O relógio marca a meia-noite, e como a primeira página de um novo livro, são, magicamente, 365 novas chances de mudar o mundo, ou talvez só as nossas próprias vidas. E, de repente, tudo parece ser possível, quando os fogos de artifício explodem no céu e enchem de cor a escuridão em que esbarram, novos capítulos se fazem possíveis.
É ali, quando as esperanças já parecem perdidas e, muitas vezes, as forças se esvaíram entre os dedos como a areia fina da praia, que as energias se renovam. E, em algum lugar entre o que foi e o que virá, ficamos nós, esperando o que o futuro nos reserva.
2024, como qualquer outro ano, foi uma mistura de altos e baixos, mas, no fim, as pequenas vitórias pessoais são as que mais nos marcam. Quem nunca olhou para o espelho e se perguntou: “Quem sou eu hoje?” E foi nessa pergunta, na resposta silenciosa que surge de dentro, que encontramos as forças para seguir.
Pessoalmente, o ano que está se encerrando se mostrou bastante sombrio, vivi dias de muita instabilidade, insegurança, incerteza… Sinto que por meses vivi uma constante de sinônimos para a mesma palavra, assim como as três que acabei de citar. Em alguns dias, sentia que elas tinham significados completamente opostos, sentia que se complementavam ao invés de remeterem a exata mesma coisa.
Entretanto, não posso dizer que só deles vivi. Tive sim momentos memoráveis, dias incríveis e felizes. Experimentei instantes que jamais terei a sorte novamente. Escrevi e reescrevi o roteiro da minha própria história mais vezes do que achei que era possível, ou saudável, e olhando para trás posso afirmar, estou bem, e foi sim, uma ótima escolha reescrever-me tantas vezes. Recomeçar não significa apagar o que passou, mas olhar para o amanhã com o coração mais leve, disposto a escrever novas histórias. Talvez a maior resolução seja aprender a ser gentil consigo mesma, a não cobrar perfeição, mas buscar a verdade em cada passo.

Vivendo um sonho para muitas de vocês, eu me peguei odiando os lugares em que estava, os momentos em que vivia, os dias em que acordava. Como era possível eu estar sem forçar de viver o meu próprio conto de fadas? Era isso! Cansaço. Como podia eu acordar feliz naquela manhã comum de março, se eu sabia que meus dias de folga não se encaixariam com os de mais ninguém, que o sentimento de solidão me tomaria sem pudor e a rotina parecia já não fazer sentido?
Em abril eu mudei, em maio eu me reinventei, em junho eu me reescrevi, em julho eu me impus, em agosto eu me permiti, em setembro eu me frustrei, em outubro eu me enchi de esperança, em novembro eu mudei mais uma vez e em dezembro, ah dezembro, em dezembro eu me apaixonei, como se fosse a primeira vez, por mim…
O que quero para 2025? Sonhar mais alto? Viver mais intensamente? Talvez seja hora de deixar os medos de lado e seguir em frente. Mas, acima de tudo, aprender que os sonhos não precisam ser gigantes para serem reais. Eles podem ser encontrados nas pequenas coisas: um café com uma amiga, um sorriso sincero, um dia de descanso merecido. Para esse novo livro que se abre, quero garantir que me permitirei sentir tudo que me privei em 2024, que brequei dentro de mim porque não era hora. Muito cedo pra isso, muito tarde para aquilo, muito nova para aquele outro, muito velha… Não! Não hoje, não desta vez.
Para este primeiro capítulo preciso me perdoar por muito que deixei de fazer, e ir em busca daquilo que ainda posso, e se já não mais puder, que eu abra novas oportunidades para novos sonhos, novas experiências, novas vivências… que eu me mantenha aberta para o novo. Entre os fogos, as promessas e as expectativas, o mais importante é lembrar que o novo ano não traz respostas mágicas, mas oportunidades para fazer melhor, para amar mais e para ser mais fiel a nós mesmas. Que 2025 seja, acima de tudo, o ano em que, finalmente, aprendamos a ser gentis com o que somos e o que queremos.

Espero voltar no próximo dezembro para ouvir de vocês que essa nova oportunidade trouxe a leveza, o carinho e a gentileza que o seu 2024 não pôde, e que 2026 mantenha o que já está funcionando e renove o que ainda precisa melhorar… Por aqui, eu torço que o meu 2025 traga o conforto de uma casa que eu tive apenas a amostra grátis, o reencontro de um colo antigo que tanto faz falta e o recomeço de uma vida que deixei para trás há dois anos e que estou ansiosa para reencontrar.
Sei sim que já não sou a mesma de quando saí, não sou a mesma nem mesmo de ontem, quem dirá de mais de 660 dias atrás, mas não vejo a hora de rever a Milly de 2023 e apresentar a ela a versão de 2025 que está finalmente pronta para começar.
E a você, querida leitora da Julietta, eu desejo apenas o melhor, e que toda essa reflexão tenha tocado onde precisava por aí. Sinta o meu abraço e carinho, e sinta-se à vontade para comentar o que espera para o próximo ano. Quem sabe ambas não revivamos este texto e comentários no próximo dezembro e poderemos respirar aliviadas por termos cumprido o que nos comprometemos aqui, hoje, juntas.
Um feliz 2025!
Escrito por: Milly Ricardo.