Alguém disse biquíni com bolinhas amarelinhas?! Rebeca Carvalho é a intérprete de Ana Maria em “Garota do Momento”, novela da TV Globo. A personagem vem conquistando o público desde suas primeiras aparições, e sua presença marcante faz com que ela nunca passe despercebida — sendo, inclusive, umas das únicas personagens a rodar praticamente todos os núcleos da trama, nem que seja para um simples “olá”.
O destaque de Ana Maria nas redes sociais
A personagem de Rebeca, desde o início, é comparada com Kate, vivida por Clara Moneke, de “Vai na Fé”. Os internautas perceberam tantas semelhanças entre os jeitos das duas, que, para além, tanto Rebeca quanto Clara viveram filhas de Carla Cristina Cardoso. Enquanto Carla deu vida à Bruna, mãe solo de Kate na produção das sete, agora brilha nas telas como Dona Iolanda, mãe da carismática Ana Maria. “No aniversário da Carla foi muito engraçado. Ela fez a Clara me passar o bastão. Isso foi sensacional. Na frente de todo mundo ela me passou o bastão”, compartilhou a atriz.
O nome de Clara, no entanto, não cessa por aí; afinal, Ana Maria ganhou o apelido de bisavó da Katelícia. Para Rebeca, “ser comparada com uma personagem da Clara Moneke é uma grande coisa! No dia que eu li, cheguei a postar isso no meu Instagram. E eu acho que isso faz muito sentido […] se não fosse pela luta da Ana Maria, que seria a bisavó da Katelícia, a Kate não agiria da forma que ela age hoje. Faz sentido, sim, pela idade delas. Mas por mais que a Ana Maria seja uma personagem boa, leve, ela sofre essa represália por ser tão para frente. E como uma mulher negra, foi um abre-caminhos. Porque a Ana Maria tem dezesseis anos, e não era comum ver mulheres, principalmente adolescentes, com o pensamento tão avançado”, explicou.
Fora o nome, a personagem da trama das seis apareceu usando um biquíni amarelo de bolinhas pretas, o que gerou associação imediata do público com a canção famosa “Biquíni de Bolinha”. E antes de deixarmos um pouquinho da internet de lado, não é novidade para ninguém que as últimas novelas da emissora têm ganhado destaque pelos trechos compartilhados nas redes sociais e pelos edits dos fãs, por vezes de seus casais favoritos.
Os principais responsáveis por causar esse alvoroço são os personagens de Caio Manhente e Débora Ozório, Eduardo e Celeste, o tão querido #CeDu. Mas parece que não é só o público que morre de amores por eles! “Até a gente. Até a gente ama e vibra por Cedu! Vocês não tem noção da gente vendo cenas no camarim, surtando, gritando por eles lá. O primeiro beijo… o primeiro beijo foi histórico”, confessou a artista.
Mas e quanto a turminha do sofá?
Outro personagem que ganhou o coração do público foi Guto, vivido por Pedro Goifman. E assim como Ana Maria sempre dá um jeitinho de transitar entre os círculos sociais da novela, a interação com o rapaz não seria diferente! Apesar de já ter o apreço da turma do sofá, a empatia da jovem com Guto ofereceu à personagem um destaque maior, no qual os telespectadores puderam perceber a razão para ela ter a facilidade de estar em “todos os lugares”.
“Ela tá onde ela mora, ela tá no Clube Gente Fina, ela tá nos eventos, até nos eventos de ricos. Ela tá inserida em todo lugar que ela puder”, brincou Rebeca. Observadora, divertida e sagaz, Ana Maria percebeu de cara o que estava afligindo o jovem, e fez questão de segurar sua mão e oferecer o seu apoio sincero.
“Eu me identifico por ser tão sensível quanto ela [Ana Maria]. Sensível no fato de, qualquer coisa que acontece, a afeta. Porque ela está sempre muito alegre. E quando algo acontece, ela fica abalada. Tanto na sensibilidade das situações ruins quanto na sensibilidade de perceber as coisas”, comparou. Rebeca admitiu que gostou da cena da personagem com Guto pelos dois pontos de vista. “Eu, Rebeca, já fui a amiga que a Ana Maria foi. De ter um amigo que não era assumido, que precisava de apoio; e eu já fui o próprio Guto. Assim como eu fui a amiga de um Guto, eu fui o Guto em alguma ocasião. Porque antes de me assumir bisexual para a minha família, eu não tinha muito essa coragem de enfrentar”, explicou a intérprete. Felizmente, esse ponto da sua história teve um final feliz.
