O pós-pandemia trouxe inúmeras preocupações. Uma das mais importantes foi a iminente mudança climática que vinha sendo um alerta em relatórios da Organização das Nações Unidas por décadas. Em julho de 2023, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que o planeta entrava em uma nova era da mudança climática. O aquecimento global que ficou conhecido por anos, se desenvolveu a tal ponto que passou a ser chamado de Ebulição Global, pelo secretário.
Não é de hoje que especialistas se questionam sobre as possíveis saídas ou tentativas de mitigar a evidente catástrofe ambiental. Um conceito que não é atual e que já foi executado em alguns países é o de “Cidades Verdes”. Mas afinal, o que seriam as cidades verdes e quais seus benefícios para o planeta e para o bem-estar da sociedade?

Para entender essa iniciativa é necessária uma revisão sobre desenvolvimento sustentável e seus pilares. A sustentabilidade que a ONU prega se baseia num equilíbrio entre: o ambientalmente correto, o socialmente justo e o economicamente viável. Isso significa que qualquer iniciativa desenvolvimentista dos países que a compõem deve respeitar esses pilares em sua criação.
Em razão dessa premissa, após décadas de cúpulas ambientais, em 2015, surgiram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que seriam uma promessa de agenda para 2030. Essa agenda conta com 17 objetivos que visam o desenvolvimento dos países, e de sua população através de políticas públicas ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis.
O foco das Cidades Verdes então, seria contribuir para esse desenvolvimento sustentável por ser um projeto que atende às diretrizes estabelecidas pela ONU e por ter se mostrado eficiente na mitigação da mudança climática das regiões onde foi introduzido. O objetivo 11 da ODS é: “tornar as cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”. A implementação das cidades verdes se encaixa com perfeição nessa categoria.
Uma cidade verde é realizada através de um planejamento urbano eficiente que visa a integração do assentamento urbano com a natureza ali existente. Se trata de coexistir. Seria como o mutualismo do reino animal: ambos são beneficiados, nenhum sai prejudicado.

O projeto urbanístico dessas cidades busca tornar os ambientes o mais naturais possíveis com uma arquitetura que busca diminuir o uso de energias e transportes poluentes. As áreas para pedestres e ciclistas são valorizadas, assim como áreas verdes ao longo do assentamento. A própria arquitetura das residências é pensada para garantir o bem estar do morador e da comunidade, uma vez que conta com projetos de climatização natural como os telhados verdes, por exemplo, e o uso de placas solares.
Tudo é pensado para garantir o bem estar como um todo. A coleta de lixo e seu descarte também são pensados para diminuir os impactos ambientais. Os aterros sanitários, as composteiras, e a reciclagem, são iniciativas imprescindíveis para o sucesso dessas cidades.
Alguns exemplos de cidades verdes ao redor do mundo são: Gotemburgo na Suécia; Oslo na Noruega; Glasgow na Escócia; Curitiba no Brasil; Singapura; e Portland nos Estados Unidos. Essas cidades têm em comum o aumento de ciclovias, uso de energia renovável, coleta seletiva e projetos de arborização e conscientização da população. A temperatura dessas regiões é notavelmente menor do que a de centros urbanos que não são pensados para se integrar com o meio ambiente. É possível notar que a chance de desastres ambientais em cidades sustentáveis é menor do que nos assentamentos não-sustentáveis.

Atualmente, as enchentes se tornaram catástrofes comuns em cidades que não têm o mínimo de planejamento urbano sustentável. Isso ocorre pela falta de drenagem urbana adequada, pela crescente ocupação de áreas fluviais, pelo descarte inadequado dos resíduos urbanos, e pela desestruturação como um todo, desde políticas públicas a políticas de prevenção de desastres.
As cidades verdes podem não ser a única solução para mitigar tais situações, mas se apresentam como a mais eficaz em suas propostas e resultados a longo e curto prazo.
Escrito por: Milena Rayana