Muito se falou sobre a versão de 2019 da A24 de “Adoráveis Mulheres”, e da diretora Greta Gerwig que foi a mente por trás da adaptação. O que poucos sabem, é que o filme não é apenas uma releitura da versão de 1994, mas sim uma parte da história do livro “Mulherzinhas” de Louisa May Alcott.
A obra literária que foi usada como inspiração para ambos foi o maior sucesso da vida da escritora norte-americana, e carrega consigo as próprias experiências de vida da autora. Assim como Jo March dá vida ao cotidiano de sua família em um livro ao final da história, Louisa fez o mesmo na vida real. Foi assim que surgiu a história das irmãs March que viria a se tornar seu maior legado para a literatura norte-americana.

O livro se divide em quatro volumes: mulherzinhas, boas esposas, rapazinhos e os meninos de Jo. A leitura dos quatro é essencial para descobrir o destino da família March, que se entrelaça com o de vários outros personagens que virão a se tornar amantes, amigos, lições, ou as três coisas ao mesmo tempo.
A história contada por Louisa se passa na Nova Inglaterra em meados do século dezenove. No enredo, seguimos a rotina das quatro irmãs e sua mãe enquanto esperam pela volta do pai, que havia partido para lutar na Guerra de Secessão. Juntas, Jo, Meg, Beth e Amy aprendem como superar as dificuldades financeiras da família enquanto ajudam outras pessoas em situação pior que a dos March.
Mulherzinhas foi lançado em 1868 a pedido do editor de Louisa. Ele queria uma história “para meninas”, o que na época era comum, mas nos dias atuais pode causar certo estranhamento aos leitores. Isso porque na leitura dos quatro volumes, seja durante a jornada das meninas enquanto adolescentes, ou já adultas cuidando de suas próprias famílias, ou ainda no caso de Jo, que se torna responsável pelo destino de muitos rapazes em sua escola em Plumfield, é possível notar um quê de fábula na história. Os personagens estão sempre passando por provações e aprendendo lições morais através delas.

A razão para essa característica tão marcante na escrita de Louisa foi sua criação cristã advinda de seus pais que faziam parte da corrente religiosa transcendentalista fortemente ligada à filosofia Kantiana. O pai da escritora era filósofo, assim como o pai das meninas March, e inúmeras vezes durante a leitura é possível notar os princípios dos Alcott nos March.
A obra consegue cativar diversos tipos de leitores e o faz por meio de uma miscelânea de personagens com as mais diferentes personalidades introduzidos na trama, além de sua aura de girlhood e sisterhood. Isso porque o livro é recheado de pequenas coisas comuns ao amadurecimento de toda menina, o que torna quase impossível não se identificar com uma ou mais dessas situações e/ou personagens. A identificação surge e o leitor se apega a ela até o fim. Há uma certa magia ao ler um livro e se imaginar naquela história.

Para os leitores ávidos por romance de época e que tem um “sweet tooth” por Jane Austen, a leitura de Mulherzinhas é altamente recomendada (por mim) e promete boas risadas. Assim como as obras de Austen, essa segue a vida de um grupo distinto de mulheres, cada uma com suas particularidades e ensinamentos. Apesar do século que as divide, ambas são um refresco para as mentes que buscam uma leitura tranquila e que apresenta vários destinos se entrelaçando ao fim.
Escrito por: Milena Rayana
Amei muito! Vou adicionar a lista de leitura S2
AAAAAH! Que felicidade escutar isso por aqui!!!