#JuliettaEntrevista: Ruth Marceline, autora de romances recheados de suspense, experiências reais e camadas profundas

Embarque no mundo criativo, original e único de Ruth, que vive o encanto que a escrita lhe permite

Se Ruth Marceline pudesse trabalhar com uma personagem feminina por uma semana, sua escolha seria Dagny Taggart de “A Revolta de Atlas”. Segundo Ruth, além do empoderamento da personagem para a época de sua construção, ela foi feita para ser uma chefe, uma pessoa incisiva e que sabe reconhecer os talentos ao seu redor.

Talvez, um dos principais pontos que tornam Ruth uma mulher interessante seja o fato de que seu pseudônimo veio de uma de suas próprias personagens. “Geralmente, o que ocorre é o contrário. Você dá o nome para a personagem, e no meu caso, foi o contrário. Eu já tinha criado a personagem, olhei para o nome e pensei ‘que bonito, vou pegar para mim”, explicou a autora. Isso ocorreu em relação ao nome “Ruth”, já “Marceline”, era a pronúncia errada que as pessoas cometiam de seu nickname na internet. Como uma pessoa de nome composto, preciso admitir: achei a diva muito criativa.

Ruth percebeu em certo momento de sua vida que era boa em contar histórias ── só precisava descobrir de que maneira contá-las. De início, ela pensou em jogos e games, mas teria que aprender a programar para isso. Para criar um livro, o processo parecia mais fácil. Mas foi durante a pandemia que ela enxergou nas histórias um escape.

Eu sempre busco colocar um pouco de mim nas personagens, mas alguns acabam refletindo um pouco mais alguns ideais que eu tenho. […] Mas na essência, no lado humano, acho que a que eu mais me identifico seja a Criss”, afirmou. Para mais, ela acrescentou que enxerga a etapa da escrita de um livro muito terapêutica, e é um dos fatores que a motiva a continuar fazendo isso. Uma fofa, né? Preciso acrescentar que, desde o primeiro contato da Julietta, Ruth foi extremamente acessível, amável e gentil ── e essa é mais uma razão para você dar uma chance às suas histórias.

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Ruth confessou que, entre escrever para o público e para si mesma, costuma estar mais inserida na segunda opção. “Claro que, com o público, tem a parte das críticas e das sugestões que, para mim, são sempre bem vindas. Eu gosto de ler e de tentar melhorar. Mas eu vejo muito mais essa parte de escrever para o público como escrever algo comercial. O que está dando certo e várias pessoas estão tentando seguir. E nesse sentido, eu prefiro escrever o que dá vontade”, revelou.

A Julietta perguntou para a autora de 25 anos o que ela gostaria de dizer para sua versão de dez anos atrás. “Eu me sentiria tentada a me dar o spoiler de que eu viria a me descobrir trans. Coisa que só veio acontecer com 20 anos. […] Mas, talvez, isso pudesse mudar uma série de eventos. Eu não seria quem eu sou agora, então, eu não falaria nada”, confessou. Para sua versão daqui a dez anos, ela afirmou que sentiria vontade de perguntar coisas, mas que, talvez, não queira saber de coisas que irão influenciar sua jornada. No final das contas, ela está feliz em respeitar seu tempo, sua jornada e viver da melhor forma possível o seu presente. Tenho certeza de que ele é lindo.

O amor pela escrita e por meio da escrita

Para a baiana, o amor bateu na sua porta duas vezes: uma pela escrita e outra em seu namoro. Atualmente, Ruth se encontra em um relacionamento com Vanessa Freitas ── também conhecida como Vanessa dos Anjos.

Quanto à escrita, a autora alega que desde que começou a escrever, parece que todos os pontos de sua vida se atrelaram ao seu trabalho, o qual ela menciona com tanto carinho. “Por mais que eu tente falar da minha vida além da escrita, tudo parece voltar para esse ponto”, afirmou. “Por exemplo, a coisa que mais tem me proporcionado felicidade no momento é o meu namoro, que só foi possível graças à escrita. Porque ela [Vanessa] também é escritora e a gente se conheceu por meio dos nossos perfis profissionais. É uma coisa incrível, é maravilhoso poder estar com alguém que pensa da mesma forma que você, que gosta desse ponto em comum; que é não é só uma profissão, mas algo que molda completamente sua forma de pensar. É incrível poder amar alguém que tem os mesmos planos que você. A gente se ajuda mutuamente”, completou Ruth.

A trajetória e a carreira, os livros e muito mais

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

A coisa que eu mais me orgulho em toda essa trajetória é todo o conjunto de adversidades que eu fui capaz de vencer e que moldaram quem eu sou hoje e o que eu escrevo. Porque diferente de outras escritoras, eu não escrevo o que eu gostaria de viver, mas sobre o que eu vivi. E principalmente sobre o que foi difícil ter passado, sobre o que eu aprendi e a mensagem que eu quero passar a partir disso”, expressou com carinho.

Em “O Propósito das Sombras”, uma história dividida em duas partes, Ruth explora comportamentos duvidosos e inquietos por meio de uma trama convidativa e extremamente original. Para escrever seus romances cheios de suspense, ela costuma se inspirar em músicas e animes. Em sua visão, músicas têm o poder de transmitir mensagens profundas em poucas palavras de forma fluida, assim como tenta reproduzir em suas histórias.Para finalizar, ela compartilhou que sempre pensou na adaptação de suas obras como uma animação ── diferente, único e intrigante, eu diria. Mal posso esperar para que esse sonho se torne realidade um dia.

Escrito por: Ana Clara Reis.

Revisado por: Milly Ricardo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *