Caras leitoras da Julietta, vocês já ouviram falar da Liberdade e do Bom Retiro? Ambos são bairros famosos localizados na grande capital de São Paulo e que tornaram-se grandes fenômenos de referências para os amantes da cultura oriental pelo Brasil. Mas como hábitos e tradições tão diferentes se juntaram ao nosso país? Eu me fiz essa mesma pergunta durante a minha última passagem por São Paulo no mês passado.
Planejada para ser uma viagem com amigos de última hora, posso confessar que fiquei mais que encantada com a explosão de cultura e personalidade desses dois lugares. E como uma boa estudante de jornalismo que não descansa [quase nunca], não poderia deixar de registrar minhas impressões ao estrear nosso mais novo quadro aqui no blog intitulado #JuliettaIndica. Preparadas para um rolê cultural? Vamos lá!
Bom Retiro
Localizado na área central de SP, o bairro protagonizou primeiramente uma ocupação de ingleses que, motivados a manter relações de moradia e trabalho atreladas a si, buscaram adentrar-se ao território. Os coreanos tiveram sua vez a partir da década de 1960, impulsionados por indicações familiares e melhores condições de vida. Isso é o que diz a professora Margareth Rogante durante uma entrevista para o veículo Agência Brasil. Segundo a especialista, muitos descendentes que chegavam por aqui dedicavam suas rotinas nas fábricas e fazendas da época..
Bom, e como esse lugar virou um símbolo da cultura coreana? Simples, compartilhamento dos ensinamentos construídos pelo seus antepassados e impulsionados pela miscigenação e a celebração das diversas culturas — coisa que o Brasil tira de letra! Óbvio que tudo isso é intensificado quando colocamos a tecnologia na frente, principalmente com a popularização em massa da cultura sul coreana nos últimos anos.
O movimento, também chamado de k-wave (“korean wave”), pode ser explicado com a “quebra da bolha” das indústrias audiovisual e fonográfica do país. Os exemplos são incontáveis. Na música temos os debuts de grupos de kpop mundialmente conhecidos como BTS, Blackpink, New Jeans; atravessando os sucessos globais das séries e filmes de k-drama; até aterrissarmos no universo dos produtos de “k-beauty”. Sendo assim, o sentimento não é outro: você consegue SIM se sentir em seu próprio dorama no Bom Retiro. São diversos restaurantes, lanchonetes, karaokês coreanos e barraquinhas de comida — sério, dá vontade de ficar um dia inteiro por lá.
De indicação para vocês, caras leitoras, deixo minha passagem principalmente pelo mercado Otugui. Estabelecido como a maior rede de supermercado coreano na América Latina, você com certeza encontrará aquelas comidinhas referências nos vídeos de tiktok, ou até mesmo mencionadas no seu dorama favorito. As opções são das mais diversas, indo de bebidas de sabores diferentes, comidas instantâneas, temperos, verduras e legumes.
Outro ponto bem interessante em todo o bairro é o destaque para o mundo do k-pop em praticamente todo tipo de estabelecimento! O próprio Otugui apresenta um espaço reservado para a compra de artigos relacionados aos seus artistas favoritos como bottoms, camisas, cards colecionáveis etc. Uma verdadeira imersão. Incrível, né?
Liberdade
E como não visitar um dos maiores pontos que mescla cultura, gastronomia e arte da capital paulista, não é mesmo? Pois bem, após desbravar bastante o metrô local [experiência de uma carioca que não estava preparada para a quantidade de estações que existem em São Paulo], finalmente chegamos no bairro da Liberdade. Mas antes, como uma boa amante de museus que me considero, nosso destino iniciou-se pelo Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil.
Para contextualizar, a imigração dos japoneses para o Brasil se deu no início do século XX, mais especificamente com a chegada da expedição marítima Kasato Maru em 1908 no porto de Santos. A partir dali, centenas de famílias foram destinadas a trabalhar nas grandes fazendas, visto que nosso país na época vivia o auge do comércio cafeeiro.
Uma percepção admirável que tive em toda a minha visita ao museu é o respeito e hospitalidade transmitida pelos japoneses ao contarem suas origens. E mais, o tamanho do acervo material é de se surpreender! São quadros, tecidos e roupas utilizadas na época, pedaços de armaduras utilizadas em guerra, artigos de luxo… e a lista segue. O museu, para além de uma linha do tempo, é porta de entrada para todo o recurso cultural que o bairro promete.
Agora caminhando pelas emblemáticas ruas com lanterninhas vermelhas, nos aproximamos do que posso chamar de uma verdadeira experiência gastronômica. Desde compras de produtinhos industrializados, até aquele bom hot roll feito na hora nas barraquinhas de comida, a Liberdade configura-se como uma explosão da culinária oriental [e local no qual deixei bom dinheiro planejado para a viagem, diga-se de passagem].
Andar no bairro como um todo é uma imersão; são aromas, idiomas, costumes diferentes sendo partilhados na sua frente. É notável até a sensação de pertencimento de muitos que passam por lá. Ao passear, vemos pessoas fantasiadas de seus personagens favoritos de mangás e desenhos, ou então apresentações de danças típicas. Ah! E se você é uma grande fã de cafés temáticos, indico dar um pulinho nas famosas We Coffe e na Cafeteria 2D da Hello Kitty — são as coisas mais fofas do mundo.
Por fim, deixo minhas ressalvas para as livrarias e empórios do bairro que me encantaram com a quantidade de objetos colecionáveis e também atrelados a cultura pop em geral. Além disso, o sentimento de que eu poderia facilmente comer um hot dog coreano junto com o meu novo refrigerante favorito de morango praticamente toda a semana [hahaha]!
E aí, vale a pena visitar?
COM CERTEZA! Vale ressaltar que você também não precisa ser expert na cultura oriental, ou saber realmente todos os doramas que passam na Netflix atualmente para se sentir imersa no local. A Liberdade e o Bom Retiro se tornaram em espaços ótimos para passeios tranquilos e agradáveis em família e amigos, além de uma verdadeira aula de história e arte da cultura dos antepassados. Com isso Juli Girls, um fato é: vai você está planejando se aventurar por São Paulo, já tem dois lugares mais do que marcados no seu roteiro!
Até o proximo #JuliettaIndica! Beijinhos.
Escrito por: Letícia Guedes.