Toda obra cinematográfica ou cênica constrói de maneira sutil um relacionamento entre os atores e os espectadores. De tal forma que projeta a sensação de estar fazendo parte daquela realidade e próxima daquelas pessoas. Alguns filmes e séries conseguem atingir esse objetivo de formas mais criativas e promovem diferentes tons para a construção das narrativas. 

Quem nunca assistiu alguma coisa em que o personagem falou olhando para câmera? Isso acontece devido a quebra da quarta parede, que é uma convenção artística, originária do teatro em  que os atores quebram a parede invisível que existe entre o público e os personagens. O ator sabe que tem uma platéia, mas o personagem não.

A quebra da quarta parede acontece quando o personagem olha para câmera, fala para o público, fala sobre a produção ou até mesmo como se ele soubesse que está fazendo parte de um filme ou de um espetáculo de uma peça. Embora seja um jeito indireto, essa interação faz com que a plateia se envolva na ação de forma ativa mesmo que paradoxalmente. É um recurso que pode ser usado no drama durante um momento de loucura, para avançar a narrativa, para mostrar um traço do personagem ou para omitir um narrador. Contudo, é mais comum em obras de comédia porque funcionam muito bem em situações que às vezes parecem não muito convencionais.

A série Fleabag (2016-2019), escrita, interpretada e dirigida por Phoebe Waller-Bridge ficou marcada pela quebra da quarta parede. A série se desenvolve nos dilemas da protagonista, cujo nome é o mesmo nome da série. Durante as duas temporadas construímos uma relação bem próxima com a Fleabag em que sabemos o que ela está pensando, sentindo e as suas opiniões.

Nos tornamos cúmplices dessa história. Essa convenção não é um mero dispositivo cômico, ela promove um envolvimento com essa mulher que talvez se não soubéssemos exatamente o que ela está vivendo teríamos outra percepção diante da narrativa. O que torna-se mais evidente nos momentos dramáticos.

(Foto: Reprodução/Youtube)

Em High Fidelity (2020), protagonizado por Zoë Kravitz, de início já começamos em  uma conversa direta com a protagonista. A relação entre personagem e público é bem íntima, ainda mais com a temática sobre relacionamentos, suas construções e os términos.  É quase como se fossemos um amigo próximo de Rob e estamos juntos dela no seu cotidiano junto dos  seus outros amigos que trabalham na sua loja de discos.

Essa quebra de quarta parede somado com os relatos detalhados sobre sentimento contribui bastante na identificação do telespectador com suas próprias vidas, o que pode render algo  como “eu te entendo completamente, Rob”. 

(Foto: Reprodução/Youtube)

Chewing Gum (2015-2017), criada e interpretada por Michaela Coel, segue a mesma linha das outras duas séries que misturam comédia e drama. A diferença é a personalidade da protagonista que carrega ainda grande ingenuidade devido a sua criação em  uma família religiosa. Junto com o público ela decide explorar o mundo, suas curiosidades, onde seu principal objetivo do momento aos 24 anos é perder a virgindade.

(Foto: Reprodução/Youtube)

As três produções possuem figuras femininas fortes, autênticas, engraçadas e talentosas. Vale a pena conferir. Comentem aqui qual o filme ou a série que quebra a quarta parede que vocês mais gostam.

Escrito por: Ana Vitória Pantoja.

Revisado por: Milly Ricardo.

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