#LivrosBolinhos&Chás: Como Ilana Casoy se tornou referência no true crime brasileiro

O fascínio por crimes reais não é novidade, mas o true crime se tornou um dos gêneros mais consumidos da atualidade. Livros, documentários e podcasts dedicados a reconstituir assassinatos, investigações e perfis criminais conquistam um público fiel e ávido.

Embora marcado por histórias de violência, o gênero vai além do choque e da curiosidade: ele levanta debates sobre segurança, comportamento humano e falhas no sistema judicial. Curiosamente, a maioria dos leitores e espectadores de true crime são mulheres! Sendo assim, o dado desperta discussões sobre medo, prevenção e a necessidade de compreender os perigos do mundo real.

No Brasil, uma das principais referências no estudo e na escrita sobre o tema é Ilana Casoy — criminóloga e autora que dedicou sua carreira a decifrar crimes emblemáticos e levar o universo da investigação para um público crescente.

Ilana Casoy é criminóloga, escritora e uma das maiores especialistas em true crime no Brasil. Formada em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ela trilhou um caminho inusitado até se tornar referência no estudo da mente criminosa. Apaixonada por investigações e perfis psicológicos de assassinos em série, a administradora se aprofundou no tema por conta própria, estudando técnicas de análise criminal e participando de cursos e encontros com autoridades da área.

(Foto: Reprodução/Internet)

Seu conhecimento a levou a colaborar com investigações reais, além de se tornar uma das autoras mais respeitadas do gênero no país. Esse interesse crescente pela criminologia resultou em sua primeira publicação, “Serial Killers – Louco ou Cruel?” (2008), que trouxe ao público brasileiro um estudo aprofundado sobre assassinos em série, explorando tantos casos internacionais quanto nacionais.

Em seguida, publicou “Serial Killers – Made in Brazil” (2009), um trabalho pioneiro sobre os perfis criminosos no Brasil. O sucesso de suas pesquisas a consolidou como uma das maiores estudiosas do tema no país. Em 2016, ambos os livros foram relançados em um único volume intitulado “Serial Killers – Anatomia do Mal”. Além dos estudos sobre serial killers, Ilana também se dedicou à reconstituição de crimes que chocaram o Brasil, como os casos Richthofen e Nardoni, detalhados em “Casos de Família”(2006).

Sua parceria com Raphael Montes também resultou em “Bom Dia, Verônica” — romance policial que deu origem à série homônima da Netflix. O thriller acompanha uma escrivã de polícia que se envolve na investigação de crimes brutais, enfrentando uma rede de corrupção e violência. Com uma narrativa intensa e personagens complexos, a série conquistou sucesso internacional, consolidando Ilana não apenas como especialista em crimes reais, mas também como uma talentosa roteirista de ficção.

(Foto: Reprodução/Internet)

O trabalho de Ilana Casoy vai muito além de relatar crimes brutais. É um esforço em ajudar a lançar luz sobre questões fundamentais da sociedade, como violência, justiça e o funcionamento das investigações criminais. Suas pesquisas detalhadas não apenas esclarecem casos que marcaram o Brasil, mas também contribuem para uma compreensão mais profunda da mente criminosa e das falhas do sistema judicial. Ao tornar esses temas acessíveis ao público, Ilana não apenas informa, mas também instiga debates sobre segurança, prevenção e os impactos da violência na vida das vítimas e suas famílias.

Embora o true crime seja consumido majoritariamente por mulheres, ainda são poucos os nomes femininos na autoria e condução de investigações. Ilana Casoy e algumas autoras conhecidas quebram este padrão. Ademais, o fato de mulheres estarem à frente dessas discussões reforça a importância de dar voz àquelas que historicamente foram silenciadas.

Crimes violentos, especialmente os que envolvem feminicídio, abuso e violência doméstica, têm como vítimas majoritárias as mulheres. Ter especialistas femininas analisando e escrevendo sobre esses temas permite que essas histórias sejam contadas de maneira mais crítica e realista, sem cair em estereótipos ou romantizações.

(Foto: Reprodução/Internet)

Ao ocupar um espaço que por muito tempo foi dominado por homens, Ilana abriu caminho para que outras mulheres se destacassem na análise e narrativa de crimes reais. No Brasil, Vera Araújo se destaca no jornalismo investigativo. Enquanto isso, no cenário internacional, temos Ann Rule, Tori Telfer e Maureen Orth com a abordagem do olhar feminino, o que tem sido essencial para aprofundar a discussão sobre violência e justiça.

A crescente participação de mulheres no true crime não apenas enriquece o gênero, mas também reforça a importância de contar essas histórias com responsabilidade e sensibilidade. O crime sempre teve vítimas, mas hoje, mais do que nunca, há mulheres escrevendo sobre ele — e garantindo que essas histórias sejam compreendidas com a profundidade que merecem.

Escrito por: Júlia D’Ávila.

Revisado por: Leticía Guedes.

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