#JuliettaEntrevista: Thiarlley Valadares fala sobre a dualidade de escritora e jornalista

Se Thiarlley Valadares pudesse trabalhar com uma personagem feminina por uma semana, seria Ágatha Simões — protagonista de seu livro “Não é o que Parece”. Com um romance entre jornalistas, Thiarlley nos surpreende positivamente com um jogo de conquista por permanência no trabalho, e muito romance para aquecer nossos corações. Você já viu a capa desse livro? As artes das personagens? Ágatha e Jorge são simplesmente divinos e encantadores à primeira vista. “Ela tem uma postura de trabalho que eu gostaria de ter. As vezes eu penso que ela é meu alter ego. Porque assim como eu, ela é jornalista. E assim como eu, ela é uma mulher negra, que passa por situações de racismo e machismo e consegue lidar muito bem com isso. Ela consegue se impor muito bem. E ao contrário da realidade, ela ganha bem. Eu gostaria de aprender com ela essa liderança, num ambiente em que a maioria é branco e masculino”, explicou a autora. 

(Foto: Reprodução/Pinterest)

E para quem prefere aquela premissa clichê de romance adolescente, temos “Amor em lugares fechados”, também de Thiarlley, mas que começou com uma fanfic a qual ela escreveu aos dezessete anos. “Comecei com uma amiga minha. Não terminamos e ficou lá”, compartilhou. Thiarlley também mantém uma pasta fechada com os arquivos de histórias nunca finalizadas, a qual visita de vez em quando e sempre lhe tira algumas risadas de “como assim eu escrevi isso?”. Uma fofa, não?! Nesta história, Madison, a protagonista, tem um quê das inseguranças e desejos de sua criadora na fase da também adolescência. 

Durante a entrevista, a autora trouxe um questionamento importante: as pessoas costumam julgar as fanfics — que foram e são responsáveis pelo início de muitas escritoras — como algo fútil, principalmente por serem associadas às mulheres. Mas e se elas fossem uma “coisa de homem”? Provavelmente, o cenário que conhecemos seria outro. “Por isso, ter um projeto voltado para mulheres [autoras nacionais], é muito importante”, comentou sobre a iniciativa da Julietta. Ainda acrescentou que, no ambiente em que está inserida enquanto autora nacional, não sente que é uma competição de “eu sou melhor do que você”, e sim que mulheres neste mesmo barco estão sempre tentando se ajudar. “Leitores não leem um livro só. Então, estamos sempre nos ajudando. Nós lemos umas as outras. Divulgamos umas as outras e orientamos umas as outras também, porque cada processo de é diferente”, afirmou Thiarlley. Ela fez questão de afirmar que ficou feliz que uma revista do Rio de Janeiro tenha chegado até a ela, que vive no Sergipe.

 “Leia pela identificação. E se não, leia pela compreensão”. É isso que Thiarlley Valadares pensa sobre o porquê das pessoas lerem suas histórias. Em “Não é o que Parece”, temos um casal de protagonistas que são, respectivamente, uma mulher negra e um homem asiático. “Se você pegar apenas essa pequena parte [a capa do livro] e resumir a história a uma história sobre minorias, você vai estar tirando, ignorando muito do que a história realmente é”, opinou Thiarlley. 

Quanto à carreira como escritora, em relação às críticas e semelhantes, ela acredita que é importante entender os comentários construtivos. Que vezes, as pessoas vão gostar das suas histórias; outras, nem tanto assim. Mas, ao mesmo tempo, ela também acredita que a gente se deve dar o direito da imaturidade: compreender que se alguém criticou, e de fato você precisa melhorar aquilo, tudo bem. É só ir aperfeiçoando para fazer seu melhor, mas sem se martirizar por conta disso. Muitas vezes, é sobre compreender que você não escreveria a mesma coisa que escreveu cinco, dez, vinte anos atrás, hoje em dia — até porque, o tempo muda e nós também.

Se você se interessou pelas histórias de Thiarlley Valadares e por suas opiniões e visões sobre a vida, você com certeza vai correndo conhecer suas obras e um pouco mais dessa mulher incrível, determinada e que está ansiosa para mostrar pelo que veio — e pelo que a fará se estabelecer cada vez mais como uma das vozes mais potentes desta geração.

Escrito por: Ana Clara Reis 

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