Bom, que aqui na Julietta acreditamos no poder da arte, você já sabe – e o cinema brasileiro nos ajuda muito nisso. Mais do que isso, queremos destacar as mulheres que fazem esse cinema acontecer – seja atuando, dirigindo, escrevendo ou produzindo.
O Brasil tem um audiovisual diverso, repleto de narrativas que emocionam, provocam e surpreendem, desde os clássicos do Cinema Novo até produções atuais que conquistam festivais internacionais. Por isso, nesta matéria, vamos além do recente sucesso Ainda Estou Aqui e trazemos uma seleção de filmes imperdíveis, com protagonistas fortes e talentos femininos por trás das câmeras.
Entre dramas intensos, comédias cativantes e obras que desafiam padrões, estas produções ajudaram a construir a trajetória do cinema brasileiro. Prepare-se para descobrir filmes que vão te marcar!
Que Horas Ela Volta? – de Anna Muylaert, 2015

(Foto: Reprodução/Pinterest)
Val é uma empregada doméstica que trabalha e mora há anos na casa de uma família rica em São Paulo. Quando sua filha, Jéssica, vem morar com ela para prestar vestibular, a jovem questiona as hierarquias presentes na casa, gerando tensões. A relação entre patrões e empregada se desgasta à medida que Jéssica exige o mesmo tratamento dos donos. O filme aborda a desigualdade social, os privilégios e as relações de poder no Brasil.
Aqui, o protagonismo feminino se destaca tanto na narrativa – com Val e Jéssica, interpretadas por Regina Casé e Camila Márdila, questionando estruturas sociais – quanto na direção sensível de Anna Muylaert, que aborda questões sobre desigualdade e maternidade. O filme abriu debates sobre as relações de classe no Brasil e se tornou um marco do cinema nacional, conquistando prêmios internacionais.
Carlota Joaquina – de Carla Camurati, 1995

(Foto: Reprodução/Pinterest)
A comédia histórica satiriza a chegada da família real portuguesa ao Brasil no século XIX. Carlota Joaquina, interpretada por Marieta Severo, é retratada como uma mulher ambiciosa e despótica, insatisfeita com o exílio. Com um humor ácido, o filme critica a monarquia e os aspectos coloniais do Brasil, misturando fatos históricos a exageros cômicos para evidenciar o absurdo da elite da época.
O olhar de Carla Camurati foi essencial para a retomada do Cinema Brasileiro nos anos 90, colocando uma diretora no centro do ressurgimento da indústria cinematográfica nacional.
Central do Brasil – de Walter Salles, 1998

(Foto: Reprodução/Pinterest)
Dora, uma ex-professora que escreve cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, se vê obrigada a ajudar Josué, um menino órfão, a encontrar o pai no Nordeste. Durante a viagem, os dois criam um forte vínculo e enfrentam desafios que refletem as dificuldades do Brasil profundo.
Com a recente indicação de Fernanda Torres ao Oscar, Central do Brasil voltou a ser lembrado como um dos filmes brasileiros mais emblemáticos da história. Fernanda Montenegro, sua mãe, foi indicada a mesma premiação, em 1999, por sua interpretação no filme, tornando-se a primeira brasileira a concorrer na categoria de Melhor Atriz.
No filme, ela dá vida à Dora, trazendo complexidade a uma personagem feminina forte e imperfeita. Apesar de dirigido por Walter Salles, o filme valoriza uma protagonista que desafia estereótipos e humaniza a maternidade e o abandono. Sua indicação ajudou a consolidar o cinema brasileiro no cenário mundial.
Aquarius – de Kleber Mendonça Filho, 2016

(Foto: Reprodução/Pinterest)
Clara, uma jornalista aposentada, vive no último andar de um antigo edifício em Recife, enquanto uma construtora tenta forçá-la a sair. Resistindo às pressões, ela enfrenta não apenas os empresários inescrupulosos, mas também as mudanças sociais e econômicas ao seu redor.
O filme discute memória, especulação imobiliária e resistência individual. Dirigido por Kleber Mendonça Filho, o longa traz Sônia Braga em uma performance poderosa. Foi aclamado internacionalmente, gerando debates políticos.
O protagonismo feminino se destaca tanto na narrativa – com Clara resistindo à especulação imobiliária e ao apagamento de sua história – quanto em uma das atuações mais marcantes de Sônia Braga. O filme reafirma a importância de mulheres mais velhas no cinema, fugindo de estereótipos e mostrando sua força e autonomia. Além disso, Kleber Mendonça Filho criou uma obra politicamente engajada que colocou o Brasil novamente em evidência no circuito internacional.
Pureza – de Renato Barbieri, 2019

(Foto: Reprodução/Pinterest)
Baseado em uma história real, o filme acompanha Pureza, uma mãe em busca do filho desaparecido, que se infiltra em fazendas da Amazônia e descobre trabalhadores submetidos à escravidão moderna. Com coragem, ela denuncia o esquema e enfrenta perigos para libertá-los.
Interpretada por Dira Paes, a personagem simboliza a luta contra a exploração e injustiça no Brasil. O filme, dirigido por Renato Barbieri, denuncia violações de direitos humanos ainda presentes no país.
Reforçando o protagonismo de lutas femininas ao trazer uma mulher como símbolo de resistência contra a exploração e a injustiça social, Dira Paes entrega uma performance intensa, dando voz a uma personagem inspirada em uma história real de luta e denúncia. Além de destacar a importância das mulheres na defesa dos direitos humanos, o longa expõe uma problemática ainda urgente no Brasil: o trabalho escravo contemporâneo.
O cinema brasileiro é feito de muitas histórias poderosas e, sobretudo, de mulheres que desafiam, emocionam e transformam a tela – seja protagonizando ou comandando produções marcantes.
Dos clássicos às obras mais recentes, esses filmes provam que a força feminina é essencial para contar as muitas faces do Brasil. E que bom que podemos assistir, sentir e celebrar esse legado. Que essas histórias continuem nos inspirando!
Escrito por: Júlia D’Avila
Revisado por: Júlia Castro