No dia 05 de junho, o filme “Sob as águas do Sena” entrou no catálogo da Netflix e permaneceu em primeiro lugar no top 10 de mais assistidos do Brasil. Com a direção de Xavier Gens (“Hitman – Assassino 47”), o longa conta com Léa Léviant, Bérénice Bejo (“O Artista”). No site do Rotten Tomatoes, a produção aparece com uma avaliação de 65% e audiência 32%.
O longa-metragem trata a história de Sofia, uma cientista especializada em tubarões que, após uma perda pessoal, e fica reclusa em seu apartamento. A partir desta premissa, a protagonista precisa correr contra o tempo e tentar capturar um tubarão fêmea que foi parar nas águas do Rio Sena. Tudo isso acontecendo nas vésperas da primeira vez que o país sediaria o anual Campeonato Mundial de Triatlo, uma famosa competição de natação no famoso rio.
Em um aspecto geral, os efeitos visuais são bem feitos, além das cenas subaquáticas serem bastante realistas. A direção de arte com Nicolas Massart, conhecido pelo seu trabalho em Rios Vermelhos (2000), Uma Família de Dois (2016) definitivamente foi o ponto a se comemorar. A data de lançamento do filme também foi bem escolhida, coincidindo com o início real do Campeonato Mundial de Triatlo no Rio Sena em 30 de julho.
Por outro lado, o enredo genérico e nem um pouco inovador não foi de muito agrado. A sensação que passa é que você está assistindo outro de vários filmes sobre animais aquáticos sedentos de sangue, lembrando de Piranhas do fundo do mar e Sharknado, como exemplos. O longa tenta passar uma mensagem fraca sobre a conscientização do meio ambiente, a pesca excessiva e o aumento da poluição dos mares. Além disso, retrata de maneira errônea e ingênua pessoas que são a favor das causas ambientais.
Há um considerável desperdício de personagens, sem personalidade, sem história de fundo ou características marcantes e estereotipados. A impressão que fica é que foram criando personagens para ocupar as lacunas da história. A protagonista é retratada como uma viúva triste que foi trabalhar em um aquário, que se recusa a procurar pelo tubarão e só decide agir quando pessoas começam a morrer.
Um ex fuzileiro naval com estresse pós traumático que surta quando as mortes começam, mas que só tem aparência e se interessa pela viúva. Ademais, as ativistas parecem adolescentes brincando de ser adultos, fazendo besteiras o tempo todo, desde a cena nadando sozinha no rio, desligar o rastreador do animal e causando a morte de mais de doze pessoas nas catacumbas.
Agora atenção, a partir daqui possui spoilers! Bom, a gravação debaixo da água, quando a Sofia está procurando o tubarão nas ilhas de plástico traz uma profundidade de real, não parece que foi gravada talvez em uma piscina. Em contraste com as gravações no Rio Sena, onde são águas turvas e sujas, o espectador pode sentir os personagens indefesos e perdidos.
A cena dos mil filhotes aglomerados escondidos nas catacumbas foi uma das poucas cenas que dá medo, especialmente quando os mergulhadores ficam encurralados e esperando a mãe das crias aparecer. A utilização um sinalizador vermelho para enxergar embaixo da água, a luz dá um ar ainda mais de tensão e desespero.
Por fim, tenho que evidenciar também quando a tubarão surge dos destroços da explosão de um dos canais do Rio e vai em direção aos competidores do triatlo enquanto faz a última volta da corrida. O animal começa a matar um por um, enquanto os militares atiram e acabam atingindo pequenas bombas de pós-guerra mundial que foram perdidas no rio, causando um tsunami e afundando Paris. Dá de fato para se arrepiar um pouco.
Agora, se você, cara leitora, ainda tem interesse por este gênero, aqui vai algumas recomendações de filmes de tubarão:
• “Tubarão”, de Steven Spielberg (1975)
• “Águas Rasas”, de Jaume Collet-Serra (2016)
• “Medo profundo”, de Johannes Roberts (2017)
• “Megatubarão”, de Jon Turteltaub (2018)
• “Terror nas profundezas”, de Marcus Adams (2023)
• “Desespero profundo”, de Claudio Fäh (2024)
Escrito por: Anna Julia Ponciano