Daisy Mae Winters é, surpreendentemente, uma das únicas protagonistas femininas a quem eu não atribuo fortes críticas. Como escritora, reconheço a dificuldade em criar personagens cativantes que prendam os leitores até o final da história, e Hawkins incrivelmente conseguiu isso desde as primeiras páginas, em que nos ambienta com a família Winters, uma família nem um pouco convencional.
Durante minha experiência, na qual comecei a ler despretensiosamente enquanto caminhava na esteira da academia, precisei controlar as risadas altas muitas vezes. De todos os livros que já consumi, me recordo de ficar esperando pelo enredo principal, aquele mencionado na sinopse, ansiosamente. Mas, desta vez, foi uma experiência completamente diferente. Não houve ansiedade, angústia e nem mesmo nervosismo.
A leitura apenas flui, com sua calma e naturalidade, me livrando de uma ressaca literária. Desde que entendi que não havia necessidade de consumir tudo em apenas um dia, e que eu poderia adaptar a leitura na minha atual rotina ––– que, diga-se de passagem, anda bem agitada ––– foi bem difícil encontrar uma história capaz de me lembrar do porquê eu amo tanto ler. E eu finalmente lembrei.
“Como Sobreviver à Realeza” foi um carinho para mim, e muito se deve a criatividade e habilidade da autora ao escrever a narrativa. Daisy é uma protagonista que, preciso confessar, esperava que fosse explodir em algum momento. No entanto, ela se mostrou compreensiva e leal às suas origens e, principalmente, aos seus princípios pessoais. Daisy tem orgulho de ser diferente, do cabelo vermelho, das roupas comuns e bregas, tipicamente americanas.
Ela gosta de coisas nerds e de trabalhar no caixa de uma loja, com a sua melhor amiga. Daisy vê sua irmã mais velha prestes a se casar com um cara da realeza, é afetada por isso e mesmo assim se mantém com a cabeça erguida. É um livro que fala sobre ser leal a si mesmo, sobre família ––– e, diga-se de passagem, a família Winters é uma das melhores já ficcionalmente criadas ––– sobre amizade e sobre a pressão de fazer o que os outros esperam de você, correndo o risco de se esquecer daquilo que verdadeiramente importa.
E ainda que romances slow-burn não sejam meus prediletos, é impossível não se apaixonar por Miles Montgomery e Daisy Winters no meio do clichê “eu não gosto de você”, que ainda nos rende uma cena de encerramento icônica e digna de série de TV.
Em poucas palavras, Rachel foi certeira.
Os personagens são encantadores, reais, com defeitos e qualidades; o desenrolar da história te faz curtir cada página em seu devido momento e, para fechar com chave de ouro, prova que caras de óculos e sapatos sociais ganham de lavada daqueles com calça justa e dinheiro no bolso.
NOTA: 5
Nome: Como Sobreviver à Realeza
Autor(a): Rachel Hawkins
Editora: ALT
Classificação: +12
Gênero: romance, drama
Categoria: YA (Young Adulto)
Escrito por: Ana Clara Reis