Se você curte ficção científica, distopias ou apenas um bom clássico do cinema, “Metropolis” (1927) é um filme que precisa estar na sua lista! Dirigido por Fritz Lang, a obra é repleta de cenários grandiosos, luzes dramáticas e um toque expressionista que grita “Isso é arte!”.
Mas, além do visual incrível, “Metropolis” também levanta discussões bastante atuais, como a relação humana com a tecnologia, o trabalho e a desigualdade social. Então, bora mergulhar nessa viagem cinematográfica, Julie?
Expressionismo alemão: quando o cinema virou arte de verdade
Antes de falarmos do impacto de “Metropolis”, vale entender de onde veio toda aquela estética “exagerada”. O expressionismo alemão foi um movimento artístico do começo do século XX que levou para o cinema cenários surreais, sombras bem marcadas e perspectivas distorcidas, tudo para traduzir emoções intensas. Essa obra cinematográfica pegou essa estética e criou um mundo visualmente incrível, onde a cidade grande é um reflexo das desigualdades sociais e do medo da mecanização total. Outros filmes da época, como “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920) e “Nosferatu” (1922), também usaram essa estética para criar atmosferas sombrias e impactantes.



A cidade do futuro (ou do pesadelo?)
Se hoje pensamos em cidades futuristas com prédios gigantes, ruas lotadas e tecnologia por toda parte, muito disso vem de “Metropolis”! No filme, a cidade é dividida em dois mundos: no topo, a elite rica e poderosa; no subsolo, os trabalhadores, vivendo em condições quase desumanas. Essa divisão não aparece só na narrativa, mas também na própria arquitetura do filme, que mistura influências do futurismo, art déco e Bauhaus para criar uma cidade que parece ao mesmo tempo grandiosa e opressora.
E claro, a iluminação dramática e os enquadramentos ajudam a reforçar essa desigualdade, deixando tudo ainda mais visualmente impactante. O filme pode ter quase 100 anos, mas sua estética continua servindo de inspiração para um monte de produções cinematográficas e artísticas.
De Blade Runner a Star Wars: O Impacto de Metropolis
Se você assistiu a “Blade Runner” (1982) e achou que a cidade parecia uma versão moderna de “Metropolis”, não é coincidência. A influência do filme de Fritz Lang está em várias produções de ficção científica. Até a saga “Star Wars” pegou emprestado um pouco dessa estética – basta olhar para o design do C-3PO, que lembra muito a icônica robô Maria.

(Fotos/reproduções: Pinterest – a esquerda, ‘Maria’ / a direita, ‘C-3PO’)
E não é só no cinema! Madonna usou referências diretas do filme no clipe de “Express Yourself” (1989), e até o universo dos games e quadrinhos bebe dessa fonte. Ou seja, mesmo quase um século depois, “Metropolis” continua moldando o jeito como imaginamos o futuro.
Robôs, Inteligência Artificial e o medo do “pós-humano”
Um dos personagens mais icônicos é a robô Maria, que, além de ter um design incrível, representa um dos grandes medos da humanidade: o que acontece quando as máquinas começam a se parecer (e agir) como gente? No filme, a Maria original é uma líder carismática dos trabalhadores, mas a sua versão robótica é usada para enganar e manipular as massas.


E essa questão segue atual! Hoje, com o avanço da inteligência artificial e da automação, ainda discutimos o impacto da tecnologia nas nossas vidas e no mercado de trabalho. Será que estamos caminhando para um futuro “Metropolis”?
A grande reflexão: o mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração
No meio de toda essa distopia, o filme deixa uma mensagem importante: “O mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração“. Em outras palavras, para que a sociedade funcione de verdade, não basta só inteligência (a “cabeça”) ou o trabalho duro (as “mãos”) – é preciso empatia, equilíbrio e um pouco de humanidade (o “coração”).
Ele também faz uma referência poderosa à história da Torre de Babel, ilustrando como a falta de comunicação entre os trabalhadores e os idealizadores pode levar ao colapso. No longa, essa alegoria é usada para mostrar que, sem um mediador que compreenda os dois lados, o progresso se torna destrutivo em vez de construtivo. Assim como na lenda bíblica, onde os construtores falavam línguas diferentes e não conseguiam se entender, “Metropolis” nos lembra que uma sociedade só pode prosperar quando há diálogo e empatia entre as diferentes camadas que a compõem.

(Foto/reprodução: Pinterest)
E essa ideia continua mais relevante do que nunca. Em um mundo onde a tecnologia avança cada vez mais rápido e o trabalho humano passa por transformações gigantescas, a gente precisa lembrar que progresso sem empatia pode ser perigoso. “Metropolis” nos ensina que se quisermos um futuro mais justo, precisamos garantir que a razão e o trabalho sejam guiados pela emoção e pelo respeito.
Metropolis ainda é um filme sobre o futuro?
Se você nunca assistiu “Metropolis”, vale a pena dar uma chance. O filme é um clássico não só pelo visual, mas também pela forma como antecipou muitas das questões que discutimos hoje. O expressionismo alemão ajudou a moldar a estética da ficção científica e a visão de futuro do filme continua sendo uma referência para o cinema e além.
Quase 100 anos depois, esse clássico ainda nos faz pensar: será que estamos caminhando para um futuro mais humano ou para um mundo cada vez mais mecanizado? E, mais importante, será que estamos lembrando de colocar o coração no meio do caminho?
Se você curte ficção científica e quer entender melhor de onde veio muita coisa que vemos hoje no cinema, “Metropolis” é um filme obrigatório. Vale cada minuto – e quem sabe ele não te faz refletir sobre o futuro que queremos construir?
Escrito por: Nathalia Orlando
Revisado por: Bruna Brandão