No último domingo, 11 de agosto, tivemos o encerramento das Olimpíadas de Paris 2024, mas por aqui ainda vamos falar um pouco sobre esse grande evento. Não podemos deixar de destacar a participação do Brasil neste ciclo olímpico. Ao longo desses dezessete dias, nossos atletas brilharam e abrilhantaram ainda mais a competição, e uma equipe que se destacou com grandeza foi a seleção feminina de futebol. Após 16 anos de espera e desafios, a seleção feminina de futebol do Brasil voltou a disputar uma final olímpica e conquistou a medalha de prata em um jogo acirrado contra a seleção dos Estados Unidos.
Escalação da seleção feminina para a final. (Foto: Reprodução/Luiza Moraes/COB)
O caminho até a final não foi fácil. Desde a última final olímpica em que a seleção brasileira feminina esteve presente, em 2008, o sonho parecia distante de acontecer novamente. O Brasil percorreu um caminho cheio de desafios, com inúmeras competições e jogos contra times com qualidade extraordinária, além de substituição de técnicos e renovação do time titular.
Após 16 anos de espera, a seleção brasileira nos fez reviver a sensação de estar no pódio novamente. O ouro pode não ter vindo, mas a prata veio para coroar essas meninas tão talentosas, que batalharam durante todo esse ciclo olímpico para trazer a medalha para casa. O brilho nos olhos das jogadoras e a alegria no rosto dos torcedores mostraram que, apesar das dificuldades, o futebol feminino no Brasil continua forte e resiliente. Esta medalha não é apenas um prêmio, mas uma celebração da força feminina, da superação e da paixão pelo esporte.
O futebol feminino no Brasil começou a dar seus primeiros passos na década de 1920. Embora houvesse um interesse crescente pelo esporte, as mulheres enfrentaram grande resistência e discriminação. O governo brasileiro chegou a proibir a prática de futebol feminino em 1941; através da criação do Conselho Nacional de Desportos, foi decretada uma lei (3199, art. 54) alegando que o esporte não era apropriado para mulheres. Já no ano de 1965, foi lançado outro decreto especificando a modalidade do futebol. Essa proibição durou até 1979, e não foi fácil fazer com que as mulheres fossem bem aceitas no esporte.
A década de 80 marcou o início de uma nova era para as mulheres no futebol brasileiro, com a formação de clubes e competições dedicadas exclusivamente ao público feminino. Em 1988, surgiu a primeira competição oficial para mulheres, a FIFA decidiu realizar um torneio experimental na China, nomeado Women’s Invitational Tournament. A seleção brasileira participou da competição e conseguiu o bronze na decisão por pênaltis.
Seleção brasileira de 1988 (Foto: Reprodução/Acervo Museu do Futebol/Suzana Cavalheiro)
Foi na década de 1990 que a seleção brasileira de futebol feminino realmente começou a brilhar no cenário internacional. Em 1991, o Brasil participou da primeira Copa FIFA, e em 1999, as jogadoras brasileiras mostraram seu talento ao alcançar a semifinal da Copa do Mundo Feminina da FIFA, onde foram derrotadas pela seleção dos Estados Unidos e conquistaram o bronze na disputa com a seleção da Noruega. Esse sucesso internacional chamou a atenção para o potencial das atletas brasileiras e ajudou a elevar o perfil do futebol feminino no país.
Comemoração do bronze da seleção brasileira feminina de futebol. (Foto: Reprodução/ Rosilane Motta)
Entrando nos anos 2000, a seleção brasileira continuou a se destacar em competições internacionais. Em 2003, surgiu uma das maiores jogadoras da história do Brasil, Marta Vieira da Silva, a atleta que mais esteve à frente da seleção e a jogadora entre as mulheres a ser múltiplas vezes premiada como a melhor jogadora do mundo. O Brasil conquistou ouro no Pan de Santo Domingo e duas medalhas nas Olimpíadas. A medalha de prata em Atenas 2004 e Pequim 2008 foram marcos importantes, mas a busca pelo topo não parou por aí. A persistência e o talento da equipe foram evidentes nos desafios contínuos enfrentados ao longo dos anos.
A seleção de prata de 2008 (Foto: Reprodução/Ivo Gonzales/Agência O Globo)
O cenário do futebol feminino no Brasil continua a evoluir. Mesmo com o esporte avançado globalmente, o Brasil ainda enfrenta desafios, como a falta de investimentos em mulheres e meninas que sonham em chegar à seleção brasileira. A recente conquista da medalha de prata em Paris 2024 é um reflexo do trabalho árduo e da dedicação de gerações de jogadoras e profissionais que ajudaram a construir a história do futebol feminino no país. Além de incentivar jovens meninas a lutarem pelos seus sonhos, assim como essa nova geração de medalhistas olímpicos.
Jogadoras da seleção brasileira feminina de futebol com a medalha de prata das Olimpíadas de Paris (Foto: Reprodução/Rafael Ribeiro/CBF)
O futebol feminino no Brasil começou como um sonho e superou inúmeras barreiras para conquistar a visibilidade e o respeito que merece hoje. Cada vitória e conquista reflete a força e a paixão das mulheres que lutaram incansavelmente para afirmar o futebol feminino como uma parte essencial do panorama desportivo nacional.
Num futuro próximo, em 2027, o Brasil alcançará um marco histórico ao sediar pela primeira vez a Copa do Mundo de Futebol Feminino. Este evento será uma oportunidade única para celebrar e apoiar nossas atletas, bem como para consolidar o crescimento do esporte no país. É essencial que continuemos a torcer e a incentivar nossas jogadoras em cada desafio, reconhecendo o valor e a dedicação que elas trazem para o campo. O Brasil é um país apaixonado por esportes, e é fundamental que continuemos a incentivar e apoiar todas as modalidades.
Escrito por: Sarah Carvalho.
Revisão: Milly Ricardo.