Países como o Brasil, dotados de vastas regiões que têm o turismo como forma principal de capital de giro econômico, sofreram com os crescentes impactos ambientais que surgiram ao longo dos anos. A necessidade fez nascer uma nova modalidade dessa atividade.

O “ecoturismo” seria uma maneira de continuar gerando lucro com as atividades turísticas, mas associando o lucro com a conscientização ambiental. Essa foi a saída mais balanceada que os setores governamentais responsáveis por esse ramo da economia, arquitetaram. Mas será que esse “acordo” com o ambiente surtiu apenas efeitos positivos?

Nem só de sucesso se vive a indústria sustentável. É essa realidade que será explorada nesse texto. E quando falo dessa dualidade, composto por efeitos positivos e efeitos negativos, falo de como é importante que todo um panorama seja visualizado pelo leitor. Não se trata de criticar o ecoturismo, mas sim esclarecer que não é uma solução única e milagrosa. Que os impactos ambientais são causados por pequenas ações individuais que, juntas, se transformam numa bola de neve.

No Brasil, o órgão responsável por essa indústria e seus incentivos é o Ministério do Turismo. E para além de suas atividades nacionais, o ministério fundou a Embratur, a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo, que é responsável por fomentar internacionalmente a visita de um público ainda maior para esses destinos turísticos. 

(Foto: Reprodução/Internet)

Segundo esses segmentos do governo, o ecoturismo seria uma forma de utilizar o patrimônio natural do país de maneira sustentável na atividade do turismo, para gerar lucro, empregos e conscientização. Esses objetivos, porém, não levaram em conta a fragilidade de muitos ecossistemas e como apesar da intenção ser positiva, a longo prazo, mesmo que com a intenção de preservar a biodiversidade local, essas atividades poderiam gerar tantos impactos quanto os que o turismo anterior gerou.

Os impactos de que falo aqui, são tanto de caráter positivos, quanto negativos. Os positivos, já bem conhecidos, são: a geração de empregos para a população que reside na área a ser explorada, a conscientização sobre a poluição dessas regiões, e a preservação do ecossistema. Os negativos, no entanto, começaram a surgir após anos de atividades ecoturísticas e têm se mostrado uma verdadeira preocupação para ambientalistas. 

Quando imaginamos os impactos negativos, é comum pensar em algo facilmente visível, mas nem todos o são. Os cenários mais comuns dessas situações, são destinos tão comuns no dia a dia da população, principalmente as que vivem em capitais, que nem se nota. As praias brasileiras são conhecidas por sua aparência paradisíaca e são as áreas mais utilizadas.

O uso desses espaços para essa atividade tem seguido apenas os objetivos econômicos, uma vez que em sua grande parte têm sofrido com a retirada da vegetação costeira e o alargamento das faixas de areia. Para além dessa catástrofe, há a construção de resorts ou restaurantes que descartam seus efluentes diretamente nos mares sem nenhum tratamento.

(Foto: Reprodução/Internet)

Outro exemplo se passa em regiões que são habitats específicos de determinadas espécies que estão, ou correm risco de extinção. O impacto negativo reside no contato dos turistas com o ecossistema em questão, sem restrições. Apesar da conscientização ambiental proporcionada, nada impede que esse contato, mesmo que mínimo, possa afetar a fauna local. Aos poucos, o número de espécies endêmicas das regiões exploradas, ainda que com projetos sustentáveis ativos, diminui cada vez mais.

Outro problema se escancara quando observamos que por mais que a geração de renda aumente nas áreas de ecoturismo, a população que ali reside, trabalha, mas não recebe nem metade dos lucros gerados nessas regiões. Os verdadeiros donos dos empreendimentos nem mesmo residem nesses locais. O preço das moradias e terrenos nessas áreas cresce todos os anos, junto com a exploração da mão de obra local. Logo, a justificativa de que a renda circularia de maneira mais uniforme e igualitária, não se concretiza de fato.

Como dito anteriormente, existem impactos positivos e negativos do ecoturismo, assim como qualquer outra atividade, a questão aqui seria reforçar que apenas criar projetos sustentáveis não é o suficiente. É necessária a fiscalização desses empreendimentos e constante análise desses ecossistemas explorados para esses fins. 

Escrito por: Milena Rayana

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