Se você ficou curiosa com a pergunta, já posso te afirmar que NÃO, e o livro “Hoje, Depois e Amanhã”, da autora Rachel Lynn Solomon, é a prova viva! Na obra, conhecemos a história de Rowan Roth e Neil McNair, dois estudantes do último ano da escola que decidem se unir para vencerem um jogo envolvendo enigmas e que garante uma alta quantia de dinheiro como prêmio.
Entretanto, algo faz com que essa aventura seja complicada — ambos são rivais acadêmicos desde muito novos. Deste modo, embarcamos em uma descoberta de que nem sempre sabemos tudo sobre alguém, mesmo já a conhecendo por anos. O que parecia ser apenas um clichê de rivais acadêmicos, se tornou um abraço quentinho em meio a tantos questionamentos.
Um deles gira em tornou da seguinte reflexão: Você também já sentiu como se houvesse uma data de validade para que seus hobbies de infância fossem instintos? Principalmente aqueles que envolvem situações consideradas pra muitos como “guilty pleasure”. Por exemplo, ler inúmeros livros de romance, ser fã de alguma diva pop ou obcecada por algum cantor ou até mesmo gostar de moda e maquiagem. Ao longo do nosso crescimento, fomos condicionadas a colocar um limite em tudo que possa ser divertido e trazer leveza aos dias tão atarefados.
Por meio com o embate principal dos protagonistas, Neil sempre implicou com o fato de Rowan ler livros de romance, isto sem saber que a jovem almeja ser uma escritora do gênero a ponto de se comparar com a carreira bem sucedida de seus pais (que são renomados escritores de livro infantis).
No trecho: “O que nunca vou entender é por que as pessoas são tão rápidas em esculhambar essa única coisa que sempre foi voltada para o público feminino”, Rowan abre o coração sobre a forma em que a sociedade enraizou o pensamento etarista de que mulheres têm até certa idade para se interessarem por algo.
Recentemente, atrelado aos grandes fenômenos femininos como a “The Eras Tour” da cantora norte-americana Taylor Swift, essa discussão voltou a ser foco do público, uma vez que grupos de torcedores do futebol começaram a zombar das reações de jovens fãs durante o espetáculo. Atitude esta que chega a ser hipócrita, visto que boa parte desses torcedores choram, entram em brigas e até mesmo tatuam alguma vitória de seu time preferido.
Ademais, este tipo de comportamento também foi visto com o blockbuster “Barbie” (2023), no qual ir vestida de rosa com suas amigas ao cinema foi visto como motivo de vergonha. No entanto, o mesmo questionamento não se torna válido quando são homens vestidos de super-heróis para assistirem seus filmes preferidos da Marvel.
Além do medo oriundo do julgamento de gostar de coisas clichês, o livro também aborda a questão de escolher trabalhar com hobbies e a forma na qual a sociedade deprecia essa atuação. Com isso, ao tratar sobre o processo criativo, Rowan pontua que “somos designadas a fingir indiferença diante de elogios, a minimizar quando dizem que somos boas em alguma coisa. A gente se diminui, se convence de que o que está criando não tem tanta importância assim.”
Por fim, a obra como um todo retrata uma jornada de autoconhecimento, de se permitir conhecer alguém sem as barreiras de julgamento, de expor o que você ama sem medo e de ser definida por aquilo que ama. Leia Hoje, Depois e Amanhã e embarque em uma aventura emocionante!
Escrito por: Maria Eduarda Rocha.
Repost: 17/03/2024.