Personagens cativantes que roubaram a cena dos protagonistas

Existe uma tendência específica a qual eu detesto: a síndrome do ódio com protagonistas. Pessoalmente falando, um dos casos que me faz passar mais raiva é “Brilhante Victoria” (“Victorius”), estrelado por Victoria Justice. Victoria viveu a personagem Tori Vega na sitcom musical da Nicklodeon, entre 2010 e 2013.

Mas, nas redes socais, cerca de sessenta por cento dos comentários que eu já tive o desprazer de ler são enaltecendo as personagens Jade West e Cat Valentine, respectivamente interpretadas por Elizabeth Gillies e Ariana Grande, detonando a Tori em seguida.

Por um lado, as pessoas criticam protagonistas “perfeitas”, aquelas sem nenhum defeito ou erro. Mas, quando veem uma personagem humana, com erros, elas detestam — a menos que você seja Jade West, a personagem mais filha da mãe da série que todos fazem questão de enaltecer. Existe lógica para você? Porque, para mim, não existe não.

Em um certo episódio, Tori descobre que sua amiga Cat tem um novo namorado — namorado, este, que é seu ex. Em resumo: ela “talarica” a Cat. E isso é um dos principais fatores para que o público odeie a Tori. Entre outros motivos, estão a “falta de personalidade” da protagonista, o fato da voz dela ser a “pior” (leia-se menos potente) que das outras mulheres da série e, até mesmo, rumores sobre o passado adolescente da atriz — e se você for ler, vai ver que cada site alega uma coisa diferente da outra.

(Foto: Reprodução/Pinterest)

Acontece, minha querida leitora, que a Jade West é uma pilantra e Cat Valentine é um saco e extremamente chata, apesar de ser uma fofa e uma querida. Ainda que teorias apontem que o comportamento infantil da Cat tenha relação com traumas e abusos vividos pela personagem em questão, este assunto é para outra hora.

No final, Tori Vega é uma personagem humana. Ela erra. Canta muitíssimo bem. É talentosa. E é a protagonista — é óbvio que o brilho vai ser dela, e nenhuma das outras jamais tiraria isso. Mas, se você é hater de #ToriVega, eu sou sua hater também. Brincadeiras a parte, convenhamos que condenar a Tori e enaltecer a Jade, principalmente, com tantos comportamentos detestáveis, é a mesma coisa que passar pano para outras personagens tão piores quanto. E não, ela não é nem um pouco icônica como o público pensa.

Mas, existe ainda um outro caso: o caso em que o protagonista perde seu brilho porque, de fato, personagens secundárias ganharam um brilho próprio. E esse é o caso da nossa matéria. A seguir, confira três personagens que roubaram as cenas — e a culpa nem foi do fanservice.

  1. Blair Waldorf.

Neste blog, o nome dela não é desconhecido. Lembra que mencionamos personagens com atitudes detestáveis lá em cima? Pois é, é que essa aqui tem um amadurecimento interessante. E é unânime: todos passam pano para a diva do Upper East Side.

Desde o início da série “Gossip Girl” (2007 – 2012), ficou claro que a protagonista principal seria Serena Van der Woodsen (Blake Lively). Com o passar das temporadas, a personagem de Leighton Mester foi caindo nas graças do público — e parece que na dos roteiristas também.

Neste caso em específico, todas as personagens — femininas e masculinas — da série tinham atitudes detestáveis, o que as deixava páreo-a-páreo muitas vezes. Ainda que as duas personagens compartilhassem o protagonismo, é notório como Blair foi a principal enraizada nostalgicamente como ícone. Enquanto Serena, foi cada dia mais “esquecida no churrasco”.

  1. Maya Hart.

A lourinha de “Garota Conhece o Mundo” (“Girl Meets Word”) foi vivida por Sabrina Carpenter, voz de “Expresso”, entre 2014 e 2017. A série é uma continuação feita pela Disney de sua antecessora, “O Mundo é dos Jovens” (“Boy Meets World”). Pelo menos a tradução foi mais certeira desta vez!

Maya Hart era a melhor amiga de Riley Matthews (Rowan Blanchard), filha do protagonista original Cory Mathews (Ben Savage). Enquanto Riley era uma menina alegre, ingênua, dedicada e amada por — quase — todos, Maya era o oposto. Ela era divertida, audaciosa, corajosa e lutava com questões internas muito maiores do que Riley. Como, por exemplo, o abandono parental — e a Disney soube exatamente como abordar isso.

Maya é uma das minhas personagens prediletas da empresa Disney Channel, e teve um dos melhores ciclos de amadurecimento possível — apesar da palhaçada dos roteiristas de terem a feito “virar” sua melhor amiga por certo tempo.

Neste caso, Riley tinha personalidade — ela só era um pouco mimada, e uma garota desbravando o mundo ao seu redor, tentando escapar da superproteção paternal. O contrário de Maya, que era mais chamativa, eletrizante e tinha noção das malícias da vida. Apesar de um ou outro deslize de roteiro, as duas tiveram uma das amizades mais bonitas já produzidas em uma série infanto-juvenil, e eu super apoiaria uma terceira versão — agora, com os filhos delas.

  1. Stiles Stilinski

O único homem da lista merece uma menção honrosa porque, Scott, por mais que te amemos… ninguém brilha mais do que um nerd sarcástico que digite um jipe maneiro. O melhor amigo do protagonista de Teen Wolf (2011 – 2017) foi estrelado por Dylan O’Brien — fato curioso: parece que ele e nossa Ipanema Brina viveram um suposto affair há um tempinho atrás. Mas garanto que foi pura coincidência os dois estarem nesta lista!

O Scott era maneiro, não discordo disso. Mas Stiles Stilinski tinha um molho, amigas (e amigos). Sabe aquele meme do “desabafo do dia, meninas: que nerd gostoso”?! Pois é! Ai, como eu fico louquinha! Ele também é a único personagem que não preciso dissertar muito a respeito, porque, quem já viu, sabe que ele se explica por si só.

Mas o que esses personagens tem de tão diferente do caso citado lá em cima?

O caso de Tori Vega foi apenas um exemplo para mostrar que as pessoas gostam de pegar uma personagem e odiá-la. Protagonistas tendem a essa tendência porque conhecemos mais a fundo seus defeitos e personalidades, e não sei se já reparou, mas, muitas das vezes, quanto mais conhecemos os defeitos de uma pessoa, mais difícil de reconhecer suas qualidades se torna.

Protagonistas tem um tempo de tela maior. Esse tempo de tela pode influenciar na perspectiva que temos deles. Mas, claro, essa é só a minha teoria.

Escrito por: Ana Clara Reis

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