O Poder Feminino no Jiu-Jitsu para além dos tatames: conheça a trajetória de Ana Vitória

Hoje começamos o nosso mais novo tópico nas nossas #GreensTuesday. Vamos trazer histórias de mulheres incríveis no mundo dos esportes que estão lutando por mais destaque. Queremos mostrar como o esporte feminino é forte e presente, mesmo que nem sempre receba a atenção que precisa.

E não há nada melhor do que começar falando justamente de um dos rostos da Julietta, uma de nossas criadoras, Ana Vitória, ou melhor, a famosa “Ana Vi”. Além de ser uma excelente fotógrafa e colunista para a revista, ela é uma grande atleta de Jiu-Jitsu, e inclusive já foi campeã do Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu Sem Kimono em 2023. Mas, calma que vamos chegar a essa parte.

Vamos começar do começo: o que é o Jiu-Jitsu?

(Foto: Reprodução/Ana Assis fotografia)

O Jiu-Jitsu é uma arte marcial que se concentra principalmente no domínio e controle do oponente através de técnicas de luta no chão. Ele utiliza uma combinação de golpes, estrangulamentos, alavancas articulares e controle de posição para subjugar o adversário. As técnicas são baseadas em aproveitar o peso, a força e a posição do oponente para ganhar vantagem.

O Jiu-Jitsu valoriza a habilidade técnica sobre a força física, permitindo que praticantes menores possam competir e vencer contra oponentes maiores. Além dos aspectos competitivos, o Jiu-Jitsu é também praticado como uma forma de exercício físico, autodefesa e desenvolvimento pessoal. Agora que sabemos como funciona essa arte marcial, voltemos para Ana Vi.

Ana Vitoria Pantoja, de 22 anos, moradora de Niterói — Rio de Janeiro, é a futura promessa do jiu-jitsu brasileiro. Brilhante colunista, admirável lutadora e gigante fotografia, Ana Vi é o extremo entre a força de lutar e a dedicação de conquistar o topo. Sua trajetória se inicia em 2011, quando ainda era uma jovem menina de apenas nove anos. Por meio de um projeto social que acontecia perto de onde morava, em sua cidade natal, Belém do Pará, Ana conheceu o esporte pela primeira vez . Sem pretensão de onde poderia chegar um dia, ela seguiu praticando e tomando gosto pelo esporte.

“O primeiro lugar que eu treinei foi um projeto social que tinha aberto perto da minha casa. Eu e minha mãe entramos lá por curiosidade porque eu já queria fazer um esporte e naquele momento já fiz a minha matrícula. No dia seguinte fui treinar, nem sabia o que estava fazendo direito, mas depois daquele dia eu me apaixonei e apesar de ter apanhado horrores já queria voltar no dia seguinte, desde lá não parei”, conta a jovem.

A atleta que se prepara para mais uma edição do campeonato, destaca a trajetória cuja dedicação, habilidade e paixão pelo esporte a levaram a se tornar uma referência promissora no cenário. “É uma sensação incrível, como o jiu-jitsu se desenvolveu aqui e por mais que os campeonatos principais sejam lá fora. Tem muita gente dura aqui no Brasil que não tem a oportunidade de lutar os campeonatos do Grand Slam”, disse a atleta sobre a sensação de participar de campeonatos nacionais.

(Foto: Reprodução/Ana Assis fotografia)

Quando questionada sobre o sentimento de ver o esporte ganhando força feminina, AnaVi fala que é realmente um feito incrível. “O Jiu-Jitsu feminino é algo muito lindo de se ver, eu fico muito feliz em perceber que a cada ano que passa tem mais mulheres competindo em alto nível. Infelizmente ainda é um esporte muito machista porque em alguns campeonatos é muito diferente a premiação entre homens e mulheres. Além disso, em alguns eventos o número de lutas casadas femininas é sempre menor e isso às vezes dá uma desanimada”.

O sentimento da vitória é inexplicável, ainda mais para uma lutadora que coleciona inúmeros títulos em sua trajetória de campeonatos. Em 2015 e 2016 campeã na faixa laranja infanto-juvenil, 2017 campeã na categoria e vice no absoluto-juvenil, 2021 vice na faixa azul adulto, 2023 vice na faixa roxa adulto e 2024 terceiro lugar na faixa marrom. Seu domínio nas competições não para por aí, campeã do campeonato brasileiro de jiu-jitsu NO GI (sem kimono) em 2023, primeiro lugar no Rio Fall International Open IBJJF 2024 e no Rio Summer International Open IBJJF 2024 e campeã sul-americana na faixa marrom em 2023.

“Foi um sentimento incrível ter ganhado porque eu mesma duvidei de mim o tempo todo. Eu nunca tinha lutado sem kimono, apesar de treinar jiu-jitsu há 12 anos, sempre lutei só de kimono. Fiz um camp de pouco tempo só de sem kimono, mas fui evoluindo de uma forma bem legal e fui me divertindo no processo. Na hora eu só queria sair na porrada e foi assim que consegui lutar bem, sem me cobrar tanto apesar de ser um campeonato muito importante. Foi um grande desafio, porém ali meu deu um gás de não duvidar tanto de mim que eu podia muito mais”, detalha Ana Vi sobre o sentimento de ser campeã.

Ainda durante a entrevista realizada para a Julietta, ela contou mais sobre sua rotina de treinos, alimentação e preparação psicológica. Além de atleta, a jovem está no sétimo período de jornalismo, na Universidade Estácio de Sá, campus Niterói. “O Jiu-Jitsu só acrescentou coisas boas na minha vida, fisicamente acho que tenho uma saúde muito boa, estou sempre cheia de disposição e me alimento bem. Já mentalmente, acho que me ajudou com tudo porque o mindset de constância, evolução, paciência e disciplina são coisas que eu levo para todas as áreas da minha vida”, compartilhou ela.

A expectativa está lá no alto, a próxima competição se aproxima e ela já está em preparação. O CAMPEONATO BRASILEIRO DE JIU-JITSU SEM KIMONO acontecerá nos dias 29 e 30 de junho de 2024, no Rio de Janeiro. Sendo realizada da faixa azul até a faixa preta, nas categorias de peso feminino galo, pluma, pena, leve, médio, meio-pesado, pesado e superpesado. “Eu tô bem ansiosa, vou lutar sem kimono e é sempre desafiador porque eu tenho muito mais experiência lutando de kimono. Mas o importante é sair na porrada. Quero ser campeã de novo esse ano”, contou.

“O esporte é tudo pra mim, faz parte da minha essência e sua filosofia está presente em tudo que eu faço. Não é à toa que eu indico pra todo mundo a prática de esportes, principalmente o jiu-jitsu”. O esporte sem qualquer dúvida muda a vida das pessoas e para AnaVi não é diferente. A persistência, a resiliência, a força e coragem para enfrentar os desafios e alcançar o topo é de fato admirável.

A história de hoje nos faz pensar em como a jornada dela desde os primeiros passos até as vitórias épicas, nos faz vibrar pela capacidade das mulheres no esporte. A Julietta continuará, sem dúvidas, acompanhando essas conquistas e inspirando-nos com sua determinação.

Escrito por: Sarah Carvalho

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