosamente se for necessário, contanto que ela faça sentido, que ela consiga capturar todo o potencial que ela pode ter. E eu faço isso justamente porque eu quero oferecer aos meus leitores a mesma empolgação que eu sinto com os livros que eu amei ler. Eu sou aquela leitora que ri, chora, se empolga, fica triste e feliz pelos personagens, ama junto com eles, se entrega às aventuras ou aos amores que encontram, e tudo isso é um aprendizado que eu levo para tentar oferecer essa mesma experiência com meus livros. E não tem sensação melhor do que quando eu recebo uma mensagem de alguma leitora e descubro que consegui atingir meu objetivo”, ela mesma explicou.
Em suas respostas, a Julietta teve a certeza de que todo amor e empolgação da autora foram o mais perfeitamente transmitidos. Mas também, descobrimos um ponto que a faz ser uma autora ainda mais especial, totalmente fora dos padrões: hoje em dia, ao contrário do sonho de muitas escritoras pelo mundo, ela prefere publicar independentemente. “Meu primeiro livro eu publiquei com uma editora, e eu aprendi muita coisa e diria que foi essencial para que eu entendesse melhor desse meio. Hoje, eu publico de maneira independente porque me encontrei mais quando tive 100% de autoridade sobre as decisões a serem tomadas em relação a capa, diagramação e etc. Tem muitos desafios, eu sei que ainda tenho muito o que aprender, e lançamento causa um estresse desnecessário (hahaha), mas o resultado vale muito a pena”, contou.
Ela acrescentou coisas que gostaria de mudar no mercado brasileiro se possível: O preconceito! “Isso vem melhorando com o tempo, eu via uma resistência maior a livros nacionais antes do que vejo hoje, mas ainda assim é uma parcela muito grande da população que acha que somente obras internacionais tem valor, e é algo que as editoras mais influentes acabam reiterando quando elas focam tanto em obras internacionais. Isso também parece estar mudando, também tenho visto uma abertura um pouco maior em algumas editoras de renome em relação aos escritores nacionais, mas o investimento que é colocado em obras que estão bombando lá fora é muito maior, e consequentemente elas bombam aqui também. Acho que se os escritores nacionais tivessem metade do que é investido em obras internacionais, o nosso mercado conseguiria se abrir mais e dar mais oportunidades aos autores regionais”, declarou.
Se um de seus livros virassem uma adaptação cinematográfica, ela gostaria que fosse “Ao Norte do Amor”, justamente por mercado. “Além do mais, o livro se trata de uma brasileira que acaba na Finlândia, e eu sempre fico empolgada com a ideia das pessoas conhecerem mais sobre um país do qual não se fala muito. E em relação aos atores, acho que a Rafaela seria muito bem representada pela Isis Valverde, e o Tuomas pelo Chris Carmack. Fiquei até empolgada com esse casal [risos]”, explicou melhor. Mas, para sua carreira, ela sonha que cada vez mais chegue um pouco mais longe. Ah, e ela assina seus livros com o nome verdadeiro! Apesar de ter um nome grande o qual, por vezes, aparece abreviado — mesmo ela não se arrependendo disso nem um pouco.
Ela finalizou a entrevista dizendo que entende que vez ou outra alguns problemas podem surgir, e que faz o possível para que o respeito seja a base de tudo num cenário em que é extremamente difícil agradar todo mundo. “No fim, nem eu mesma consigo me agradar em tudo”, afirmou Nathalia, que se descreve como uma autora fantasiosa, romântica e sonhadora.
Escrito por: Ana Clara Reis