Ana Maria e a moda, Rebeca e a caracterização e o tempo de gravação para a tela
Ana Maria é uma jovem que se comunica, também, pelas roupas que ilustram seu lado criativo e feliz, dignos de uma it girl para a época. Rebeca nos contou que uma das partes mais demoradas, sem dúvidas, é a preparação do cabelo e da maquiagem, por mais que tenham vários profissionais trabalhando nela ao mesmo tempo.
Já para a gravação, a atriz revelou que as cenas costumam demorar uns vinte minutos para serem gravadas, de fato. “Na pensão, dura cerca de vinte minutos. Um ensaio, dois ensaios. Agora estamos com o costume de ensaiar gravando, que demora menos tempo ainda. Mas, em geral, vinte minutos. Agora, no núcleo do Gente Fina, como são dez pessoas ou mais, geralmente é uns trinta, quarenta. Quando é uma cena mais impactante, mais triste ou uma cena de briga muito forte, que tem que bater e tudo, realmente dura uns quarenta minutos. Por isso que a gente pendura as cenas”, especificou a artista. Ela aproveitou para compartilhar que, quando temos algum humorista no meio do núcleo, as risadas acabam influenciando um pouquinho na demora.
E quem lembra da cena em que Bia (Maísa) dá um berro de longe e, em dois takes, Beto (Pedro Novaes) aparece com uma peça de roupa a menos? “Quatro vezes, amiga. Quatro vezes”, revelou em exclusiva. “Foi um erro de coach. No dia seguinte, o próprio Pedro não olhava na nossa cara [envergonhado]. Foi hilário, porque não tem motivo para aquilo ter acontecido. Por que ele tirou? Por que ele colocou de volta? Porque foram quatro vezes”, acrescentou, em tom divertido. A cena também conta com a participação de Juliano (Fábio Assunção) e Beatriz (Duda Santos).
Sobre a caracterização no geral, Rebeca compartilhou que eles costumam olhar uma foto do antes e do depois, para terem certeza de que estão igual a quando gravaram pela primeira vez; principalmente quando o salto entre uma gravação e outra é bem espaçado. Vez ou outra, pode ser que um brinco passe despercebido.
Representatividade, reconhecimento e arte
A atriz também foi questionada sobre como se sente vendo uma representatividade, antes praticamente nula, nas três tramas principais da emissora. “Quando eu soube que as três protagonistas seriam negras, eu fiquei feliz. Principalmente por serem pessoas que eu admiro tanto. Sempre que alguém me pergunta qual é um dos meus sonhos, eu sempre falo que é ser inspiração para crianças como a que eu era. Quando eu tinha dez anos, não tinha tanta coisa assim para me inspirar. Eu não conseguia olhar para a televisão e nossa, me sentir em casa. Eu não conseguia olhar para uma novela e ver tantas mulheres negras”, desabafou.
“É uma pauta muito boa de ser levantada porque, imagina se não tivesse? Eu não estaria onde estou hoje. Conforme o tempo foi passando, eu fui estudando teatro, eu fui investindo no teatro e tudo mais. Não foram aparecendo protagonistas, mas foram aparecendo cada vez mais personagens para eu me inspirar. Sem elas, eu não estaria onde eu estou hoje”, acrescentou a jovem.
Rebeca admitiu que quando mais nova, tinha muitos outros sonhos, principalmente pela sociedade sempre nos ensinar que a arte não é rentável e estável o suficiente. “Eram coisas difíceis de engolir, mas era o que eu via acontecer, sabe? Artistas independentes não conseguindo viver da arte”, relembrou. Mas, quando o destaque apareceu e ela pode se enxergar neste lugar, ela se deu conta de que estava na hora de investir no que brilhava em seu coração. “Meu sonho se realizou”, por fim.
E é claro que nós nunca encerraríamos essa entrevista sem nossa pergunta de sempre: afinal, se Rebeca pudesse trabalhar com uma personagem feminina por um dia, quem seria? “Eu sou fã da Carminha. Eu sei que ela é uma vilã, eu sei que ela não presta, mas eu trabalharia muito com ela. Para ela me ensinar a agir mesmo”, contou. A vontade surgiu, principalmente, depois de vê-la como personagem no The Masked Singer. Questionada se um dia toparia aparecer no programa, descobrimos que: “Eu aceitaria com toda certeza! Mas eu acho que seria muito mais fácil eu ir para a Dança dos Famosos”.
A Julietta deseja muitos biquínis lindos, bons partidos e muita diversão para Ana Maria. E para Rebeca, desejamos um início de carreira belíssimo.
Escrito por: Ana Clara Reis.
Revisado por: Letícia Guedes.