Yasmin Carvalho (mais conhecida como Flower Rye) é estudante de Letras, mineira, nascida em 2002 e autora independente. Caso tenha tido curiosidade com a escolha do nome artístico da autora, fique tranquila, pois aqui também ficamos do mesmo modo. “Escolhi Flower por conta do meu nome Yasmin que vem de uma flor”, relata a jovem, além de afirmar que o contexto religioso de sua família a motivou a empregar esse novo nome.
Como toda boa leitora, Flower teve contato com a literatura por meio das fanfics. “Chegou um momento que foi surgindo a vontade de fazer histórias pois passei a ter muitas ideias e elas passaram a me consumir”. A profissional chegou a escrever algumas fanfics mas não levou para frente. Entretanto, esse cenário foi diferente no processo de escrita de “Maré Solitária”. Abordando temáticas mais sensíveis como depressão, a autora compartilha que o livro foi uma forma de externar tudo o que sentia. “Foi quando decidi que escrever poderia ser não só um trabalho pra mim, mas também uma espécie de terapia”.
A respeito de uma personagem que trabalharia por uma semana, Flower cita Athena Rathbone, de “A Ruína de Hades”. “Nunca fiquei tão obcecada por um livro igual a esse. Quando li esse livro, estava no meio do processo de escrita de Maré Solitária e não estava satisfeita com o rascunho.”, pontua. Desse modo, a escritora conta que durante a leitura da obra de Ahri Pinheiro, ela teve um insight do que poderia melhorar em seu livro.
Quem já leu a entrevista da Ahri Pinheiro sabe que a Flower é muito fã da amiga, e é lindo ver que essa admiração é mútua! A respeito de autores que a motivaram a escrever, Flower brinca que será repetitiva ao citar o nome dela. “Ela escreve com paixão e entrega tudo de si nos seus livros. Conheci primeiro a Ariadne escritora e depois o ser humano. Dessa forma, ela se tornou ainda mais uma inspiração para mim como escritora”, conta a jovem com mais detalhes.
Acerca do processo de escrita de seu primeiro livro, a autora compartilha que “Maré Solitária” foi o livro mais difícil de sua carreira e sente que não haverá outro que possa superá-lo nesse aspecto. Assim, Flower trouxe para a narrativa alguns cenários no quais as suas dores são semelhantes às dos personagens, mesmo que vividas em contextos diferentes. Além disso, a autora conta que usa a literatura como uma forma de realizar críticas sociais e gerar conscientização.

A estudante de Letras brinca que as ideias de seus livros surgem das formas mais bizarras possíveis. “As vezes ouço uma música me traz um sentimento e quero escrever algo sobre essa sensação.” Flower adianta que a ideia de seu próximo lançamento veio por meio de uma conversa com Ariadne. “Ela entregou um plot no meu colo e disse: preciso que você escreva sobre isso”, relata. A autora também conta da relação com escritoras como Ana Luiza Marriel e Luiza Devereaux e outros futuros projetos (que ainda estão no campo da imaginação). Em dezembro do ano passado, as três autoras se juntaram a Brenda Gomes e Ahri Pinheiro para lançarem noveletas natalinas inspiradas em filmes dos anos 2000. Quem aí também já vai correr para a Amazon para garantir?
Por ter ideias de várias fontes, Flower compartilha que se inspirou no Bucky Barnes para escrever “Raio de Sol”. “Um dia, a Ana Lu postou nos stories que queria ler um livro sobre o Bucky Barnes e eu pensei: vou escrever.”, pontua. A autora também brinca que não planeja muito a sua escrita, uma vez que as ideias vão surgindo conforme os capítulos vão se destrinchando. Dessa forma, Flower descobre o desenvolvimento da história junto com o leitor.
Por ser muito eclética, a mineira compartilha que as playlists das suas histórias variam de acordo com a ambientação. Para ela, “End of Beginning”, do Joe Keery define com maestria o Flowerverso (universo de seus livros). “Meus personagens se identificam com essa música uma vez que eles dão adeus ao começo no momento em que ae despedem de algo que achavam que estava definido“.

Para ela, a maior mudança que gostaria que houvesse no cenário editorial brasileiro é um ambiente mais inclusivo que gerasse maior visibilidade para autores independentes. “O Brasil tem tanto para contar e as editoras não olham para isso”, pontua sobre a falta de investimento por parte da publicação tradicional. “Espero que esse projeto de vocês seja um passo para que as escritoras consigam mais visibilidade e oportunidade”, pontua a autora sobre o projeto da Julietta ser uma resposta a essa conjuntura.
Acerca da sua motivação para escrever, Flower compartilha que o apoio de seus leitores é essencial para a sua jornada. “É uma relação que me ajuda muito porque (as mensagens) vêm quando eu menos espero e mais preciso de incentivo para continuar.”, relata. Em apenas 1 ano de carreira, a escritora será ousada em seus próximos lançamentos uma vez que estes caminharão para um lado mais sombrio da sociedade (com uma pitada de crítica).
”Diria que estou mais madura e estável para desenvolver assuntos sensíveis e trazer críticas pertinentes de uma forma mais profunda do que quando comecei”. Com um carisma que inspira, a entrevista foi muito leve e a Julietta celebrou cada conquista da autora.
Escrito por: Maria Eduarda Rocha