Quem nunca ouviu falar de Mia Thermopolis que atire a primeira coroa. Se você cresceu assistindo O Diário da Princesa 1 e 2, fique sabendo que essa história é bem mais longa do que a sessão da tarde te fez crer, e que a mente por trás de tudo isso é ninguém menos que: Meg Cabot. A americana tem mais de 80 livros publicados dos quais a série “O Diário da Princesa” se tornou a mais famosa.
A saga conta com onze volumes: O diário da princesa, A princesa sob os refletores, A princesa apaixonada, A princesa à espera, A princesa de rosa shocking, A princesa em treinamento, A princesa na balada, A princesa no limite, Princesa Mia, Princesa para sempre e O casamento da princesa.
Muito se falou nos anos 2000 sobre Mia e seu trono prometido em Genovia, mas o que poucos leitores sabem, é que Meg escreveu uma outra personagem na mesma época. Essa, não se tratava de uma adolescente da realeza, mas uma que tem que lidar com os fantasmas da vida.
Literalmente. Quando “A mediadora” foi lançado, Meg utilizou de seu pseudônimo: Jenny Carroll, e acredito que essa seja uma das razões para que os leitores raramente saibam que ela é a autora desse romance fantasmagórico. Foi depois dos primeiros quatro volumes, que ela passou a usar seu nome real nas publicações.

A mediadora teve 6 livros publicados: “A terra das sombras”, “O arcano nove”, “Reunião”, “A hora mais sombria”, “Assombrado” e “Crepúsculo”. Apesar dos títulos misteriosos, e os diversos fantasmas que nos são apresentados no decorrer da narrativa, não se trata de uma história assustadora. Na verdade, as obras fugiam um pouco dos best sellers da época. Vale lembrar que histórias de romance sobrenaturais só ficariam famosas alguns anos mais tarde com a ascensão dos vampiros “adolescentes”.
Meg nos introduz a personagem principal como a típica garota nova na cidade pequena: descolada, sarcástica e pouco interessada nos segredos que a pequena cidade californiana e sua escola católica tem a oferecer. Suzannah, ou Suze, para os mais íntimos, não poderia imaginar que os três novos irmãos que o novo casamento de sua mãe trouxe, e a mudança, não seriam os seus maiores problemas.
Logo de cara notamos que a personagem demonstra uma aversão incomum a casas antigas e fica mais desconfortável ainda, ao descobrir que a nova casa já foi palco de tiroteios na época do “faroeste”. Não demora muito para que Suze encontre o problema de fato nessa nova vida: um fantasma bem acomodado em seu quarto. Sim, ela pode ver fantasmas.
Suzannah é uma das poucas pessoas com o dom (para ela é mais um infortúnio) da mediação. Ela percebeu desde cedo suas habilidades, uma vez que vê o fantasma do pai desde o fatídico dia de sua morte. E é claro, não estava preparada para conviver com um no próprio quarto. O que Suze não sabe, é que a pequena cidade na Califórnia lhe reserva um combo de aparições não tão educadas quanto a do seu quarto.


Apesar de saber que é uma mediadora, ou seja, nas horas vagas (e até nas não-vagas) sua lição de casa inclui guiar almas penadas com problemas mal resolvidos na terra, para o além, Suze não conhece o verdadeiro potencial de um mediador. A cada livro, a garota se aproxima cada vez mais dos verdadeiros poderes que possui, e descobre que tem bem mais em seu trabalho “voluntário” de ajudar os mortos a fazer a travessia, do que poderia sonhar.
Anos após a publicação de “Crepúsculo” em 2004, Meg lançaria o último livro: lembrança, em 2016. E a história de Suze finalmente teve o final esperado pelos leitores. Cabot consegue trazer todo seu talento para essa sua faceta mais sombria e constroi uma heroína bem mais humana que os livros adolescentes da época eram capazes de criar.
A mediadora traz o elemento da identificação da leitora para com Suze. Ela é uma adolescente como qualquer outra, sua única desvantagem em relação às outras, é claro, seria acordar uma bela manhã de verão com um fantasma gritando em seu quarto.
Escrito por: Milena Rayana