JuliettaEntrevista: Anna Martino, autora de “A Lua é Sempre a Mesma” e “Prosérpina”

Anna Martino é uma escritora, tem 43 anos, reside em São Paulo e se descreve em três palavras como “uma curiosa profissional”, além de dizer que as pessoas deveriam ler suas histórias porque ela é capaz de entreter o público com pouco e gosta de choque. Ela diz que escreve para si própria porque é a melhor maneira de raciocinar e entender o mundo, mas que também gosta da ideia das pessoas lerem o que ela escreve.

Anna Martino, autora. (Foto: Reprodução/Acervo)


Ao ser questionada sobre suas ideias e como surgiam, pontuou que sempre busca fazer um prompt de escrita, que nada mais é do que sempre anotar palavras que acha graça — ou, como a própria descreveu, “faço um surf de Wikipedia” quando pesquisa mais a fundo sobre algum assunto que lhe interessa ou que tenha descoberto recentemente. Uma outra fonte de suas inspirações são, em sua maioria, músicas que escuta e gosta. Quando perguntada sobre todo seu processo de escrita e suas principais motivações, “Precisava me entreter com algo, escrevo desde que era criança. Sempre fui introvertida, então escrever se tornou parte da minha personalidade”, respondeu a autora. Anna também foi questionada sobre o que havia a mantido na carreira até hoje e respondeu que seu maior apoio vinha de sua própria mãe. “Ela compra todos os meus livros, se eu vender somente um exemplar, com certeza vai ser ela quem vai ter comprado”, disse a autora.


Anna sonha com um de seus livros se tornando um audiovisual, mas também diz que deseja muito conseguir um maior espaço editorial. A escritora também coloca em sua lista de sonhos uma tarde de autógrafos em uma Bienal.


A entrevistada também diz gostar bastante de autoras femininas e ressalta a importância da presença de mais mulheres na literatura. Quando citado o projeto da Julietta de entrevistar mais mulheres durante o mês, a autora declarou que “já não era sem tempo. São muitas [autoras femininas] e as pessoas não conhecem.” Tendo dentro de suas próprias favoritas, Anna Martino destacou Emily Brontë e Margaret Atwood, por exemplo, mas também contou sobre uma autora brasileira em que vivenciou sua primeira experiência literária: “Fui criada com Ruth Rocha. Conheci ela pessoalmente em um evento na escola, ainda quando era bem pequena”, compartilhou.


Anna também citou Agatha Christie, onde chegou até a dizer que se pudesse trabalhar por um dia com uma personagem feminina, seria com Miss Marple — personagem fictícia da autora citada por ela. “Ela é muito interessante, já viveu bastante. Seria legal trabalhar com ela”, afirmou.


Em seus processo criativos, Anna descreve que em cada livro passa por um processo diferente para a criação de seus personagens: “Cada livro é um processo, depende do livro, alguns já vêm prontos, outros vêm com problemas a serem resolvidos”, explicou. Anna contou que publicar seu primeiro projeto foi bem difícil. Começou a publicar suas obras em 2016, quando ainda não existia muito o mercado independente de escritores. Diante disso, ela e uma amiga decidiram realizar a abertura de uma pequena editora inspirada nas norte-americanas. Atualmente, Anna não trabalha mais com a ex-sócia, mas a editora completa oito anos em setembro. Em uma de suas obras recentes, diz que se identifica muito com a personagem Gwen, que é a personagem que organiza a bagunça de todos os outros ao decorrer do livro, mas que, por outro lado, gostaria de ser o marido da personagem. “Ele é mais bagunceiro, eu sou muito organizada com tudo, igual a Gwen”, confessou.


De todas as obras da autora, lhe foi questionado qual delas ela escolheria para se tornar um audiovisual e de cara ela já sabia a resposta. “Escolheria ‘Senhor Tempo Bom’, pois ele foi escrito com diálogo de série. O personagem principal com certeza seria um ator desconhecido de Recife, qualquer um que tivesse olho azul, ou até mesmo o Jesuíta Barbosa”, disse Anna.

Para finalizar, Anna afirmou que todos deveriam ler “As Águas-vivas Não Sabem de Si”, de Aline Valek. Segundo a entrevistada, “o livro extrapola as ideias de ficção científica”. Além disso, foi perguntado à Anna sobre suas revistas favoritas; a escritora lê e recomenda a “Quatro Cinco Um” e tem como favorita a revista “Mafagafo”, onde diz conhecer muita gente de lá.

Escrito por: Sophia Naipe.

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