#JuliettaEntrevista: com algum café, Lis Vilas Boas

Lis Vilas Boas ou Lis Bittencourt? Depende de qual personalidade você conhece [haha]. A Bittencourt é apaixonada pelo mar, enquanto a Vilas Boas é uma ótima contadora de histórias. Hoje, vamos falar da Lis autora, a apaixonada pela escrita, a Lis que quer café. “Eu não tenho outra escolha. Assim, eu sempre vou acabar escrevendo e continuando escrevendo. Uma coisa que faz parte da minha trajetória enquanto escritora, é que apesar de eu escrever desde sempre, eu tinha muita vergonha de mostrar para as pessoas o meu trabalho. Então, eu tinha mil arquivos escondidos em mil pastas no computador pra ninguém da minha família encontrar, não deixava ninguém ver. E aí, quando a gente chegou na pandemia todo mundo achou que ia morrer e eu decidi, falei: ‘Nossa, eu não posso morrer antes de ver até onde isso pode ir, se esse sonho tem como virar realidade“, conta a autora. Foi um pouco pressionada ali pela pandemia, mas o resultado foi muito bom, né?

Agora, Lis pede pra ser vista, na verdade, mais lida do que vista, e diz os motivos para lerem seus livros. “Mesmo que todas as minhas histórias sejam num contexto fantástico ou de ficção científica, elas também trazem alguma coisa muito no mundo real assim, sabe? Eu acho que mesmo parecendo que não, tem ali uma mensagem pra alguém que já viveu aquela coisa e eu acho que às vezes as pessoas precisam saber que alguém já passou por isso. Eu quero que as pessoas consigam usar as minhas histórias para aumentar o espaço em que elas vivem, seja através de uma compreensão do mundo natural ao seu redor ou de que nem todo relacionamento é saudável”, explica a profissional.

(Foto: Reprodução/@lisquercafe)

E quanto aos seus personagens, o processo de criação não tem um padrão, mas ela costuma pegar experiências vividas por ela como um ponto de partida. “Mesmo que a personagem não tenha a minha personalidade ou não tenha outras similaridades comigo. Eu gosto de pegar uma sensação, uma emoção ou algum pensamento que eu já vivi pra me dar uma base de desenvolvimento. Então algum problema de assédio que já tenha sofrido, isso já motivou histórias minhas, personagens que são subestimadas, eu acabo escrevendo muito sobre elas também, que em certo grau toda mulher é subestimada então eu costumo partir disso e depois disso é bem aleatório“, diz Lis.

Aqui vai a  sinopse do seu último conto publicado, “As sete mortes de uma sereia”. “Os gatos vem e vão como querem, mas quando chegam na villa de Madre Luzia os pescadores sabem que são os sete mares vagando pelas docas, aguardando oferendas em troca de ventos favoráveis e um lucrativo dia de pesca. São exigentes, não é fácil agradá-los, mas Juan está disposto a tudo para ter seu maior desejo realizado. Ele traz um amor e uma maldição no peito, fincados na alma através de muitas vidas. Ele se arrisca pescando o peixe mais valioso da região e faz a maior oferta que um pescador pode fazer. Em seu desespero, talvez não esteja pronto para aceitar as consequências do que lhe é concedido.” — Intrigante, não é mesmo?

É provável que o oceano também sempre volte para Lis, por aqui temos dois contos sobre o mar. Ela também comentou como decidiu cursar e o porquê da Oceanografia. “Eu sempre fui muito apaixonada pelo mar e ironicamente eu também morria de medo do mar, então o mar foi o primeiro medo que eu superei assim, de forma consciente e justamente por todo o fascínio que eu tinha. Eu sou do interior do estado do Rio de Janeiro, não tem praia então o mar pra mim era muito uma coisa associada a coisas positivas, liberdade, das férias e eu queria muito trabalhar com isso e na época eu não acreditava que a carreira de escritora era possível, e assim, de fato não é uma carreira que pague as contas, né? Mas na época isso não era realmente o que eu pensava. Eu tinha essa necessidade de perseguir o mar e isso me levou a fazer a oceanografia e eu tinha vergonha que as pessoas conhecessem as minhas histórias também. Então eu fui atrás da oceanografia para sanar um desejo meu, e aos poucos foi me empurrando de volta pra escrita, né? O as ondas foram me me jogando pro mundo dos livros de novo” — Vemos aqui uma Lis realizada e feliz com suas duas versões. 

Se ela pudesse trabalhar com uma personagem feminina por 1 semana seria a Miss Marple, de Agatha Christie, e se imagina tomando um cházinho da tarde resolvendo os crimes misteriosos ao lado dela, mas sem se envolver em nada perigoso! O livro que todos deveriam ler, segundo Lis, é “O Feiticeiro de Terramar” da Úrsula K. Le Guin. “É um livro de fantasia, o personagem principal é um jovem feiticeiro, […] mas esse livro tem uma frase que eu gosto muito que é “acender uma vela é lançar uma sombra”, ou seja, o mundo é feito de muitas nuances, até quando a gente acha que está fazendo uma coisa muito incrível, muito boa, há algumas consequências ali a partir disso. E a gente precisa sempre aprender a caminhar nessa dualidade aí da vida“, pontua a escritora.

(Foto: Reprodução/@lisquercafe)

Lis escreve para si e para suas amigas que ficam querendo mais e mais livros de sua autoria, e sua autora favorita é Fernanda Castro, sua amiga, autora de “Mariposa Vermelha” e “O Fantasma de Cora” e completa dizendo que se alimenta muito da escrita de suas amizades. 

Se pudesse tornar alguma de suas histórias um audiovisual, seria a história que vai vir com a editora Rocco, um romance sobrenatural entre uma bruxa e um lobisomem, os atores que fariam os personagens seriam o Cillian Murphy, o Thomas Shelby de Peak Blinders, e Isis Valverde. Apesar de um audiovisual ser uma vontade, seu sonho como escritora é ter uma linha de esmaltes, assim como Bridgerton que acabou de lançar uma com Risqué. A Julietta deseja todo o sucesso para esse talento que é Lis Vilas Boas!

Escrito por: Jullia Vieira

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