#JuliettaEntrevista: Francine Maia, autora de “romantasias”

Com a voz mais doce do mundo, Francine Maia nos diz que com certeza trabalharia por uma semana com Katniss Everdeen de Jogos Vorazes. “Eu achava ela extremamente estilosa e eu gostava muito da personalidade dela no livro, claro, que ao mesmo tempo que era ligeiramente passiva agressiva, ela sempre tomava frente.” E isso já diz muito da personalidade de Fran, em suas histórias com enredos inimagináveis que ela os torna possíveis, desde um arqueiro divino, a um vampiro imortal. 

A escrita sempre esteve presente na vida de Fran, mas para seguir esse sonho de ser autora, tem motivações por trás. “Não foi o dinheiro. Olha, eu sempre gostei muito de escrever. Na primeira semana de 2020, eu estava isolada, estava morando sozinha e a minha família em outro país. Então, estava muito deprimida e comecei a ler livros no Wattpad. Eu me interessava, eu tinha uma ideia e eu pensei, ‘vou começar a escrever para o Wattpad, porque aqui eu estou vendo que as pessoas não julgam muito’. Eu consigo aprender um pouquinho como é você interagir com o público, então assim, o que me motivou mesmo foi o fato de que eu precisava distrair a cabeça para não ficar maluca.”  Ai a pandemia… momento no qual todos nós surtamos igualmente ao termos as vidas (provavelmente) viradas de cabeça pra baixo. E com a Francine não foi diferente! Ela foi para Lisboa cursar Letras, não gostou do curso e largou faculdade. No entanto, decidiu ficar por lá e ser nada mais, nada menos que programadora, sim, você leu certo! E com o isolamento, decidiu firmar a vontade de ser autora. “Como os meus pais nunca quiseram isso pra mim, foi o que eu sempre deixei apagado. Então, é muito mal falar: ‘Precisou acontecer uma pandemia.’ Não precisava, né? Mas se não tivesse acontecido a pandemia, eu não teria voltado pra esse caminho.” desabafou a escritora.

Como uma boa garota na sua adolescência, Fran amava Stephanie Meyer e a Saga Crepúsculo, além de ter sido obcecada pelo Robert Pattinson (suspiros eternos!). “É engraçado porque quando você lê Crepúsculo quando criança, você pensa: ‘ai meu deus que romântico, ele observando ela enquanto ela dorme’ quando você relê adulto você fica tipo: ‘what a fucking weird’, mas ainda assim, por acaso, eu aprendi na universidade inclusive que Crepúsculo foi o pioneiro do gênero do young adult de fantasia. Na época o gênero era muito focado em produtos sobre crianças e foi realmente esse livro que deu o estalo que foi necessário para que outros pudessem ter mais holofotes. Então, apesar da escritora ser maluca, eu aprecio o livro e sou grata pelo que ela fez.”  E juntando essa inspiração com Ricky Riordan com a Saga Percy Jackson, ela tenta juntar “aquele jeito engraçadinho do Ricky”. 

E aqui vai a sinopse de “Eros: O Deus que me Amou”, um gostinho desse mundo fantástico da Francine. Cupido, o arqueiro divino, encontrou-se irresistivelmente atraído por Psique, uma mortal cuja beleza desafiava os limites da existência. Essa união proibida provocou a fúria e o ciúme de Afrodite, a deusa da beleza, que lançou uma maldição cruel, condenando-os a se separarem ao longo de cem vidas. Através dos séculos, eles se encontram em diversas reencarnações, por diferentes lugares do mundo, narrando seus sentimentos, memórias e seus desafios, e aprendendo juntos sobre o significado de amar em meio ao eterno. Mas, será que o destino, os perigos que espreitam nas sombras e as improbabilidades da vida e da morte deixarão que os amantes eternos vençam essa maldição? Ou eles estão predestinados a vagar por toda a eternidade, perseguindo um ao outro em vão? 

(Foto: Reprodução/Francine Maia/@francinermaia no Instagram)

E que sabor esse gosto, né?! Ao ser questionada sobre o porquê as pessoas deveriam ler as suas histórias, Francine disse: “Eu acho que é porque os meus livros, apesar de eles serem perfeitos, têm muito a melhorar. Eles tentam passar uma mensagem muito positiva, sobre, ao mesmo tempo que eu tento pegar temas que são delicados e abordar eles de uma forma do tipo, ‘olha, eles existem’, eu não tento deixar isso de uma forma muito explícita, mas um pouquinho, não com tanta leveza ao ponto de banalizar aquilo, mas pelo menos de fazer as pessoas pensarem. Eu também gosto de falar sobre amizade, romance, fantasia. Acho que me traz um pouquinho do que era ser mais nova e precisar fugir para um mundo que não fosse o meu e se sentir confortável. As pessoas deveriam ler porque eles trazem conforto.”  E já que estamos falando de suas obras, a personagem que mais tem a ver com ela é a Eva de “Guardião dos Mortos”, porque “Inicialmente a primeira versão era tudo que eu queria ser, e depois a segunda versão era tudo que eu aprendi a gostar sobre mim, e eu pensei… ‘Por que não, né?’ Porque a gente não pode ser corajoso de se colocar no livro e ver se outras pessoas também vão gostar?” completou Fran.

Infelizmente, como todas as mulheres em suas profissões existem suas dificuldades com a desigualdade de gênero, e na escrita não é diferente, Fran falou um pouco disso também. “Toda vez que, inclusive, alguém vai falar, ‘Ah, e um livro escrito sobre um homem’ ele jogado lá em cima, porque a escrita é perfeita, delineada. Quando você fala que é um livro escrito por uma mulher, é engraçado, mas as pessoas sempre fazem aquilo de, às vezes, fazer uma piadinha de ‘Ah, eu não gosto desse tipo de livro’, porque automaticamente eles já reduzem que deve ser uma comédia, que não teria problema nenhum se fosse uma comédia romântica, é claro, mas eu sempre sinto que as pessoas colocam que quando é um livro escrito por uma mulher, é algo bobinho e tontinho e por um homem é incrível.”  E mesmo assim, a autora diz: “Na vida, todos nós encontramos algo que você pensa ‘eu faria isso mesmo que eu não fosse paga’ e foi isso que eu senti com a escrita.”

O ponto principal pra Francine Maia continuar fazendo o que faz “são os meus leitores, porque eu acho que isso é quase de todo autor, eles são muito queridos, eles são receptivos. Eles são empáticos, eles criticam, mas o que é necessário? Eu acho que as críticas são super importantes para o nosso crescimento.” E também, como ela mesma disse, agora tem contrato e não pode andar pra trás… hahaha é uma escritora mesmo! 

“Eu quero ver os meus livros virarem filmes e estar autografando. Eu acho que eu quero chegar a um ponto em que eu só estou distribuindo livros, você não tem que mais me pagar.”  Um sonho como autora que com seu jeito amável e com um humor próprio, a Francine nos transborda de esperança em seus livros e acreditamos que sonhar na vida real, ter esperanças, pode não ser tão ruim assim.

Escrito por: Jullia Vieira

6 thoughts on “#JuliettaEntrevista: Francine Maia, autora de “romantasias”

  1. Obrigada de coração pela oportunidade! As meninas foram uns amores, são extremamente talentosas e sou muito grata pela oportunidade!

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