Existem muitos meios de se declarar artista. Cristina Bomfim consegue atingir o mundo com dois deles: por meio de seus desenhos e ilustrações encantadoras e por meio de sua escrita envolvente e que aquece corações. Tenho a impressão de que Cristina se destaca no mercado editorial por, exatamente, não trazer mais do mesmo. E a fantasia abre meio que esse leque. Talvez seja por sua inclinação para o mundo fantástico que faz todo sentido do mundo ela escolher Ophélie, de “Os noivos do inverno”, de Christelle Dabos, para trabalhar por uma semana. “Eu gosto muito dos poderes dela. […] Olhando para tudo em que ela se enfiou, eu ia gostar de aconselhá-la para não se enfiar em tanta [besteira]. Eu ia ser aquela melhor amiga que fica do ladinho ajudando a protagonista, sabe?”, explicou a autora, que começou a escrever desde novinha, seja por meio de histórias nos cadernos ou desenhos em quadrinhos. Comunicadora Social, ela seguiu na parte de audiovisual durante a faculdade, apaixonada por escrever roteiros. Mas foi seu marido que a incentivou a escrever como profissão de fato.
“O que me mantém na profissão, sendo bem sincera, é porque é o que eu sei fazer”, brincou Cristina, que é autora de “A Sereia Sem Dons”. “Hoje eu escrevo visando o máximo que eu posso alcançar, não só que pague minhas contas, mas que realize sonhos como viagens, ajudar minha família e outras coisas. […] Então eu [também] acho que o ápice de todo escritor é ter aquela fila de leitores na Bienal do livro, é você estar próximo do seu leitor. Acho que a parte mais legal de você ser escritor é estar próximo dos seus leitores. E para quem lê livros nacionais, você chega [com mais facilidade] perto dos seus autores favoritos. E um dos meus sonhos é nunca perder essa proximidade, nunca perder essa paixão dos leitores, [permanecer] escrevendo o que eles gostam, para que eles continuem amando o que eu já faço”, acrescentou. Cristina acredita que, ao escrever uma personagem, os autores conseguem se tratar de questões pessoais. E sua maior identificação com suas personagens é, com certeza, com a Maila, de “A Guardiã de Pedras”.
Durante a entrevista, ela ressaltou as diferenças entre ler uma fantasia juvenil de uma fantasia adulta; esta, por sua vez, se torna um achado gostoso. Autoras como Cristina são um escape, muitas vezes, para aqueles que, de certa forma, deixaram de acreditar na magia que pode estar presente em nosso dia a dia. Por isso, ela é a nossa super indicação do momento aqui na Julietta!
Apesar de já ter lançado um conto antes, “A Sereia Sem Dons”, seu primeiro livro, conquistou um lugar em grandes livrarias do Brasil. Felizmente, a história pegou o “bum” do TikTok, em 2021, em que ela alega “ter um algoritmo maravilhoso”. Ela, que não tinha nem dez mil seguidores no Instagram, deslanchou na “rede vizinha”, e “Graças a Deus deu certo. Foi meio que divino. Para algumas pessoas demora mais [todo esse processo de publicação], e eu admito que o meu foi bem rápido. Então, acho que foi uma mistura de força divina com meu esforço”, afirmou.
Atualmente, apesar de também ser ilustradora, o que realmente paga suas contas são seus livros e algumas publicidades. “Hoje eu tento fazer conteúdos que não tomam muito tempo. […] Vídeos que me aproximem do público”, compartilhou Cristina, que alegou gostar de conteúdos que aproveitem e otimizem seu tempo. “Eu até gostaria de fazer algo mais [elaborado], mas hoje eu realmente não tenho tempo”, explicou.
Para finalizar a entrevista, ela admitiu que já tem um “cast dos sonhos” para “A Sereia Sem Dons” caso sua obra virasse uma produção audiovisual. Ela gostaria que fosse uma produção nacional, incluindo nomes como Clara Moneke e Chay Suede no elenco.
Escrito por: Ana Clara Reis e Jullia Vieira.
