A Alta-Costura como Arte: Quando a Moda ultrapassa o vestuário

Hoje a Juju tem uma quarta rosa em dose dupla: Moda e Arte! Afinal, o que essa mistura pode causar? A moda e a arte são duas áreas que estão muito mais interligadas do que pensamos! Não há exemplo maior disso do que a famosa alta-costura, já que ela, em particular, é um território onde essa ligação se manifesta de maneira mais clara e inspiradora. 

A alta-costura, com sua ênfase na qualidade artesanal e no design inovador, é frequentemente comparada às belas-artes. O termo vem do francês, que significa “costura alta” ou “costura de alta qualidade”, referese à criação de roupas exclusivas, feitas sob medida para clientes específicos. Essa prática exige técnicas de costura extremamente detalhadas e cuidadosas, uso de materiais de altíssima qualidade e um tempo considerável dedicado à criação de cada peça. Que talento, não é?

Sabemos como a moda tem sido uma forma de expressão artística desde tempos antigos, mas a alta-costura eleva essa expressão a novos níveis. Designers de alta-costura são verdadeiros artistas que utilizam tecidos, bordados, pedrarias e outras matérias-primas. E está aí um dos segredos: A arte é tão presente nesse meio que, por vezes, suas criações são inspiradas por movimentos artísticos, períodos históricos, cultura pop e elementos da natureza. E o que não nos falta são exemplos de grandes artistas da moda que “falam” através de peças:

  1. Começando pelo gênio, Christian Dior:

(New Look, Dior/ Reprodução: Harper’s Bazaar Brasil)

Em 1947, ele revolucionou a moda com seu “New Look”, caracterizado por saias volumosas e cinturas bem marcadas. Essa coleção não só transformou o guarda-roupa feminino, mas também resgatou a feminilidade e a elegância após os anos austeros da Segunda Guerra Mundial. Dior utilizou a moda como uma forma de arte para expressar esperança e renovação, criando peças que tinham o poder de falar por si só.

  1. Alexander McQueen

(Plato’s Atlantis/Reprodução: Vogue)

Foi um dos designers mais inovadores e teatralmente dramáticos da alta-costura. Suas coleções muitas vezes desafiavam as convenções da moda, explorando temas como a morte, a vida selvagem e a história. Sua coleção “Plato’s Atlantis” (Primavera/Verão 2010) combinou moda e tecnologia de maneira sem precedentes, apresentando estampas digitais e silhuetas inspiradas em criaturas marinhas. McQueen não apenas vestia o corpo; ele contava histórias complexas através de suas criações. 

  1. Iris van Herpen 

(Iris van Herpen/Reprodução: Médium)

Iris van Herpen, estilista holandesa, é conhecida por suas técnicas inovadoras que combinam moda, arte e tecnologia. Ela utiliza impressoras 3D e cortes a laser para criar peças de altacostura que desafiam a gravidade e redefinem o que é possível na moda. Suas coleções são exibidas em museus de arte ao redor do mundo, destacando a linha tênue entre moda e arte. Van Herpen vê suas criações como esculturas vestíveis que exploram a interseção entre o corpo humano e a tecnologia. Incrível!

  1. Maison Margiela

(Maison Margiela/Reprodução: Harper’s Bazaar)

Sob a direção criativa de John Galliano, a Maison Margiela continua a explorar o conceito de moda como arte através da desconstrução e reconstrução de peças. Galliano utiliza materiais reciclados para criar novas obras-primas, questionando a obsolescência e o consumismo na moda. Suas criações são frequentemente vistas como declarações artísticas que refletem sobre a sustentabilidade. Mais uma vez: a arte e a moda nos provam que são uma dupla que fala por si só!

  1. Para fechar com chave de ouro: Elsa Schiaparelli!

(Na parte da Elsa Schiaparelli/Reprodução: Marie Claire)

Algumas peças de alta-costura são tão inovadoras e impressionantes que transcendem sua função prática e são reconhecidas como arte. O famoso vestido “Lobster” de Elsa Schiaparelli, criado em colaboração com Salvador Dalí, é um exemplo clássico. A peça, com uma grande lagosta pintada à mão no tecido, exemplifica como a moda pode ser um meio para expressar ideias surrealistas e artísticas.

E não para por aí! A presença da alta-costura em exposições de arte ao redor do mundo é cada vez mais presente, seja em estilistas, ou em museus, como o Metropolitan Museum of Art em Nova York e o Victoria and Albert Museum em Londres frequentemente apresentam exposições dedicadas à alta-costura.

Um exemplo que podemos usar é uma das exposições mais comentadas do Met foi “Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination” (2018), que explorou a influência da estética religiosa na moda. Designers como Dolce & Gabbana e Jean Paul Gaultier criaram peças inspiradas em vestimentas litúrgicas e iconografia religiosa. A exposição destacou como a moda pode ser uma forma poderosa de narrativa cultural e expressão artística.

Por fim, a alta-costura é muito mais do que moda; é uma forma de arte que envolve uma combinação única de criatividade, habilidade técnica e inovação. Ao ir além do simples ato de vestir, a alta-costura se afirma como uma expressão artística que pode inspirar, provocar e emocionar. Seja através das visões ousadas de designers como Alexander McQueen e Iris van Herpen, ou das exposições em museus de arte, a alta-costura continua a desafiar e redefinir os limites entre moda e arte.

Escrito por: Isabella Lugon

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