Com suas histórias, Juliana Reis tem a comunidade LGBTQIA + em suas mãos, escrevendo sobre romances sáficos e com um draminha na medida certa, é impossível não querer mergulhar em seus livros. No tédio da pandemia, depois de consumir todos os conteúdos lésbicos possíveis, Juliana começou a escrever e mostrar capítulo por capítulo para suas amigas. Com muito incentivo, foi postando no Wattpad, e quando menos esperava, já tinha um grupo no WhatsApp com 40 leitores esperando ansiosamente para a próxima parte da história. Foi nessa aventura que recebeu a proposta de tornar sua história despretensiosa em um livro físico, e num piscar de olhos ela se viu como autora que tinha fãs e um livro em várias prateleiras do Brasil.
“Borboletas pra lá e pra cá” foi seu primeiro livro. “Eu abri um um documento que eu já tinha escrito alguma coisa nele, tipo um parágrafo que não tinha absolutamente nem pé nem cabeça, era só um parágrafo de uma coisa aleatória, inclusive é o primeiro parágrafo de borboletas, aí eu só comecei a escrever. Eu não tinha montado personagem, não tinha montado nada, comecei a escrever… e aí comecei a escrever… e fui escrevendo, e aí quando eu vi eu tinha um livro do nada, tipo assim? Foi meu primeiro [livro] e eu não escrevia há anos, e desde então eu sou escritora”, compartilha a jovem.
Momento sinopse de “Borboletas pra lá e pra cá”: Laís Monteiro, uma adolescente de 17 anos, encara diversos bloqueios quando se trata desse assunto. Lidando com um turbilhão de responsabilidades da vida adulta antes do tempo, ela não se permite sentir nada muito intenso após aprender, ainda muito nova, a viver por conta própria devido a ausência de seus pais. Agora, sua única família são as melhores amigas e os motoristas de ônibus, pelos quais ela nutre um carinho imenso.
Assim que uma parte de sua vida muda, todo o resto resolve ficar de pernas pro ar. O amor vem até Laís quando uma menina se muda para a cidade, entrando em sua vida sem nem pedir licença e enchendo sua mente de confusões. Junto com a gatinha Nina, pijamas de patinhos e muitas fornadas de bolo de chocolate, Laís tenta lidar com esses novos sentimentos. Principalmente, com as borboletas em seu estômago. Pra lá e pra cá.
Com uma relação de amor e ódio por Laís, Ju admite que é a personagem com que ela mais se parece, dividindo muitas manias. Na criação de seus personagens, ela começa criando uma pasta no Pinterest e monta uma personalidade inteira através de tudo o que a foto transmite, e chega a características específicas demais que talvez nem vá estar nos livros, dando vida aos seus personagens.
As suas maiores motivações para continuar escrevendo são suas leitoras, e no nosso bate papo ela agradece muito todo o amor que recebe. “Toda vez que eu entro nesse limbo de ‘estou insegura, não sei se isso vai pra frente’, enfim toda vez que eu começo a questionar o que eu estou fazendo, eu me agarro nelas. Nas mensagens que eu recebo, em todo o acolhimento e todo o apoio que vem pela internet ou até fisicamente quando tem algum evento. Eu penso nas meninas mais novas que mandam mensagem falando que se descobriram por causa de alguma obra minha, falando que se aceitaram. E é eu nisso que eu me agarro, no quanto teria sido mais fácil ter representatividade durante o meu processo de aceitação, de me descobrir e o quanto as coisas estão mudando para essas gerações vindo agora. […] Nesse apoio, nesse carinho, saber que alguma história minha mexeu com uma leitora que seja, eu já tenho motivo o suficiente pra continuar acreditando. Então eu acho que é isso, é muito por elas mesmo”, desabafa a escritora. Para Juliana, não existem motivos que a façam desistir de seu sonho, que é “simples” — um evento de lançamento cheio de rostinhos que ela vê na internet, conseguir dar atenção e conversar, ter uma troca legal.
Como uma boa libriana indecisa, fazê-la decidir entre milhares de opções em nossas perguntas foi uma tortura —-prometemos que ninguém se machucou no processo — Se Ju pudesse trabalhar por 1 semana com uma personagem feminina, seria a Leighton Murray de A Vida Sexual das Universitárias. “É uma sapatrícia. E ela é tudo, tudo, tudo, tudo. Ela é universitária, então eu vou abrir uma vaga de estágio [risos]”. Se uma de suas obras se tornassem um audiovisual, ela gostaria que fosse “Oitavo Andar”. Opa, não, na verdade, a história em que está escrevendo agora [haha] que é inspirada em Simplesmente Acontece. Ai…friends to lovers… já estamos animadas para saber mais detalhes!
Juliana Reis é aquela amiga parceira, divertida, sempre com uma história boa para contar, seja com uma cervejinha no karaokê da Feira de São Cristóvão ou na Praia de Ipanema com um bom mate com limão. A Julietta mal vê a hora de ler “Amor em 12 meses sem juros”, seu próximo livro físico!
Escrito por: Jullia Vieira