Parando de procrastinar o que não é tão bonito
Eu admito: sou uma viciada em Pinterest. Até certo ponto da minha vida, isso pareceu saudável — mas deixou de ser tanto assim no momento em que, ao olhar aquelas fotos instagramáveis, percebi que estava me impedindo de avançar.
Com nossa nova aquisição de crônicas, percebi que estava na hora de compartilhar uma experiência que tive. Felizmente, estou tendo a chance de escrevê-la em tempo real, o que é muito bom — sinto que pegar alguma coisa e rascunhar no mesmo instante é libertador para um bom escritor.
Faz um tempo desde que decidi acrescentar duas atividades à minha vida: a primeira delas, a meditação! No final de 2023 para o início deste ano, tive a oportunidade de começar a mergulhar no mundo da meditação. Apesar de acreditar que podemos definir como objeto de meditação coisas que vão além da respiração, olhos fechados e postura ereta pura e simples, foi por ela que eu comecei. Particularmente, como cristã, eu medito fazendo meu devocional, lendo e estudando a Bíblia — até mesmo orando. Mas, para aquelas que não compartilham da mesma fé que eu, admiro quando fazem da leitura, pintura e até mesmo culinária, a sua meditação — eu mesma gosto de meditar em tudo isso também. A segunda coisa que decidi acrescentar foi a Ioga. O primeiro passo que dei foi pensar sobre a ideia, depois, insistir para que minha mãe — um pouco desconfiada de mim, ela precisa confessar — comprar um tapetinho. Detalhe: ele precisava ser cor-de-rosa. Rosa bebê, de preferência. E não é que depois de insistir um pouquinho, deu certo?
Foto: Reprodução/Pinterest
Eu demorei algumas semanas — e não foram poucas — para tomar coragem e finalmente começar. Recentemente, consegui um estágio paralelo ao meu trabalho na Julietta, e na segunda semana, eu já estava estressada o suficiente. Na sexta e no sábado, eu não fiz nada, me dei o direito de fazer aquilo que eu precisava: descansar. Aí chegou a madrugada de domingo, em que eu fiquei ansiosa, rolando na cama e pensando: o que eu faço agora? Como eu vou lidar com essa ansiedade me assombrando? Sim, porque a ansiedade nos assombra.
Eu pensei em escrever que meus olhos percorreram o quarto, repousaram no tapetinho e minha mente se iluminou, mas não foi bem assim que aconteceu. Depois da minha mãe gastar quase cem reais no bendito tapete, eu precisava começar a usar — o mais rápido possível, porque não estava interessada em escutar ela dizendo “você me fez comprar o tapete à toa, não é, Ana Clara?”, coisa de mãe, vocês sabem. O importante é que eu realmente tomei coragem para pegar e fazer o que eu precisava.
Foto: Reprodução/Pinterest
Minha ideia inicial era acordar cedo em pleno domingo, mas nem escutar o despertador eu escutei — e descobri isso quando acordei às dez e meia da manhã com meu alarme pedindo para eu o desligar, e ele lá, no silencioso.
Por alguma razão estúpida, eu coloquei na minha cabeça que só poderia ser produtiva se eu acordasse às cinco da manhã. Mas, amigas, eu nem me lembro mais o que é acordar às cinco da manhã! Não porque eu tenho vida de madame ou herdeira, porque, se eu tivesse, esse texto não seria sobre Ioga e sim sobre uma viagem chique ao Mediterrâneo, isso eu garanto. Mas é porque eu não consigo mais acordar tão cedo — e olha que eu não gosto de acordar tarde, viu? Por conta desse meu pensamento, eu dizia para mim mesma internamente que, se eu falhasse em acordar naquela hora, eu não estaria apta para fazer as coisas que eu precisava fazer. E sabe qual a pior parte disso tudo? É a gente achar que, se falhamos em uma coisa, o resto inteiro do nosso dia falhou também.
Eu amo consumir conteúdos de daily routine, principalmente porque sou uma pessoa levemente desorganizada, mas uma hora, a busca pela perfeição começou a me atrapalhar mais do que eu podia imaginar. Cheguei ao ponto de “ah, se eu precisava começar às nove, mas já são nove e três, eu preciso esperar para começar nove e meia” e isso começou a me levar para um nível de procrastinação bizarro. Fala sério, amiga! É melhor começar atrasada cinco minutos do que se atrasar cinco horas e embolar todo o seu tempo e de terceiros.
“Mas Ana, isso aqui não era sobre Ioga?”, era e continua sendo! Como eu disse, eu acordei fora do horário. Facilmente poderia ter dito a mim mesma: “eu tento outra vez amanhã”, entrando em um looping infinito de “deixa para depois” e, por fim, não conseguindo fazer nada.
Mas e o “Instagramável”?
Foto: Reprodução/Pinterest
Como aspirante a blogueira, em certo momento eu pensei: “nossa, mas não tem nem como eu me gravar fazendo isso aqui, porque o cenário não é tão bonito”. Amigas, eu quase deixei de fazer algo pela minha saúde física e mental, pelo meu bem estar, porque pensei que o cenário não era tão bonito para eu fazer um registro. Isso tudo no mesmo dia em que eu me prontifiquei a desligar o celular e passar um domingo “off”. What the hell?
E me peguei questionando quantas vezes eu me desmotivei por não ter o cenário perfeito para viver aquilo ali, sendo que é justamente sobre você começar com o que tem para conquistar o que precisa. Vocês estão entendendo onde eu quero chegar? A mensagem que eu tenho pra dizer se resume no subtítulo da matéria: esse é um aviso para você parar de procrastinar o que não é bonito, ou por acaso você já nasceu um diamante sem precisar ser lapidada? Com a nossa vida e o nosso conforto, é a mesma coisa.
Dito isto, é assim que esta jornalista se despede: namastê, minhas amigas, namastê.
Escrito por: Ana Clara Reis.
Revisado por: Milly Ricardo.