Quando pensamos em personagens femininas de destaque na ficção científica, nomes como Leia Organa de “Star Wars”, Sarah Connor de “O Exterminador do Futuro”, e Ellen Ripley de “Alien, o Oitavo Passageiro” vêm imediatamente à mente. Desde o início do audiovisual, as personagens femininas foram frequentemente retratadas pelos estereótipos de “donzela em perigo” ou “sexo frágil”.
São poucas as produções da época que criaram figuras realmente interessantes e cativantes para o público, que fossem também relevantes para a trama. No entanto, até mesmo essas personagens emblemáticas, hoje ícones da cultura pop e nerd, surgiram apenas tempos depois.
Jornada nas Estrelas: Pioneirismo e Inclusão

“Jornada nas Estrelas” é uma série de televisão norte-americana de ficção científica criada por Gene Roddenberry. A obra foi produzida pela Desilu Productions, e mais tarde pela Paramount Television. Exibida pela NBC de 8 de setembro de 1966 até 3 de junho de 1969, a série se destaca como uma ópera espacial, um subgênero da ficção científica, que narra as aventuras da tripulação da nave USS Enterprise, viajando pelo espaço e, ocasionalmente, pelo tempo.
Com uma tripulação de 5.680 a bordo, a nave opera com diversos tripulantes, sejam humanos, androides ou alienígenas, explorando planetas, civilizações, povos alienígenas e tratando de questões políticas, sociais e tecnológicas inovadoras do universo.
A franquia conta atualmente com 13 filmes, além de 10 séries e spin-offs, jogos, livros, quadrinhos e brinquedos. “Jornada nas Estrelas” possui uma legião de fãs de todas as idades e gêneros, que se reúnem em grandes convenções e encontros para compartilhar e dividir a paixão pela série.

Capitã, Tenente e Cadete: Quebrando Barreiras
Algumas das personagens mais famosas da série clássica são exemplos marcantes de como “Jornada nas Estrelas” desafiou e quebrou estereótipos. A Tenente Nyota Uhura, interpretada por Nichelle Nichols, se tornou um símbolo de luta contra os estereótipos femininos e raciais.
Nichelle Nichols, que faleceu aos 89 anos de causas naturais em 30 de julho de 2022, em Silver City, Novo México, EUA, recebeu homenagens dos fãs, jornais, outras plataformas de mídia e até mesmo da NASA. A Celeste Inc., empresa focada em memoriais e enterros espaciais, anunciou na época que as cinzas da atriz seriam lançadas ao espaço.


Majel Barrett-Roddenberry é lembrada por seu papel como enfermeira Christine Chapel na série clássica de “Star Trek”, como Lwaxana Troi em “Star Trek: The Next Generation” e “Star Trek: Deep Space Nine”, bem como a voz do computador de várias naves da franquia. Ela também interpretou Una Chin-Riley, comumente conhecida apenas como Número Um, a segunda em comando de Christopher Pike durante sua capitania da nave Enterprise. A atriz faleceu em 18 de dezembro de 2008, Bel Air, Los Angeles, Califórnia, EUA.
Essas personagens não apenas desafiaram as normas sociais da época, mas também abriram caminho para futuras representações femininas na ficção científica. Elas são lembradas por suas contribuições não só para a série, mas para a cultura popular como um todo.

A evolução das personagens femininas na ficção científica reflete uma mudança gradual e contínua na percepção do papel da mulher na sociedade. De donzelas em perigo a líderes corajosas, essas personagens inspiram e representam a luta por igualdade e reconhecimento. A ficção científica, com seu cenário expansivo e inovador, serve como um excelente palco para explorar e desafiar os papéis tradicionais de gênero, promovendo uma visão mais inclusiva e diversificada para o futuro.
Escrito por: Anna Julia Ponciano